A ‘locomotiva’ que afeta a SLC Agrícola (SLCE3), enquanto clima nos EUA pauta o mercado
O Agro Times conversou com Ivo Brum, diretor financeiro e de relações com investidores da SLC Agrícola (SLCE3), sobre os resultados da empresa no segundo trimestre de 2023 (2T23).
Brum cita os desafios na composição de custos, em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, para explicar parte da queda de 28,2% no lucro líquido da companhia, na comparação com o mesmo período de 2022.
“No início de 2022, o conflito na Europa afetou muita a dinâmica de custos de produção, pensando especialmente nos insumos como os fertilizantes. Assim, as compras antes e depois da guerra afetaram nosso custo médio, que cresceu 20% quando pensamos na relação custo/hectare e resultou em quedas nos preços de vendas, já que as margens estavam altas”, pontua.
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Locomotiva dos custos
Segundo o diretor de RI da SLC Agrícola, o “desenho” do mercado era de uma “locomotiva subindo à montanha”.
“Os preços das commodities subiam, e os insumos acompanhavam essa alta no ano passado. Atualmente, o cenário se inverteu. Os preços estão caindo e os fertilizantes acompanham esse recuo. Sendo assim, essa redução de margem em função do aumento de custos explica essa queda de 28,2% no lucro líquido”, comenta.
Brum ressalta as escolhas tomadas pela SLC, que decidiu incorporar 20% a menos de fertilizantes nas lavouras, em função do aumento de custos, o que gerou dúvidas no mercado sobre a produtividade da companhia.
“Estamos na reta final da colheita e já podemos dizer que a soja atingiu os nossos objetivos, enquanto o milho e o algodão superaram as expectativas. Ou seja, a menor aplicação de fertilizantes não afetou as margens da companhia. Claro que as margens reduziram comparado ao ano passado, já que as commodities estavam em ascensão e os custos eram formados em outro base. Agora, os custos também subiram neste ano, mas estão dentro de uma margem histórica e esperada pela SLC Agrícola.”
Clima nos Estados Unidos e Brasil
Entre os fatores de riscos destacados para SLC Agrícola, Brum destaca a dinâmica atual de preços das commodities.
“Me surpreende a falta de capacidade mundial de prever o clima, com mudanças drásticas no panorama de uma semana para outra. Os Estados Unidos, um país que conta com melhores meios para prever essas mudanças, têm sofrido com essas oscilações, então essas questões nos causam preocupação. Além disso, estamos em um ano de El Niño, que provoca maiores chuvas no sul da América do Sul, com maiores acumulados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e na Argentina, o que traz incertezas”, diz.
O diretor de RI da empresa cita as perdas registradas pela Argentina para a soja no ano passado, após os baixos acumulados que afetaram as lavouras do país.
“Devemos ter maiores chuvas, mas o que isso significa? Elas serão suficientes para o desenvolvimento das lavouras ou os acumulados serão em excesso, com impactos para os trabalhos no campo? Ninguém sabe dizer o que deve acontecer. Além disso, o câmbio no patamar atual, em torno de R$ 5, é um fator que favorece a SLC Agrícola, já que somos exportadores”, comenta.
Por fim, Brum alerta para as variações nos preços das commodities em Chicago, ainda que altas podem ser bem-vindas na hora de comercializar a safra.
“No início de junho, você via preços, por exemplo, em US$ 11,80 no contrato maio/2024 para soja na CBOT. Passados 60 dias, vemos a saca em US$ 13,50, oscilações pautadas muito pelo clima nos EUA, o que impacta o mercado global”, finaliza.
Confira a entrevista na íntegra: