A inflação de Milei na Argentina: De alta de 410% do papel higiênico a aumento de 40% da carne, preços disparam
Os primeiros 16 dias de governo de Javier Milei, novo presidente da Argentina, foram marcados por uma disparada de preços. Gêneros de primeira necessidade e alimentos apresentam altas de dois dígitos, à medida que produtores e varejistas se desapegam das políticas intervencionistas do ex-presidente Alberto Fernández.
Segundo o jornal El Economista, na média, a cesta básica ficou 24% mais cara nas últimas duas semanas. Alguns itens, contudo, apresentaram reajustes muito maiores. É o caso do papel higiênico, cujo preço saltou 410%. O pó de café disparou 254%; e a pasta de dente, 143%.
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Alimentos básicos, como ovo e arroz, subiram 44% e 27%, respectivamente, de acordo com o El Economista. O quilo do peito de frango aumentou 29%, e a carne moída, 40%.
A inflação argentina, neste começo de governo, não se restringe apenas aos itens básicos. A profunda desregulamentação iniciada por Milei atinge todos os setores da economia. As passagens aéreas internacionais, por exemplo, dobraram de preços com a maxidesvalização do câmbio oficial, uma das primeiras medidas do novo governo.
O preço médio dos automóveis zero-quilômetro também acelerou. Segundo o El Economista, os modelos da marca Peugeot subiram, em média, 58% nas últimas semanas; e os da Fiat, 54%.
Inflação em alta: Efeito-colateral das medidas de Javier Milei na Argentina
Milei tomou posse em 10 de dezembro, prometendo uma agenda de reformas econômicas profundas para tirar a Argentina da grave crise econômica que a aflige há anos. Com a inflação anual ao redor de 160% no acumulado até novembro, 40% da população abaixo da linha de pobreza (sendo 10% de indigentes), reservas internacionais escassas e uma barafunda de taxas de câmbio, Milei adotou uma série de medidas para desregulamentar a economia, liberar preços e cortar gastos públicos.
O problema é que, com a inflação reprimida por quatro anos de intervenções do governo peronista, retirar, de supetão, as regras de controle de preço e elevar a taxa de câmbio fizeram o custo de vida disparar.
O maior símbolo das reformas do economista ultraliberal, até o momento, é o pacote econômico que assinou em 20 de dezembro, com mais de 300 medidas que desregulamentam a economia.
“Hoje, iniciamos formalmente o caminho para a reconstrução”, disse Milei em mensagem gravada e transmitida em cadeia nacional naquele dia, referindo-se à crise que assola o país. As regras limitam exportações, privatizações e liberam aumentos de preços.
Além disso, entre as medidas anunciadas, estão revogações das leis do setor imobiliário, novas regras para a legislação trabalhista e a conversão de empresas públicas em sociedades anônimas para serem privatizadas.
“O objetivo é (…) devolver a liberdade e a autonomia aos indivíduos e começar a desmantelar a enorme quantidade de regulamentações que impediram, dificultaram e interromperam o crescimento econômico em nosso país”, disse ele, há uma semana.
Veja quanto alguns preços subiram nas primeiras semanas de Javier Milei na presidência da Argentina:
Item | Alta |
---|---|
Papel higiênico | 410% |
Café moído | 254% |
Pasta de dente | 143% |
Passagens aéreas internacionais | 100% |
Erva mate | 71% |
Água mineral sem gás | 70% |
Leite | 69% |
Coca-Cola original | 68% |
Veículos da marca Peugeot | 58% |
Veículos da marca Fiat | 54% |
Cerveja | 50% |
Macarrão | 46% |
Ovo | 44% |
Cebola | 43% |
Carne | 40% |
Bife de chorizo | 40% |
Carne moída | 40% |
Veículos da marca Toyota | 36% |
Extrato de tomate | 32% |
Peito de frango | 29% |
Arroz | 27% |
Pão tipo baguete | 18% |
Batata | 14% |
Filé de merluza | 5% |
Fonte: El Economista