A pergunta que o posto Ipiranga não tem a resposta
Já imaginou chegar no posto Ipiranga e perguntar se é uma boa comprar as ações da Ultrapar (UGPA3)? Talvez a resposta mais diplomática seja sim, porém não a mais correta. Isso porque não há um consenso sobre a atratividade dos papéis do grupo Ultra, que enfrentou um 2018 desafiador. Os ativos acumulam uma queda de 35% desde janeiro até agora.
Enquanto boa parte do mercado reforçou o seu “ultraotimismo” com uma reviravolta da empresa após o encontro anual com os analistas realizado ontem (veja a apresentação da empresa abaixo), o BTG Pactual levantou a bandeira da dissidência e reiterou a sua recomendação de venda para as ações, com preço-alvo de R$ 44. O valor está 9% abaixo do fechamento de quinta-feira (29).
Segundo os analistas Thiago Duarte e Pedro Soares, a apresentação contou com apresentações dos chefes de cada unidade, e todos tentaram transmitir um forte senso de otimismo com 2019. A administração espera ver o negócio de volta aos trilhos depois de um 2018 incrivelmente difícil, que foi principalmente atribuído à recessão do Brasil e ao mercado de combustíveis volatilidade.
“A questão-chave para nós é se haverá mais do que apenas recuperação econômica para permitir que a Ultrapar retorne aos bons e velhos tempos de rápido crescimento e fortes retornos. Enquanto elogiamos o otimismo e as iniciativas para tornar a Ultrapar uma empresa de ativos mais leves (os investimentos inferiores vieram para ficar, aparentemente), nos perguntamos se as melhorias de 2019 não virão mais com base em comparações fáceis em relação ao fraco desempenho deste ano, em vez de rebater nossa visão de que a indústria mudou”, pontuam.
Outro lado
O analista Christian Audi e a equipe de Óleo & Gás do Santander também estiveram no evento, porém saíram com uma visão de que todas as divisões de negócios devem melhorar seus resultados operacionais de 2019 em diante.
Eles pontuam que os executivos esperam que a Ipiranga desempenhe um papel fundamental para os números, contribuindo significativamente para a melhora operacional consolidada, além de acreditarem que o ROCE (Retorno sobre Capital Empregado) melhore no futuro por conta de um forte momento operacional, juntamente com uma migração para uma modelo de negócios com maior rentabilidade.
“Dessa forma, reiteramos nossa visão positiva para as ações da UGPA3 em 2019, dadas nossas expectativas de números operacionais mais fortes, retornos mais altos e menor alavancagem financeira”, concluem. O analista da Mirae Asset Pedro Galdi tem visão parecida: “A mensagem da diretoria da empresa foi bem positiva e conhecendo a empresa, continuamos recomendando a compra para a UGPA3 e conforme os resultados forem sendo entregues, esperamos revisão de preço alvo, que atualmente está indicando um upside de 7%”, afirma em relatório.
Ou seja, a resposta mais possível para se dar agora é: “talvez”. Assim como boa parte das respostas possíveis no mercado financeiro.