A mão que afaga é a mesma que apedreja: balanço do Bradesco, queda do Ibovespa, Wall Street de lado e outros destaques do dia
Augusto dos Anjos talvez desaprovasse tamanha licenciosidade. Quanta ousadia tomar a essência de seus Versos Íntimos para uma newsletter sobre mercados financeiros. É provável, porém, que os investidores tenham sentido uma decepção parecida com a do poeta nos últimos dias.
Na terça-feira, depois de uma sequência bastante negativa neste início de 2024, o Ibovespa subiu mais de 2%. Os investidores repercutiam o afago proporcionado pelos balanços de bancões como o Itaú e o BTG Pactual. Mas não só.
Reagiam também à proposta conjunta do Bradesco e do Banco do Brasil para fechar o capital da Cielo — última quimera das grandes empresas de maquininhas listadas na B3.
O que ninguém contava era com o apedrejamento que se seguiu ao balanço trimestral do Bradesco, divulgado antes da abertura do pregão de ontem. As ações BBDC3 e BBDC4 tombaram 13,02% e 15,90%, respectivamente.
A queda fez com que o Bradesco perdesse mais de R$ 20 bilhões em valor de mercado, caindo da segunda para a quarta posição no ranking dos maiores bancos brasileiros.
A repercussão do balanço tirou do Ibovespa a possibilidade de acompanhar Wall Street, onde os índices Dow Jones e S&P-500 renovaram recordes ontem. Também custou à bolsa brasileira o nível de suporte de 130 mil pontos.
Embora o Ibovespa não tenha ficado muito longe da marca, recuperá-la não será tarefa das mais fáceis. Os mercados internacionais amanheceram de lado hoje.
Na China, uma deflação mais intensa que a esperada sugere a necessidade de mais estímulos à segunda maior economia do mundo.
Em Wall Street, alguns participantes já começam a questionar se o mercado norte-americano de ações não estaria caro demais.
Enquanto isso, autoridades monetárias dos Estados Unidos, da Inglaterra e da zona do euro voltam a falar sobre juros nas economias desenvolvidas.
Por aqui, o mercado vai começar o dia reagindo ao IPCA de janeiro. A expectativa é de que a inflação oficial desacelere de 0,56% em dezembro para 0,35% em janeiro.
Para depois do fechamento, os investidores locais ajustam suas expectativas em relação ao relatório de produção da Petrobras e ao resultado trimestral do Banco do Brasil, que encerra a temporada de balanços dos bancões no quarto trimestre de 2023.
Entre os afagos e apedrejamentos no mercado, acompanhe a cobertura do Seu Dinheiro.
O que você precisa saber hoje
AGORA VAI?
O Bradesco (BBDC4) vai reagir? Conheça o plano do CEO do banco para fazer frente à concorrência; ações despencaram 15% após balanço fraco. A principal meta que o banco divulgou é aumentar a participação no mercado de crédito dos atuais de 14% para uma faixa entre 15% e 19%.
PERDEU DE NOVO
Em derrota para Esh Capital, acionistas da Gafisa (GFSA3) rejeitam ações contra Nelson Tanure. Essa foi a segunda tentativa da gestora, que investe na companhia por meio de fundos, de suspender os direitos políticos do empresário.
CEO CONFERENCE
“A bolsa está barata e quem ficar de fora vai se arrepender”: As apostas das gestoras para ações em 2024. Em evento, os executivos da Clave Capital, Truxt, Occam e BTG Pactual Asset revelaram as maiores apostas para a bolsa brasileira para este ano.
CAMINHÃO DE DINHEIRO
Aquecendo as turbinas: Embraer (EMBR3) receberá financiamento de meio bilhão de reais com recursos do BNDES. O dinheiro será alocado visando o plano de investimento da empresa de 2023-2027, que irá destinar o montante total de R$ 650 milhões a projetos de desenvolvimento de novos produtos.
ATENÇÃO, ACIONISTA!
Dividendos: Auren (AURE3) pagará provento milionário mesmo após perdas em 2023. Junto com o anúncio dos dividendos, a companhia também apresentou os resultados financeiros; confira os detalhes do balanço.
Uma boa quinta-feira para você!