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A guerra contra o dinheiro se espalha no Mediterrâneo

19 dez 2019, 14:09 - atualizado em 08 jun 2020, 16:11
A adesão de cripto vai se beneficiar da repressão da Grécia e da Itália aos mercados clandestinos e evasão fiscal e tomar a dianteira na “guerra contra o dinheiro” (Imagem: Nation Thailand)

No Mediterrâneo, Grécia e Itália tomaram a dianteira na guerra global contra o dinheiro.

Novas leis, criadas ostensivamente para reprimir os mercados clandestinos e evasão fiscal, estão forçando os cidadãos a realizar transações eletronicamente. Alguns sugerem que isso irá resultar na adesão dos criptoativos.

De acordo com as medidas, os cidadãos gregos devem gastar ⅓ de sua renda de forma eletrônica. Já os cidadãos italianos só podem fazer pagamentos em dinheiro até  € 2 mil, valor que, possivelmente, será reduzido para € 1 mil em 2022.

Se as pessoas se recusarem a cumprir com essas leis, recebem altíssimas multas.

Os cidadãos gregos que não cumprirem com os objetivos de gasto eletrônico devem pagar uma taxa de 22% do déficit e, do outro lado da transação, varejistas italianos que se recusarem a aceitar cartões de crédito levarão multa de € 30 + 4% do valor de pagamento.

O objetivo principal dessas medidas é reduzir a sonegação de taxas (uma vez considerada pelos políticos gregos como um esporte nacional), que piorou porque os cidadãos gregos carregaram o fardo das medidas de austeridade relacionadas aos reembolsos aos credores gregos.

Sob a ótica em relação à “economia paralela” drenando a receita dos governos italianos e gregos, o passo em direção à economia sem dinheiro em espécie ressoa com um maior movimento ideológico que está se estendendo pela Europa e pelo resto do mundo.

De acordo com o FMI, as taxas de juros negativas podem impulsionar economias que não conseguiram se recuperar (Imagem: Shutterstock)

Economias sem dinheiro em espécie

Sem a liberdade de conseguir pagar com dinheiro em espécie, as pessoas não têm outra escolha senão se submeter à vigilância e tributação.

Ainda mais conveniente é o punho de ferro do governo sobre as entradas e saídas de dinheiro da economia, o que permite que eles implementem, de forma mais fácil, taxas de juros negativas.

Tanto o BCE como o FMI planejam apresentar taxas de juros negativas que, de acordo com eles, são necessárias para impulsionar economias que falharam em responder a estímulos econômicos mais tradicionais como alívio quantitativo.

Em um mundo sem dinheiro, os cidadãos não têm como tirar dinheiro do banco e armazená-lo longe da erosão estável de taxas de juros negativas, além de serem encorajados a gastar e estimular a economia.

Mas muitos acreditam que prender os cidadãos a taxas de juros negativas é uma política econômica perigosa.

Fabio Andreotti da Fundação para Educação Econômica (FEE, na sigla em inglês) sugere que taxas negativas podem resultar em corridas até o banco se as pessoas decidirem, em massa, sacar e armazenar dinheiro em casa. Em algum momento, é provável que as pessoas adotem novas formas de pagamento.

“Banir dinheiro físico simplesmente resultaria à emergência de meios de pagamento alternativos que superariam as ofertas oficiais”, diz Andreotti. “Muitas pessoas começariam a usar substitutos parecidos ao dinheiro.”

Criptoativos são a alternativa mais provável das economias sem dinheiro em espécie (Imagem: Freepik)

Plano B

Grécia e Itália poderiam ser os casos de teste ideais para a implementação de políticas “sem dinheiro” na Europa, o que ajudaria as autoridades a ver se a subtração do dinheiro da equação ajudaria outros países a vivenciar problemas pela adesão de taxas de juros negativas, como Dinamarca e Japão.

No entanto, cidadãos forçados a ver o valor de sua poupança sumir possam não entender qual a vantagem, e entusiasta de criptomoedas conseguiram sugerir rapidamente que o bitcoin — um ativo deflacionário — pode ser a resposta para preservar renda e armazenar valor em economias sem dinheiro.

“É hora do plano B na Grécia também”, tuitou o especialista em bitcoin Andreas Antonopoulos. “A guerra ao dinheiro e o desejo por vigilância e controle acabou de se intensificar.”

Apesar da curta duração, o relatório da Brave New Coin intitulado “O Fim do Dinheiro” conclui que taxas de juros negativas poderiam ser o ímpeto para a adesão constante das criptomoedas.

É possível que os criptoativos que entram na categoria de “ativos de Transação Anônima e Seletiva”, incluindo moedas de privacidade como monero e zcash, sejam os mais beneficiados em uma transição para uma economia sem dinheiro ao substituir cédulas e moedas por uma forma digital de dinheiro que é igualmente capaz de realizar transações diárias fora de olhos curiosos.

Dinheiro lastreado por commodities, que inclui criptoativos que possuem características de commodities, como o bitcoin, também vão se beneficiar da transição ao atuarem como uma reserva de valor no novo mundo sem dinheiro em espécie.

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