A procura da bala de prata: a recuperação brasileira pelo economista-chefe do Itaú
O Brasil precisa criar empregos a um ritmo de 40 a 50 mil postos por mês para conquistar um crescimento consistente da atividade econômica, calcula o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita. “Para resolver a situação econômica não há bala de prata”, disparou em uma entrevista coletiva realizada após o evento Macro Vision realizado em São Paulo nesta terça-feira (24).
O nível proposto por ele, contudo, anda parece muito distante. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quarta-feira (24), revelou um saldo negativo de 43.196 empregos com carteira assinada em março. A expectativa era de um crescimento modesto.
Mesquita explica ainda que outros fatores também são necessários para dar saúde à economia no longo prazo. Ele cita as reformas microeconômicas, que resultam no aumento da competitividade na economia, em conjunto com a transmissão dos mecanismos de política monetária pelo Banco Central e a reforma fiscal, inicialmente pela Nova Previdência.
Estas variáveis em conjunto, segundo a análise de Mesquita, poderão provocar a queda do desemprego. “Infelizmente, não da noite pro dia”.
PIB
Mesquita não espera piora da atividade econômica, mais uma recuperação mais lenta, porém contínua. Três fatores exógenos pesaram contra 2018, segundo Mesquita: greve dos caminhoneiros, tensão pré-eleitoral e desequilíbrio na Argentina.
“Olhando o PIB pelo lado da demanda, o que falta é o investimento”, diz Mesquita. Neste sentido, a estimativa do Itaú é de 2,2% de crescimento do PIB para 2020, passando a Reforma da Previdência em 2019. Em relação ao PIB do primeiro trimestre, a projeção é de inércia: variação positiva entre 0% e 0,1%.
Reforma
Sobre a Previdência, o economista avalia que a proposta deverá chegar a seu destino final com uma desidratação de 25% a 50%.
“Tendo em vista o prazo médio de tramitação em comissões especiais, a votação ficaria para a segunda metade de junho, período próximo ao recesso”, aponta Mesquita, prevendo votação na Câmara no terceiro trimestre e aprovação final no Senado no quarto trimestre.
A adoção da idade mínima e a regra de transição formam o núcleo da Reforma da Previdência, segundo o economista-chefe do Itaú Unibanco.