Opinião

A mão Invisível de Adam Smith

06 jul 2019, 15:02 - atualizado em 05 jul 2019, 19:35

Por App Renda Fixa

À primeira vista é possível pensar que se todos quiserem o melhor para si primeiro, ou seja, o bem próprio antes do bem comum, irão  atrapalhar a sociedade que queira prosperar, uma vez que, se há cooperação, há trabalho em equipe e acordos convenientes, o objetivo final será atingido. E que pensando na economia, a oposição a este convívio harmônico poderia fazer algo como produtos sendo ofertados a preços extremamente altos e a demanda pelos mesmos ocorrer somente quando o preço estiver extremamente baixo, estas duas hipóteses não poderiam acontecer em qualquer sociedade, sendo egoístas ou não.

Neste artigo, analisaremos como os comportamentos individuais das pessoas podem ser explicados pela psicologia econômica, originando reações que recaem sobre a economia.

Assim como os indivíduos são movidos pelos benefícios, também o são por necessidades de consumo para manterem sua existência. Rotineiramente os produtores estão dispostos a ofertar sob um preço superior ao seu custo, obtendo uma receita que os ajude a consumir outros bens, se o vendedor quiser faturar excessivamente sobre suas mercadorias, aqueles que os demandam não estarão dispostos ou não conseguirão pagar uma quantia deliberadamente alta ao vendedor, uma vez que também têm que consumir outras cestas de consumo, que seriam outros bens consumidos de um outro setor da economia.

A fim de ser possível adquirir todos os recursos necessários para no mínimo sua subsistência, os consumidores utilizam sua renda conforme suas necessidades. Não havendo procura considerável aos produtos do vendedor egoísta exemplificado, o mesmo deverá reduzir seu preço para não ter prejuízo e assim como os demais, ter rendimento o suficiente para satisfazer-se.

Desse modo, a oferta caminha em direção ao equilíbrio junto com a demanda, este breve exemplo é explicado por Adam Smith e a sua teoria da mão invisível.

“Todo o indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto promove. Ao preferir dar mais sustento à atividade doméstica que a do exterior, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e, ao dirigir essa atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, ele tem em vista apenas seu próprio lucro, e neste caso, como em muitos outros, ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção. E o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o pior para a 

sociedade. Ao buscar seu próprio interesse, frequentemente ele promove o da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente tem a intenção de promovê-lo.

No sistema capitalista, aqueles que tentam obter vantagem dos outros no sentido de vender menos por mais, enfrentam um obstáculo extremamente forte chamado livre concorrência de mercado, onde outros produtores que possuem tanto custo maior quanto menor, estão dispostos a ofertar por um valor inferior, aumentando seu giro de capital e ganhando na quantidade vendida. Mas que, se na posição de empregador, fornecer aos seus subordinados uma remuneração baixa demais com a finalidade de conseguir reduzir parte de sua despesa potencializando a receita, sua mão de obra estará propensa a buscar outra firma que estará disposta a empregá-la por um salário mais justo, lembrando que isto não ocorrerá aos trabalhadores se não houver vagas disponíveis no mercado de trabalho, como em um cenário de crise ou recessão econômica no qual terão que aceitar a redução ou optar pelo desemprego voluntário, onde vale mais a pena ficar em casa do que trabalhar pela nova quantia estabelecida por sua empregadora.

Tanto o encolhimento extremo do preço de produtos como o de remuneração de funcionários, fazem com que as empresas caminhem rumo a falência, prejudicando seriamente todos aqueles que delas dependem direta ou indiretamente, sendo donos ou servidores ao passo que ambos precisam ter renda. Se o patrão toma a decisão de não reduzir os salários, conseguindo vender a um preço justo acima do custo, mantendo seu lucro contínuo, faz com que não só seu negócio prospere, mas a vida de todos os seus colaboradores e os demais negócios que os cercam.

Suponhamos que um colaborador receba sua quantia mensal por suas atividades desempenhadas, e durante o mês gasta uma parte com o mecânico, que usa o dinheiro para comprar roupas novas para sua família em uma loja simples do bairro, e que a proprietária desta mesma loja utilize o total recebido para fazer a festa de aniversário de sua filha comprando a decoração em outro estabelecimento, do qual o dono decide comprar um carro e o leva ao mecânico para avaliá-lo, estendendo então o ciclo por muitas outras lojas e famílias que fazem suas rendas circularem entre a sociedade, impulsionando a economia, gerando o efeito multiplicador crescente para um mesmo capital.

Agora considere que este mesmo empregador quis aumentar ainda mais seu lucro subindo o preço de seus produtos, querendo vender menos por mais, mas por permanecermos no mesmo cenário de livre concorrência de mercado, outras firmas oferecerem uma proposta melhor a seus clientes, fazendo com que este vendedor deixe de transacionar como antes, tendo que reduzir os honorários drasticamente, atingindo o efeito multiplicador de maneira negativa. Nesta ocasião, imagine como esta decisão influencia no ciclo explicado anteriormente.

O colaborador não levará o carro ao mecânico por não ter dinheiro suficiente, e que este segundo não comprará as roupas, fazendo com que a filha da dona da loja não tenha uma festa e que o dono da casa de decorações não compre o carro, fazendo com que o mecânico não receba pelos serviços que prestaria.

Como já descrito, os colaboradores da firma procuraram uma melhor remuneração, caso a tenham encontrado, e sem mão de obra disposta a trabalhar pela quantia oferecida, a firma segue em declínio. Os dois casos ocorreram por duas decisões diferentes tomadas pelo dono da empresa, que fizeram com que os seus funcionários buscassem outro trabalho, ressalta-se então a comprovação da hipótese de que não só os interesses da sociedade como um todo, mas que também os interesses individuais acabam recaindo sobre a economia, tanto positivamente como negativamente e que independente do cenário, a mão invisível vem e reequilibra a economia de um jeito ou de outro.

opiniao@moneytimes.com.br
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