A rede Ethereum foi atualizada; quais são os prós e contras da bifurcação London?
Nesta quinta-feira (5), um pacote de atualizações foi implementado na rede blockchain da Ethereum como parte da bifurcação drástica (ou “hard fork”) London — exatamente às 9h33 (horário de Brasília) no bloco de número 12.965.000.
“Hard fork” é um jargão do setor de software para uma atualização reversa e incompatível, ou seja, após a ativação da London, se você quiser se manter conectado à rede Ethereum, precisará baixar London.
A ativação desta quinta-feira é a culminação de meses de trabalho e, às vezes, de drama — principalmente por ser um dentre cinco Protocolos de Melhoria à Ethereum (EIPs), chamado de EIP-1559, que apresenta a atualização London.
Este ano, a proposta de atualização gerou controvérsias de alguns pools de mineração, pois argumentaram que a EIP-1559 iria reduzir sua receita de forma injusta.
O que é a EIP-1559?
London é o termo guarda-chuva para a atualização desta quinta-feira, que inclui quatro EIPs no total. A Ethereum Foundation forneceu detalhes sobre toda a atualização.
Resumindo, o principal objetivo da London é melhorar a qualidade de vida dos usuários da Ethereum. Embora London não vá baratear o custo de uso da Ethereum, visa tornar mais previsível o custo de uso da rede. A controversa proposta EIP-1559 foi usada para esse objetivo.
EIP-1559 quer ajustar a composição do mercado de taxas da Ethereum. Um mercado de taxas em blockchain se refere às taxas pagas por usuários sobre suas transações e a coleta dessas taxas por mineradores que acrescentam essas transações ao blockchain.
Por enquanto, quanto maior a taxa que um usuário oferecer por uma transação, maior a probabilidade de essa transação ser incluída mais rapidamente em um bloco.
Porém, os autores do EIP-1559 entendem que isso é ineficiente e, assim, propuseram uma forma de tamanhos de blocos se ajustarem com base no grau de congestionamento da rede em uma “taxa-base” que pode subir ou descer devido à demanda existente.
O ajuste de tamanho do bloco permite que haja mais transações durante um período específico:
A experiência de usuário será melhorada ao diminuir a variância e os atrasos de transações pendentes de aprovação, pois mineradores poderão se ajustar a períodos de alta demanda.
Taxas são mais fáceis de estimar, pois — exceto por períodos em que a demanda sobe rapidamente — é claro que existe uma taxa máxima que pode ser oferecida para que a transação seja incluída nos blocos.
Quando não houver congestionamento, transações de usuários poderão ser incluídas no próximo bloco com a taxa-base fixa. Se blocos estiverem congestionados, os custos de transação rapidamente aumentam com uma taxa-base crescente, reduzindo a demanda.
No conjunto de EIPs da London, existe um novo atraso do mecanismo de “bomba de dificuldade” ou “era do gelo” da Ethereum. Esse mecanismo, caso seja aprovado sem quaisquer controvérsias, fará com que os intervalos entre blocos sejam maiores e, como resultado, tornará a rede cada vez mais difícil de usar.
Resumidamente, a “bomba” existe para incentivar atualizações regulares ao código de programação da rede.
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Como isso acontece?
Felizmente, existem algumas formas simples de monitorar o horário em que London finalmente será lançada.
Primeiro, você pode ir direto na fonte e verificar os blocos sendo publicados no blockchain.
Porém, olhar o blockchain não é a forma mais eficaz de rastrear a atualização.
Existem diversas ferramentas on-line de contagem regressiva, incluindo a da EtherNodes, que estimou o horário mais aproximado para a atualização.
Qual é o impacto da atualização no preço do ether?
Existe a expectativa de como London será algo positivo no preço do ether (ETH) por apresentar suas características deflacionárias à rede.
Em uma nota aos investidores enviadas pelo Goldman Sachs, o banco deu sua opinião pessimista:
A atualização London não tornará o ether em um ativo instantaneamente deflacionário. A imprensa há tempos afirma que a ideia da queima da taxa-base transformaria o ether em um ativo deflacionário e, assim, tornando-o em uma reserva mais atrativa de valor para investidores.
Para que isso aconteça, a taxa-base queimada precisaria compensar a taxa de emissão da ethereum — a recompensa por bloco [dada a mineradores]. Alguns comentaristas até comparam a taxa-base com a recompra de ações, que retira parte da receita dos mineradores e a internaliza.
O que a atualização faz é diminuir a taxa geral de inflação do ether enquanto o próprio ether ora se tornará inflacionário, ora deflacionário.
Uma maior atividade na rede Ethereum sugere que haverá mais ethers queimados como taxa-base e menos ether para que mineradores revendam [os ativos] no mercado e, assim, reduzindo a pressão de venda dos mineradores.
Em relação à economia da rede, Will Foxley, da Compass Mining, estima que, devido às mudanças da EIP-1559 na taxa de mercado, a receita de mineradores pode cair em 30%.
Sob o novo regime, usuários podem optar e pagar por uma “taxa de prioridade”, também conhecida como “gorjeta”, para mineradores, a fim de tornar as transações mais atrativas. Porém, a taxa-base paga por mineradores não será dada aos mineradores, e sim queimada.
É difícil prever se a mudança econômica da London resultará em mudanças maiores na topografia do ecossistema global de mineração de criptomoedas.
Mineradores ganham dinheiro quando o custo de produção das moedas é mais baixo do que o gasto de fornecer energia e tomar conta das máquinas. Assim, uma queda drástica na receita pode gerar dores de cabeça para operações de margem reduzida.