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Bank of America projeta preço do gado alto por mais tempo, e recomenda venda para ação de gigante brasileiro; veja qual

28 nov 2024, 14:37 - atualizado em 28 nov 2024, 14:38
frigoríficos gado
(iStock.com/RollingEarth)

O Bank of America espera que o mercado global de gado fique mais restrito no Brasil e nos Estados Unidos até 2025. Para o banco, o ciclo de baixa norte-americano pode durar até 2027, enquanto o abate no Brasil pode cair 6% em 2025.

A demanda por carne bovina continua forte e os preços seguem subindo, ainda que não em ritmo suficiente para compensar os custos do gado.

“Esperamos que o mercado global de gado seja menor em 2025 do que em 2024, com o declínio do abate no Brasil e nos EUA, que representam 30% do mercado. A oferta mais limitada de gado deve reduzir o abate nos EUA em aproximadamente 4% ano a ano, de acordo com o USDA, e aproximadamente 6% no Brasil, de acordo com a consultoria Safras & Mercado”, explicam Isabella Simonato e Julia Zaniolo.

Com isso, a instituição mantém sua recomendação de compra para  JBS (JBSS3) (top pick) e Marfrig (MRFG3), mas reforça venda para  Minerva Foods (BEEF3) entre os frigoríficos, pelo cenário mais desafiador para a carne bovina no Brasil e risco de execução na aceleração dos ativos adquiridos.

O banco mantém sua classificação para JBS (preço-alvo de R$ 50, potencial de 42% de alta) dada a diversificação da empresa, já que as margens sólidas do frango têm compensado a fraqueza da carne bovina. Para Marfrig (preço-alvo de R$ 21, potencial de 12% de alta), a recomendação se dá pela desalavancagem e exposição ao frango via BRF.

Ciclo de baixa do gado nos EUA deve ser longo

O professor Darrell Peel, do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Estadual de Oklahoma, em conversa com o BofA, reforçou o ciclo de baixa do gado nos EUA, durando eventualmente até 2027.

Os EUA apresentam os menores patamares de estoque de gado em décadas. O abate de vacas diminuiu, mas o abate de novilhas continua alto.

“Ele acredita que a retenção pode começar em 2025, mas deve ser um processo lento. Até agora, a produção de carne bovina não caiu desde que o peso da carcaça aumentou, pois os confinamentos estão mantendo seu estoque de gado, mas deve eventualmente começar a cair”, apontam Isabella Simonato e Julia Zaniolo

A produção de carne bovina deve cair em 2025. Neste cenário, ele espera que os preços no atacado e no varejo provavelmente continuem a avançar, embora a uma taxa um pouco mais lenta.

Preços do gado sobem com forte demanda

Os preços do gado no Brasil subiram quase 50% desde agosto para R$ 347/15 kg (48% em dólar), dada a oferta mais limitada, já que as pastagens foram afetadas pela seca, e também a forte demanda dos frigoríficos à medida que as exportações continuam a acelerar.

O abate de fêmeas está crescendo 16% no acumulado do ano até outubro, contra avanço de 9,5% no abate total, enquanto os volumes exportados aumentaram 32% anualmente.

Nesse cenário, os preços do gado mais jovem começaram a subir, e essa tendência provavelmente continuará em 2025, com picos de preços vistos em 2026.

Exportações não sustentam margens para frigoríficos

A demanda por carne bovina continua forte, com dados preliminares para volumes exportados brasileiros em novembro subindo 37% ano a ano, e preços em US$ 4,83/kg, uma variação mensal de 4% e de 7% no acumulado do ano

As vendas para a China e os EUA, que agora representam 60% das exportações brasileiras, aumentaram 12% e 110% em relação a 2023 até outubro, respectivamente.

“O Brasil continua bem posicionado no mercado global, dado o real mais fraco e as restrições de oferta em outros produtores, principalmente os EUA. No mercado interno, os preços da carne bovina aumentaram 35%, já que a sazonalidade do quarto trimestre deve ser favorável. No entanto, os preços mais altos não foram suficientes para compensar os custos do gado, e as margens dos frigoríficos estão diminuindo. Estimamos que a margem de exportação caiu 13 pontos percentuais no quarto trimestre em relação ao período anterior, e a margem doméstica deve cair 4 pontos”.