Clima dificulta plantio de grãos em regiões do RS e produtor fala em plantar somente 60% da área de soja
O Rio Grande do Sul, principalmente a região central do estado, convive com um cenário desafiador devido a uma série de fatores climáticos adversos. Produtor relata que vai plantar somente em 60% da área que seria destinada à soja, por exemplo.
Segundo a Emater-RS, os agricultores enfrentam desde maio dificuldades no manejo do solo por conta das fortes chuvas que prejudicaram o preparo das áreas para plantio. Esse cenário resultou no atraso no plantio de culturas como o arroz, soja e milho. Além disso, a pecuária também foi afetada pela seca prolongada.
Por outro lado, desde o início de dezembro, o estado tem enfrentado uma escassez de chuvas significativas, que já superou 30 dias em algumas regiões, justamente em um período crucial para o desenvolvimento das culturas, como a floração e o enchimento do grão.
Apesar dos problemas nessas áreas, Luis Bohn, gerente técnico da Emater-RS, explica que áreas próximas a Caxias do Sul e Erechim, no Nordeste e Noroeste do estado, registraram bons volumes de chuva, ajudando a safra de grãos e uva desses municípios.
Os efeitos para soja, milho e arroz
A soja, com 1,063 milhão de hectares, foi a principal cultura afetada, com 35% da área em fase reprodutiva sofrendo danos significativos devido à falta de água.
O milho também foi bastante impactado. “Embora parte do grão destinado à silagem já tenha sido colhida, a cultura de grãos está sofrendo consideráveis prejuízos devido à seca. A área total de milho na região é de 46 mil hectares, que se soma a outros 10 mil hectares que correspondem à silagem”, explica Guilherme Passamani, gerente regional da Emater.
Com 122,2 mil hectares, o arroz também enfrenta dificuldades. Embora a área já estivesse sendo reduzida com a necessidade de ajustes nos quadros de irrigação pelas enchentes de maio, a escassez de recursos hídricos para o sistema de irrigação por inundação agravou ainda mais a situação.
A área de arroz está, na maior parte, em desenvolvimento vegetativo, com algumas lavouras mais antecipadas entrando na floração. Mas a falta de água para irrigação continua sendo uma preocupação crescente, especialmente com a diminuição dos níveis de rios, açudes e barragens.
As perdas para soja no ciclo passado
Produtor rural e engenheiro agrônomo, Jair Almeida da Silva cultiva soja e arroz nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Pedro Osório, no sudeste do Rio Grande do Sul, a cerca de 300 quilômetros um do outro.
Com cerca de 400 hectares de arroz e 650 hectares de soja em Santa Vitória, além de 450 hectares de arroz e 700 hectares de soja em Pedro Osório, o cultivo de Jair se mantém constante nos últimos ciclos, com expectativa de 800 hectares de arroz e aproximadamente 1400 hectares de soja para o ciclo atual nas duas regiões.
“Na soja, vínhamos colhendo entre 40 e 50 sacas por hectare, e na safra passada sofremos com fortes chuvas no período da colheita em maio, o que resultou em perdas. Perdemos mais da metade da produção e vimos uma expressiva perda da qualidade da oleaginosa pela chuva no mês, que giraram em torno de 500 a 600 milímetros”, lamenta.
Em função desse cenário, o produtor colheu 190 sacas por hectare de arroz e 22 sacas por hectare de soja em Santa Vitória, enquanto a colheita em Pedro Osório deve ficou em 200 sc/ha para o arroz e 25 sc/ha para a soja.
As expectativas para o ciclo atual
Na safra atual, há expectativa de uma colheita de 200 sc/ha de arroz nas duas propriedades. No entanto, o problema fica por conta da soja.
Jair teve um atraso no plantio da oleaginosa em Pedro Osório por conta do excesso de chuvas entre novembro e dezembro, que ainda não foi concluído. Em Santa Vitória, a semeadura da soja terminou no dia 29 de dezembro. Após isso, as chuvas elevadas deram lugar ao clima seco.
“Devemos plantar somente 60% da área em Pedro Osório por conta do clima seco atual. Com isso, devemos colher entre 40 e 50 sacas de soja. No arroz, as expectativas são boas. Os principais desafios tanto na última como nesta safra ficam por conta do clima bastante errático “.