Criptomoedas

A queda de um ano nas criptomoedas

15 dez 2018, 15:39 - atualizado em 15 dez 2018, 15:39

Por Jamil Civitarese/Investing.com

Quem acompanha analistas técnicos de criptoativos sabe que há uma percepção generalizada de queda prolongada nesses ativos. Tivemos um longo ano de bear market, mas parece que teremos pelo menos mais alguns meses nesse declínio. Numa matéria que saiu na Bloomberg (que pode ser lida aqui), há a síntese de uma série de indicadores que sugerem que há essa tendência continuada de baixa. Quais as consequências desse momento para o futuro das criptomoedas?

A primeira questão é saber o quanto o passado impede a volta rápida das criptomoedas a um período bullish. A segunda seria o quanto a estrutura das indústrias de mineração, desenvolvimento e especulação é afetada pelos choques de preço. Finalmente, é preciso responder se esse risco justifica uma saída – temporária ou permanente – dos investimentos em criptoativos.

Em mercados mais eficientes, há considerada alguma aleatoriedade nos preços: amanhã não depende muito de hoje. Na nomenclatura dos economistas mais acadêmicos, há a chamada “forma fraca da eficiência de mercado”. Muita pesquisa foi feita nessa direção em diversos níveis e ativos. Na subárea da física que trata de modelagem de economia – a econofísica – houve muitos artigos testando se havia memória de choques distantes em, por exemplo, índices de ações de países em mercados em desenvolvimento. Efetivamente, se comparados a mercados mais consolidados, esses mercados refletiam maiores “ecos” de choques passados. O mesmo vale para criptoativos: mercados menos líquidos possuem maior memória, mas todos os ativos possuem algum grau de ineficiência.

Nesse caso, preços possuem maior chance de terem tendências prolongadas. E essas tendências prolongadas, conforme visto no meu último texto, levam a fechamentos de equipes de desenvolvimento, por exemplo. O artigo da Bloomberg expõe opiniões que naturalizam essa questão, vendo como um período onde a indústria se reposiciona como um todo. Novas tendências como mais stablecoins para reduzir riscos de contraparte, maior disciplina nas organizações de desenvolvimento e maior racionalidade nos projetos são considerados fatores positivos que um período de escassez traz.

Contudo, outra matéria enfatiza a saída de mineradores do mercado. Esses mineradores já não teriam grande estrutura para competir com os preços atuais. Devido às quedas, haveria uma grande consolidação de maior concentração de mercado. Isso poderia trazer maior instabilidade pelas criptomoedas perderem um dos seus atrativos mais propagados e facilitando ataques de 51%. Essa instabilidade, atestada também pelo fork do Bitcoin Cash, afasta investidores institucionais que trariam maior estabilidade e liquidez ao mercado.

Com tudo isso, vale ou não vale investir em cripto hoje em dia? Minha resposta sincera é que sim, se houver a disposição de acompanhar questões relacionadas a mineração (hash power e número de mineradores controlando a rede do Bitcoin e moedas investidas) ou a confiança em algum serviço que gerencie o portfólio de maneira responsável. O mercado está com risco alto – e isso traz a obrigação de monitorar – mas também está se redesenhando rumo a alguma racionalidade. Acompanhar o mercado trará, muito possivelmente, bons investimentos, mas exige disciplina. Numa paráfrase tosca do homem-aranha: para grandes retornos, vem grandes responsabilidades.

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