A importância de uma corretora descentralizada não custodial
O ataque à corretora Cryptopia destaca a necessidade para negociação não custodial sem confiança.
No entanto, corretoras descentralizadas (DEXs, na sigla em inglês) ainda estão em estágio inicial e as únicas que podem ser consideradas como completamente descentralizadas são lentas e pesadas, além de algumas corretoras híbridas pecarem em certo nível de descentralização para fornecer melhor funcionalidade.
O balanço entre função e descentralização ainda está sendo elaborado, mas construir uma DEX em uma tecnologia de sidechain é a inovação mais recente para esse objetivo.
A custódia e segurança de seus fundos em uma corretora é imaterial se a corretora for centralizada ou completamente descentralizada e tem mais a ver se é custodial ou não.
Custodial significa que seus fundos são mantidos na corretora e eles têm acesso a suas chaves privadas. Não custodial significa que você tem o controle de suas chaves privadas.
As primeiras DEXs eram completamente “on-chain”, usando os contratos inteligentes para armazenar os livros de oferta ou reservas de token para negociação.
Por conta disso, são tão limitadas pela latência e escalabilidade do blockchain subjacente a ponto de serem quase redundantes para negociadores que precisem de finalidade ou execução instantânea.
As primeiras DEXs também não possuíam os recursos básicos das corretoras centralizadas, como “stop-loss” em negociações e ferramentas gráficas.
Assim como dapps (aplicações descentralizadas) em todos os blockchains, para que as corretoras descentralizadas atinjam a adesão convencional, escalabilidade precisa ser solucionada, e a experiência do usuário (UX) e o design de interface (UI) precisam superar os de adversários centralizados.
Existem três componentes principais para escalabilidade: a escalabilidade da rede (taxa de transferência de transações), escalabilidade de armazenamento (a quantidade de espaço em disco que leva para um nó armazenar o registro no blockchain) e a escalabilidade computacional (o poder de computadores executando os nós).
No entanto, sem solucionar o ponto de congestão da rede primeiro, mesmo com armazenamento suficiente e poder computacional, o blockchain vai sofrer para fazer o dimensionamento, já que é limitado pela largura de banda.
Dimensionamento: Plasma
Existem duas formas de dimensionar uma rede. A primeira opção é na primeira camada, melhorando o protocolo central do blockchain. A segunda é com uma solução de “segunda camada”, que envolve soluções de construção que estão acima do blockchain.
Soluções de primeira camada incluem o sharding (partição de dados) do registro em partes menores, para que cada nó não tenha que executar o registro completo, apenas a parte relevante de suas transações.
Apresentam ZK STARKs (argumentos de conhecimento sucinto transparentes de conhecimento-zero), mais rápidas e mais dimensionáveis do que ZK SNARKs (argumentos de conhecimento sucinto não interativos de conhecimento-zero), para o protocolo para unir transações e verificá-las com uma prova.
Também há o separamento de tarefas do processamento de transações e da obtenção de consenso para que os nós não tenham que fazer os dois.
Gráficos Acíclicos Direcionados (DAGs, na sigla em inglês) também evitam as restrições de dimensionamento dos blockchains convencionais, pois os agentes da rede podem tanto enviar como receber transações simultaneamente e nós podem ter dupla função: validadores de consenso e de transações.
O dimensionamento na segunda cama inclui sidechains (Raiden e Plasma para ether e a Lightning Network para bitcoin), canais formais e de pagamento.
Enquanto Raiden é a versão da Ethereum para a Lightning Network, Plasma é uma nova solução que reduz a quantidade de aplicativos de interação na “cadeia” principal para armazenamento de dados e transações.
OmiseGo é uma grande criptomoeda construída na Plasma e descreve sua rede OMG como “infinitamente dimensionável”.
Gluon Plasma
Gluon Plasma é um outro “tempero” no sidechain tradicional Plasma, criado especificamente para corretoras e cuja preocupação principal é criar corretoras não custodiais, de baixa latência e com taxas baixas.
