A maior parte da adoção de criptomoedas no Brasil vem do varejo, conforme Chainalysis
A Chainalysis, empresa de análise de dados em blockchain, realizou nesta quinta-feira (20) uma mesa redonda em que o Crypto Times participou. Kim Grauer, diretora de pesquisa da Chainalysis foi a mediadora do evento e grandes nomes do mercado estiveram presentes.
O tema de discussão foi acerca dos principais fatores que impulsionam a adoção de criptomoedas pela América Latina, onde foram apresentados alguns dados relevantes.
Foram analisados países LATAM e encontrados fatores específicos em cada um deles que levaram em um maior impulsionamento na adoção dos ativos digitais.
Entre eles, interesse da população por um ativo que busca ser armazenamento de valor, envio de remessas e busca de rendimentos.
No que tange cripto no Brasil Thomaz Fortes, líder de criptomoedas do Nubank, diz que o país se encaixa na última opção, e atualmente é usado mais como investimento especulativo. Confira:
Principais fatores de adoção de criptomoedas da América Latina, conforme a Chainalisys
A América Latina (LATAM) é o sétimo maior mercado de criptomoedas no índice da Chainalisys este ano, com cidadãos de países da América Latina recebendo US$ 562,0 bilhões em criptomoedas de julho de 2021 a junho de 2022, segundo informado.
Isso representa um crescimento de 40% em relação ao total do ano passado. A LATAM também abriga cinco dos trinta principais países no índice de criptomoedas de 2022: Brasil (7), Argentina (13), Colômbia (15), Equador (18) e México (28).
“Em nossa análise da atividade on-chain da LATAM, identificamos três principais casos de uso que impulsionam a adoção de criptomoedas: armazenamento de valor, envio de remessas e busca de alpha [rendimentos].”
A discussão se voltou ao fato de que, em abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que a taxa de inflação combinada das cinco maiores economias da América Latina (ou “LA5”) – Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru – superou 8% – uma alta de 15 anos.
Quatro meses depois, eles atualizaram essa estimativa para 12,1% – uma alta de 25 anos. Enquanto isso, em países como Venezuela e Argentina, a situação é ainda pior.
“Esses dois países enfrentam taxas de inflação ano a ano de 114% e 79%, respectivamente, o que significa que suas moedas fiduciárias perderam cerca de metade de seu valor nos últimos doze meses.”
A última vez que a inflação atingiu tal altura na América Latina, o Bitcoin ainda não havia sido inventado.
Embora o Bitcoin ainda não tenha provado ser o hedge de inflação que muitos acreditavam que poderia ser, as stablecoins – criptomoedas com objetivo de serem pareadas a ativos estáveis reais – são as favoritas nos países mais devastados pela inflação na região, segundo a Chainalysis.
Dados recentes da Mastercard sugerem que mais de um terço dos consumidores latino-americanos já usam stablecoins para fazer compras diárias.
“Discutimos como os cidadãos dos dois países latino-americanos mais impactados pela inflação usam stablecoins para modernizar a maneira como economizam.”
O Brasil busca Alpha
De acordo com Thomaz Fortes, líder de criptomoedas do Nubank, o principal caso de uso da criptomoeda no Brasil atualmente é como investimento especulativo.
“Os clientes querem uma maneira de expandir seus ganhos”, explicou. “As taxas de juros em mínimos históricos no país e a forte valorização dos preços das criptomoedas podem ter contribuído, mas a adoção continuou forte mesmo no chamado inverno das criptomoedas”.
Ele coloca que o crescimento do varejo no número de usuários de criptomoedas foi muito mais rápido do que no mercado de ações.
“Levou vários anos para chegar a vários milhões de investidores em ações. O Nubank atingiu 1 milhão de clientes apenas um mês após o lançamento de sua plataforma de criptomoedas”, afirma.
Para ele, não são apenas indivíduos institucionais ou de alto patrimônio líquido.
“Democratizar o acesso significa muita adoção no varejo. Aqui no Nubank, desenvolvemos a experiência de negociação de criptomoedas para que pudéssemos quebrar as barreiras de complexidade comuns em corretores de criptomoedas de nicho”, diz
A Chainalysis apresenta algumas evidências dessa adoção no varejo através de números de dentro do blockchain – on-chain.
Em comparação com outros países da América Latina, uma parcela maior do volume de transações do Brasil ocorre através do crescimento do varejo.
É isso que mostra a atividade de negociação no Mercado Bitcoin, uma das maiores corretoras cripto brasileiras.
No gráfico acima é demonstrado que pequenas transferências de varejo (<$1K), grandes varejos ($1K-$10K) e profissionais ($10K-$1M) representam uma proporção muito maior do volume total de negociação no Mercado Bitcoin do que em todo o resto da América Latina.
No geral, dados on-chain e entrevistas com operadoras da região realizadas pela empresa de análise indicam que a América Latina adotou a criptomoeda por diversos motivos, dependendo das necessidades exclusivas de cada país.
“Usuários em países com economias mais fracas tendem a confiar em criptomoedas para remessas e, se a inflação for alta, para preservação de poupança, enquanto usuários em mercados mais desenvolvidos como o Brasil tratam a criptomoeda mais como um investimento especulativo.”
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