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O risco Banco do Brasil (BBAS3): O que está em jogo no resultado do 2T25 (e o que pode mudar o humor do mercado)

13 ago 2025, 17:29 - atualizado em 13 ago 2025, 17:37
Day Trade, Mercados, Banco do Brasil, BBAS3, Vamos, VAMO3
Ao longo do trimestre, as casas revisaram as expectativas (e sempre para baixo) (Imagem: Paulo Whitaker/REUTERS)

O segundo trimestre será determinante para entender a nova dinâmica do Banco do Brasil (BBAS3) segundo a própria administração.

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Em teleconferência realizada ainda no trimestre passado, o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Geovanne Tobias, disse que a etapa vai “verificar se os resultados permanecerão no mesmo patamar ou apresentarão recuperação.”

Até agora, dados do próprio do Banco Central mostraram que a situação para o banco é preocupante.

Segundo os números da instituição, o banco reportou lucro de R$ 500 milhões em maio, bem menor do que o reportado em abril, de R$ 1,7 bilhão.

Trata-se de um tombo de 70% no mês e 85% no ano.

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Com esses números em mãos, analistas calculam que o resultado pode despencar para R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões, contra R$ 9,5 bilhões do mesmo período do ano passado. Uma queda de 50%.

Se o pior cenário se confirmar, ou seja, o BB lucrar R$ 3 bilhões, seria o pior resultado entre os bancões. O Santander (SANB11) lucrou R$ 3,5 bilhões.

Além disso, os analistas também veem um ROE, retorno sobre o patrimônio líquido, de apenas 10%, o que também o colocaria como pior rentabilidade e abaixo do custo de capital de 15%.

Segundo os analistas do Bradesco BBI, as informações divulgadas pelo BC apontam para uma deterioração ainda mais significativa da qualidade dos ativos rurais.

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“Destacamos que a qualidade dos ativos rurais atingiu o nível mais baixo de todos os tempos, com 3,5% de inadimplência em 90 dias e 2,9% de inadimplência antecipada (15 a 90 dias)”, escreveram.

Enquanto isso, o crescimento anual do segmento vem desacelerando de forma constante desde o início de 2023 devido à piora da economia, que esgarça a capacidade de pagamento dos produtores.

Banco do Brasil: O que está em jogo

Além do resultado em si, o investidor ficará de olho no guidance (projeções) do BB.

No primeiro trimestre, a piora da inadimplência do agro junto com as novas regras da CMN (Conselho Monetário Nacional) jogaram a provisão para as alturas obrigando o BB a pausar algumas linhas.

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Agora, a expectativa é que o banco revele as novas projeções considerando a piora do cenário.

Mas não só isso. Analistas também avaliam que o BB irá cortar a projeção de payout, parcela do lucro distribuído para o acionista.

Atualmente, o BB reserva 40% do seu lucro para os acionistas, mas esse número poderia cair para 30%. Um golpe duro em investidores, principalmente os pessoas físicas que compram a ação pensando nos dividendos.

Investidores individuais, que vêm sustentando fortes entradas em um modo “comprar na baixa” , compraram cerca de R$ 5,5 bilhões desde a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, calcula o Safra.

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“Existe a possibilidade de o banco reduzir o payout para abaixo dos 40% a 45% observados nos últimos anos — movimento que refletiria uma postura mais conservadora, com foco na preservação de capital”, destaca a Genial.

O BBI também reduziu o índice de payout (parte do lucro distribuída aos acionistas) de 40% para 30%, com a justificativa de que o banco deve adotar uma postura mais conservadora em relação ao capital durante o período de pressão nos resultados.

O que pode mudar o sentimento do Banco do Brasil?

Otavio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, diz que para mudar o sentimento do mercado seria necessário algum elemento que alterasse, de forma rápida e significativa, os resultados.

“Mais do que “menos pior”, seria preciso um resultado visivelmente acima do projetado”.

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Uma revisão positiva do guidance, com sinalização da diretoria indicando retomada nos lucros, melhora da carteira ou aumento esperado de dividendos também pode aquecer as compras.

Ademais, se o banco mostrar que conseguiu resolver problemas no agro, com estratégias para mitigar riscos, isso ajuda a virar a chave do pessimismo dominante.

“Por outro lado, apenas um resultado “ok”, sem grandes surpresas, provavelmente não seria suficiente. O mercado está muito cético, e só um choque claro e positivo pode fazer quem está vendido correr atrás das ações para limitar prejuízos, levando ao short squeeze”, pondera.

O que esperar do resultado?

Ao longo do trimestre, as casas revisaram as expectativas (e sempre para baixo).

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Segundo os analistas do Bradesco, Marcelo Mizrahi e Renato Chanes, o índice de inadimplência pode continuar a se deteriorar.

Casa Lucro líquido 2T25 (R$ bi) ROE (%)
BTG 5 11,0
Genial 5,10 11,1
Safra 4,65 10,0
Goldman Sachs 5,00 11,0
Itaú BBA 5,30 11,0

Sentimento do mercado

O Safra realizou uma pesquisa que ouviu 33 investidores para entender as expectativas e o sentimento para os resultados do segundo trimestre.

A pesquisa mostra uma postura cautelosa a pessimista entre os investidores locais antes da divulgação dos resultados.

A maioria (88%) vê a expectativa de um trimestre fraco como não precificada, o que explica a baixa exposição overweight (6%) e o posicionamento baixista significativo (61%).

Por outro lado, há uma clara assimetria técnica: dada a significativa cauda baixista, qualquer surpresa positiva no guidance ou superação dos resultados pode impulsionar um movimento positivo significativo, embora tenha uma probabilidade muito baixa.

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“Um resultado moderado ou ligeiramente fraco pode ter um impacto incremental discreto, a menos que deteriore materialmente a história de médio prazo — particularmente em relação à qualidade dos ativos e à solvência”, escreve o banco.

O consenso implícito para o lucro líquido (ajustado para faixas extremas) é de R$ 3,55 bilhões, com um desvio padrão relativamente estreito de R$ 640 milhões.

“Há uma opinião generalizada (88% dos entrevistados) de que o mercado ainda não precificou totalmente os lucros, o que, em teoria, deveria abrir espaço para uma reprecificação, tanto para cima quanto para baixo”, diz.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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