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A moda dos cigarros eletrônicos pode virar fumaça?

15 jul 2022, 17:01 - atualizado em 15 jul 2022, 17:01
Uma a cada cinco pessoas de 18 a 24 anos faz uso desses dispositivos no Brasil.

Poucos setores da economia podem ter crescido tanto quanto o dos cigarros eletrônicos. Os vaporizadores de nicotina ou tabaco viraram febre entre os jovens mundo afora. 

É só observar em qualquer balada no fim de semana, nas escolas e até mesmo nos escritórios. A proporção entre os jovens e seus pen-drives só aumenta, e impressiona.

Pesquisa realizada pela Euromonitor identificou que o número de usuários do cigarro eletrônico saltou de 7 milhões em 2011 para 42 milhões em 2018.

O valor deste mercado também acompanhou a alta. As empresas da área, como a Juul, fundada em 2013 e líder do mercado, já chegou a ser avaliada em US$ 38 bilhões.

De  olho nesse mercado gigante, as empresas do mercado de cigarros tradicionais,não ficam de fora. Em 2019, a Altria, comprou uma participação de 35% na Juul, por US$ 12,8 bilhões.

No entanto, devido a alguns resultados abaixo do esperado e uma série de pressões regulatórias, o  valor de participação da fabricante da Marlboro na Juul despencou para US$ 1,6 bilhão. As ações da Altria negociadas na Nasdaq tiveram uma queda de 6,72% em um ano, a companhia agora está avaliada em US$ 75,97 bilhões.

A Njoy também teve seu mercado desestabilizado. A fabricante independente de cigarros eletrônicos avaliada em US$ 2 bilhões estava em um processo avançado de negociações para uma nova rodada de investimentos, mas os aportes que elevariam seu valor para US$ 5 bilhões foram congelados por tempo indefinido.

E-cigarrets e a regulação 

Aliás, as últimas notícias sobre o impacto dos e-cigarrets na saúde dos usuários e as novas regulamentações deixaram o cenário desse mercado um pouco nebuloso.

Em junho, o governo Biden disse que ordenaria que as empresas reduzissem os níveis de nicotina nos cigarros em um esforço para reduzir as mortes associadas ao fumo. 

Além disso, a FDA (Food and Drug Administration), equivalente à Anvisa americana, proibiu a venda de cigarros eletrônicos com sabores de frutas e doces, após críticas de que os produtos eram apelativos a menores e “maquiava” o lado viciante da nicotina. Os adolescentes eram o principal alvo da propaganda. 

Mas em junho deste ano, a Justiça dos Estados Unidos suspendeu a proibição, dando aos fabricantes de cigarros eletrônicos tempo para revisar suas operações e apelar da decisão da FDA. 

Ao mesmo tempo, a Juul Labs entrou com pedido de prorrogação de uma suspensão temporária da proibição da FDA de seus cigarros eletrônicos.

Cigarros eletrônicos no Brasil

No Brasil, os cigarros eletrônicos são proibidos pela Anvisa desde 2009. Mas o tema voltou ao debate na agência. 

No início do mês, a Anvisa decidiu manter a proibição de venda de cigarros eletrônicos e ampliar a fiscalização para coibir o mercado irregular dos dispositivos. 

O diretor de Relações Externas da BAT Brasil, antiga Souza Cruz, Delcio Sandi, acredita que essa ainda não é a decisão final. Para ele,  novas discussões sobre a possibilidade de regulamentação dos cigarros eletrônicos devem acontecer. 

“A expectativa é de que ocorram mais rodadas de debates com empresas, especialistas, consumidores, sociedade civil e organismos internacionais, pois serão fundamentais para que a decisão final da agência se paute pelas evidências científicas mais atuais”, disse Sandi.

Para o diretor, temas como o crescente mercado ilegal e  as evidências científicas da potencial redução de risco à saúde do cigarro eletrônico quando comparado ao cigarro convencional tendem a ganhar maior espaço na discussão.  

A Anvisa afirma que a avaliação  foi feita com base em pesquisas científicas e experiências em outros países. A agência também considera que os cigarros eletrônicos favorecem a entrada dos jovens no tabagismo.

Apesar da proibição, o número de adeptos ao hábito dos e-cigarettes só vem aumentando. Segundo pesquisa realizada pela Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), em fevereiro deste ano,  mais de 2 milhões de brasileiros consumiam os cigarros eletrônicos em 2021, o que representa um crescimento de 300% desde 2018, quando as estimativas ainda eram inferiores a 600 mil usuários.

Pirataria eletrônica de cigarros

Devido à regulação severa, o consumo dos cigarros eletrônicos de forma ilegal acaba sendo facilitado. É  possível comprar os e-cigarettes em bares, tabacarias, ruas da cidade e até mesmo na internet.

Sandi, da BAT Brasil, avalia que informar e restringir seria  muito mais eficiente do que proibir, pois só com a regulamentação é possível  criar regras, limites e critérios, além de viabilizar o monitoramento e a fiscalização.

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