‘A grande oportunidade do mercado’, segundo o Inter; veja quais títulos públicos comprar agora
Com os títulos públicos indexados à inflação chegando a taxas próximas aos 7% e prefixados superando a marca dos 13%, os investidores têm buscado o Tesouro Direto como um dos principais investimentos nos últimos meses. Com tantas opções atrativas, o Inter selecionou os títulos que acreditam ser a “grande oportunidade do mercado”.
Na visão do Rafael Winalda, especialista em renda fixa que assina o relatório, os títulos IPCA+ são, de fato, a bola da vez. O profissional explica que a média histórica desses produtos é um pouco abaixo dos 6% e que atualmente eles estão rendendo cerca de 7%, o que justifica a busca por esse tipo de ativo. Por isso, para ele, o que vai determinar um ganho ainda maior será o tempo.
Em uma conta realizada pelo especialista, com rendimento médio dos títulos IPCA+ é possível dobrar os investimentos em cerca de 7 anos, em termos nominais. Com as atuais taxas praticadas, esse tempo cai para 6,5 anos.
Em entrevista recente ao Money Times, a estrategista-chefe do Inter, Gabriela Joubert, disse o prêmio dos títulos está em um patamar mais alto do que deveria. “Eu acho que existe, sim, um exagero do mercado. A situação que estamos vendo hoje, macroeconomicamente falando, não deveria pedir juros no patamar em que estão pedindo. É surreal”.
Joubert explicou que os atuais dados apresentados pelo Brasil como PIB, inflação e desemprego estão em um bom patamar e relembra que taxas de juros nestes níveis só foram vistas por volta de 2016, quando houve o impeachment da então presidente da República, Dilma Rousseff. No período, a inflação disparou e chegou a 11%.
Considerando este cenário pintado pelo Inter de que as taxas podem voltar a cair, justamente por entenderem que não há uma crise como anteriormente, Winalda diz que comprar títulos IPCA+ de longo prazo é uma boa estratégia. Portanto, a atual recomendação do banco é o Tesouro IPCA+ 2045.
“Dos títulos de longo prazo, é o vencimento que apresenta uma taxa muito boa e com uma volatilidade condizente, sim, esses títulos têm marcação a mercado”, justifica o especialista.
Para aqueles investidores que não possuem disposição para carregar o título até um vencimento tão longo, o Inter recomenda o Tesouro IPCA+ 2029.
“O risco desta opção, no entanto, é quando chegar em 2029. A que taxa você vai reinvestir? Pode ser em taxas mais altas ou iguais as atuais? Sim. Mas bem provavelmente que não será, uma vez que debatemos que as taxas atuais mostram uma oportunidade de momentos de estresse, e janela de oportunidades como estas não se abrem a todo momento”, explica.
Selic mais alta à vista: é hora de aproveitar?
Nesta quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a sétima decisão do ano sobre a taxa Selic. O colegiado do Banco Central decidiu pelo aumento de 0,50 pontos-base, portanto, o juros passa a ser de 11,25% ao ano.
Pela avaliação dos analistas, esta alta não deve parar por ai. No último Relatório Focus, os economistas ouvidos pelo BC seguem projetando uma taxa de 11,75% para o final de 2024.
Neste cenário, Winalda acredita que o Tesouro Selic também é uma boa opção de investimentos. “Como o Tesouro Selic tem rendimento e liquidez diários, acaba sendo uma opção segura e prática, funcionando como uma excelente alternativa para você remunerar a sua reserva de emergência e o seu caixa”.
Ele destaca também que o único momento de retorno real negativo desse tipo indexador nos últimos 20 anos foi durante a pandemia, quando foram feitos cortes de juros pelo mundo todo.
Há oportunidades nos prefixados?
Enquanto isso, os títulos públicos prefixados, ou Tesouro Prefixado, estão em um momento de maior cautela. Por conta da rentabilidade do investimentos ser decida na hora da contratação, é possível que o investidor perca dinheiro caso as taxas praticadas venham a subir. Por isso, nesse produto, é comum a famosa “marcação a mercado”, momentos de janelas de rentabilidade em que os compradores podem vender o título antes do tempo e lucrar com a movimentação.
Para Winalda, a exposição a esse tipo de ativo na carteira deve ser de 5% e com vencimentos curtos entre 12 meses e no máximo 2 anos.
“Invista cautelosamente, uma vez que os juros podem continuar subindo, o que levaria à correção do valor investido, já que a relação entre valor de face e juros é inversa”, alerta.