Leverj é a primeira DEX híbrida construída na Gluon e, no futuro, a sidechain vai hospedar várias DEXs, que irão compartilhar liquidez e dados de oferta entre si.
Leverj planeja atender tanto os clientes institucionais como os individuais com leveragem até 100x nos tokens da Ethereum e ERC-20, derivativos e ferramentas gráficas avançadas nas corretoras tradicionais.
O sidechain tradicional Plasma, proposto por Vitalik Buterin e Joseph Poon, usa um modelo UTXO (o cache de quantias de transações não gastas utilizado por criptoativos como bitcoin e litecoin) enquanto Gluon escolheu um sidechain de modelo de conta, usado no mainchain da Ethereum, pois considera o modelo UTXO fraco para dimensionamento das corretoras.
Assim com o “trilema” do blockchain para escalabilidade, segurança e descentralização, Gluon sugere que existem quatro pilares para criar uma finança sem confiança, que raramente estão alinhados:
1. segregação: moedas são criadas ou enviadas diretamente pela custódia do dono;
2. agência: posse de moedas pode mudar apenas com a intenção comprovada do dono;
3. solvência: apenas moedas criadas de forma legítima e não utilizadas anteriormente podem ser gastas;
4. integridade: movimentação de moedas deve cumprir todas as regras de consenso da rede.
Além disso, corretoras centralizadas não têm propriedades de segurança porque nenhum dos quatro pilares são atingidos. Por outro lado, corretoras descentralizadas podem atingir todos esses quatro, se forem feitos corretamente, para criar uma verdadeira finança sem confiança.
Gluon só está preocupada com custódia e sua proof-of-safety (“prova de segurança”) “está na prova de que a corretora pode aplicar segregação, agência, solvência e integridade em todas as suas operações”.
Por que uma corretora não custodial é importante?
Fora os vetores de ataque que as moedas estão suscetíveis a receber, como o ataque de 51% da Ethereum Classic, que tirou dinheiro não das exchanges, mas teve duplo gasto de moedas de forma arbitrária.
Negociadores e investidores estão potencialmente duplicando o risco ao negociar em determinadas corretoras centralizadas que também têm muitos vetores de ataque, como exemplificado pela Cryptopia.
Gluon Plasma usa provas de fraude como um meio de certificar que uma transação ou uma “cadeia” de transações é válida e assegurar as corretoras, mas usar essas provas em corretoras centralizadas é inviável, pois não há limites entre os endereços de envio e de depósito.
Isso também significa que não existe outra maneira de uma corretora provar que não está funcionando na reserva fracional e investindo, em outro lugar, o dinheiro depositado.
A segurança que as corretoras centralizadas implementam, com autenticação de dois fatores e de celular ou e-mail fornece uma variedade de possíveis ataques.
Identidade e agência interligadas usando endereços e assinaturas criptografadas são mais fortes do que qualquer autenticação de dois fatores ou associação de canal alternativa.
Usando provas de fraude, em Gluon, só existe um validador. A rede inteira deve ser honesta e presente para impedir um operador malicioso de roubar fundos.
Enquanto as corretoras centralizadas fizeram um ótimo trabalho ao integrar a primeira geração de investidores de criptoativos, não há fim para os hacks de fundos sob sua custódia.
O futuro vai ser descentralizados e, apesar de as corretoras não custodiais e os blockchains apenas executarem dez transações por segundo atualmente, e os custos “on-ramp” (de negociação direta) variam de 2% a 4%, sidechains serão utilizadas no meio termo.
Ao escolher uma corretora, negociadores/investidores tiveram que sacrificar pelo menos um dos três elementos (funcionalidade, descentralização ou segurança) para encontrar o seu melhor lugar.
Mas, utilizando Plasma, a solução de dimensionamento mais avançada da Ethereum, podem estar chegando mais perto de um modelo híbrido dos três.