A Itaúsa voltará a distribuir 90% do seu lucro em dividendos?
Quem é acionista da Itaúsa (ITSA4) já deve ter percebido que os dividendos secaram ao longo dos anos, principalmente em relação a 2020.
A holding, que é conhecida por distribuir bons proventos, já chegou a pagar 94% do seu lucro em dividendos em 2018. Já em 2019, essa cifra caiu para 68%.
Porém, em 2020, a empresa se viu obrigada a cortar a distribuição a 25%, o mínimo exigido, devido à medida imposta pelo Conselho Monetário Nacional de limitar a distribuição de proventos dos banco por conta da pandemia da Covid.
Como a Itaúsa possui 88% de participação no Itaú (ITUB4), a holding não teve outra saída se não também aderir à restrição.
Com o fim do período mais difícil da pandemia, a determinação já caiu e agora é provável que a Itaúsa distribua mais dividendos.
Pelos cálculos do analista Murilo Breder, da Easyinvest by Nubank, neste ano a ação deverá entregar um dividendo de R$ 0,45 ao longo dos próximos 12 meses, o que representaria um payout de quase 50%, acima do observado em 2020.
“Considerando o preço de fechamento do dia 28/jun (R$ 11,36), o retorno em dividendos (dividend yield) esperado para os próximos 12 meses é de 3,9%”, completa.
Mesmo assim, o número ainda ficará muito abaixo dos 90% de 2019, ou seja, não vai ser agora que a companhia entregará mais proventos para os seus investidores.
Cortar o caminho com a XP?
De acordo com Breder, se a Itaúsa se desfazer do seu investimento na XP isso levantaria uma bolada que poderia ser convertida em dividendos.
“Pegando a participação de Itaúsa na XP (R$ 17,5 bi) e dividindo pela quantidade total de ações da companhia (8,41 bilhões), o resultado é um valor de R$ 2,08 por ação. Em um caso hipotético em que a companhia resolva distribuir tudo em forma de proventos para seu acionista, isso poderia representar um dividend yield de 18% de acordo com o preço atual de ITSA4”, pondera.
Lembrando que a Itaúsa já manifestou o seu interesse por não vender a XP.
Apesar disso, a companhia destacou que dentro da estratégia de diversificação do portfólio em companhias do setor não financeiro, “não considera essa participação como estratégica no longo prazo, estando este ativo sujeito às avaliações no âmbito do processo de acompanhamento de seu portfólio”.
Ações baratas
O analista observa que uma holding pura como a Itaúsa deveria valer exatamente a soma das partes das empresas em que ela investe.
“No entanto, isto não acontece. O valor de mercado de Itaúsa é inferior à soma das partes dessas companias. É aí que está o desconto”, completa.
De acordo com ele, os papéis estão com desconto de 24,7% e podem ir além. Porém, é necessário esperar maiores sinalizações tanto sobre qual será o novo patamar de ROE (retorno sobre o patrimônio) sustentável do Itaú e se a companhia irá confirmar a expectativa de maiores dividendos nos próximos 12 meses.
“Independentemente disso, as ações estão descontadas a um patamar que não podemos ignorar e representam um bela oportunidade para o investidor”, completa.
A Itaúsa divulga seus resultados nesta segunda-feira, após o fechamento do mercado.