Argentina

A grande crise da Argentina virá em 2019, avalia Roubini

15 maio 2018, 18:11 - atualizado em 15 maio 2018, 18:17

A Roubini Global Economics avalia que a grande crise da Argentina poderá vir em 2019, avalia a consultoria em um relatório enviado a clientes nesta terça-feira (15) e obtido pelo Money Times. “Nosso cenário central agora é que os cortes orçamentários irão exacerbar a agitação social existente e levar à eleição de um presidente anti-mercado em 2019, com uma crise mais séria depois. No entanto, ainda há muito tempo para que esse cenário mude se os esforços contínuos para estabilizar o país forem bem-sucedidos”, avalia a economista Priscila Robledo.

Com o aumento do dólar, o Banco Central da Argentina (BCRA) elevou, por três vezes em uma semana, a taxa de juros até 40% ao ano, desencadeando uma série de reações no país. Os argentinos vivem momentos de apreensão, pois com a economia atrelada ao dólar, a tendência é de disparada de preços, perda do poder de compra e especulações.

A recente turbulência na Argentina aumentou sua necessidade de consolidação fiscal, e o FMI provavelmente garantirá que isso esteja ocorrendo ao estabelecer suas condições para o empréstimo ao país, explica a avaliação.

“O FMI provavelmente exigirá um ritmo acelerado de ajuste fiscal, particularmente reduzindo salários públicos, aposentadorias e transferências sociais. O FMI provavelmente também solicitará que a Argentina adote uma âncora fiscal de médio prazo e mecanismos de fiscalização mais rígidos”, ressalta Priscila. Ela lembra que o momento é complicado para o governo, pois há eleições presidenciais no quarto trimestre de 2019.

Indefinição

O clima de incerteza domina os principais setores do país. As centrais sindicais convocaram para o próximo dia 28 o início de uma temporada de mobilizações denominada “Plano de Luta”, na tentativa de resistir a eventuais reajustes de tarifas dos setores de públicos, como energia elétrica, água e gás. Paralelamente, atuam ao lado de organizações sociais em favor de uma proposta da oposição que limita os aumentos das tarifas.

“Se um candidato anti-mercado ganhar apoio (como esperamos), os investidores podem decidir parar de financiar totalmente o grande déficit em conta corrente da Argentina”, explica o relatório. A consultoria lembra que, apesar de não existir pressão imediata sobre as reservas cambiais e o empréstimo do FMI aumentar ainda mais as reservas, limitando o risco de esgotamento das reservas no curto prazo, o médio prazo é mais problemático, no entanto, e uma crise parece provável a partir de 2019.

À Agência Brasil, o analista político Rosendo Fraga disse que a compreensão dos argentinos com o governo de Macri está chegando ao fim. “Os eleitores entenderam que Macri herdou uma situação difícil, mas politicamente esse argumento tem data de vencimento. Só vale durante os primeiros dois anos de mandato”, afirmou. “

Com Agência Brasil