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A gigante plant-based do agro brasileiro; ‘O produtor da Califórnia migrou do leite para amêndoa e não se arrepende’

29 jul 2025, 15:19 - atualizado em 29 jul 2025, 15:19
vida veg plant-based
(Foto: VIda Veg)

Os alimentos plant-based — produtos feitos principal ou exclusivamente a partir de ingredientes vegetais — seguem em franca expansão no Brasil e no mundo.

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Em 2023, esse mercado registrou crescimento de 42% em terras brasileiras, com valor de mercado de R$ 1,2 bilhão. A expectativa é que o mercado de proteínas plant-based alcance US$ 370 bilhões em 2035. Por aqui, a Vida Veg lidera a escalada do segmento.

A empresa, que surgiu em 2016, nasceu após uma viagem de Álvaro Gazolla, fundador da companhia, quando o empresário observou o crescimento da alimentação vegetal e do avanço dos produtos vegetais semelhantes ao iogurte.

Antes disso, o engenheiro de alimentos também já havia atuado como sócio da Verde Campo, empresa que se destacou pela inovação e lançou produtos como o primeiro iogurte e queijo sem lactose do Brasil, e que depois foi vendida para Coca-Cola.

Em 2018, Gazzola passou 10 meses na Califórnia, berço do movimento plant-based, se aprofundando nas tendências e práticas do setor e impulsionou a aceleração do negócio a partir de 2019.

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“A partir de 2020, pós-pandemia, começamos numa fábrica pequena, com capacidade para 200 toneladas por mês. Só trabalhamos com produção própria, diferente de muitas empresas que terceirizam. Nos últimos 4 – 5 anos, crescemos 120% ano a ano e em 2024 atingimos um faturamento de R$ 85 milhões “, disse, ao Money Times.

Entre as matérias-primas que compõem os custos de produção, estão: castanha de caju, amêndoas, coco, aveia e grão-de-bico. Todos esses produtos, com exceção das amêndoas — importadas do Chile — são adquiridos no mercado interno.

“Temos uma estrutura de custos similar a uma empresa tradicional de alimentos de origem animal, com a diferença de que não há, obviamente, nenhum ingrediente de origem animal ou glúten”.

A Vida Veg é uma empresa do agronegócio?

De forma categórica, Gazolla afirma que a Vida Veg é uma companhia “100% do agro”.

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“Toda nossa matéria-prima vem do agronegócio. Estamos dentro do setor, mas estamos ligados a um agro inovador, com uma tendência de consumo nova”.

Entre diferenças na comparação com o mercado tradicional do leite, Gazolla comenta que o processo do leite da vaca é pensado do início ao fim, com o produtor tirando o leite a semana inteira, sem descanso.

“O produtor não tem feriado, Natal ou Réveillon, e a família dele paga o preço disso. Um setor muito pesado e onde a sucessão familiar é muito difícil. E isso também acontece no laticínio, que produz 24 horas por dia. No nosso caso, as matérias-primas são menos perecíveis e eu posso estocar. Se eu quiser fechar minha fábrica por 10 dias, eu fecho”.

Sobre esse movimento de transformação, o fundador gosta de citar o exemplo da Califórnia, maior produtora de amêndoas do mundo, produzindo quatro vezes mais que a Itália, segunda colocada globalmente. Há 20 anos, os produtores do estado norte-americano produziam leite.

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“Eles migraram do leite para a amêndoa e se deram muito bem, com aumento do valor agregado. Pergunta para o produtor da Califórnia se ele quer voltar a tirar leite. Não quer voltar, ele começou a ter uma vida melhor. Acho que o Brasil precisa olhar para o futuro, com subsídios”.

Plant-based x Proteína animal

Atualmente, o mercado dos plant-based está concentrado nas bebidas vegetais, e na visão do fundador da Vida Veg, a tendência é de um aumento da procura por proteínas de boa qualidade, independentemente de ser vegetal ou animal.

“O que as pessoas estão buscando? Proteína de qualidade nutricional. E hoje, há pouco conhecimento sobre a qualidade proteica de cada proteína, já que cada uma conta com diferente absorção e resultado. De qualquer forma, vejo no futuro esses dois mercados (vegetal e animal) caminhando em harmonia, não acredito nessa eterna briga”.

Segundo Gazolla, os mitos de que a proteína vegetal não é boa como a animal tendem a cair.

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“Independente de ser animal ou vegetal, o que vai contar mesmo é o fato de ser uma proteína de alto valor nutricional. Se você tem proteína similar de origem vegetal, que te entrega o mesmo valor nutricional, o mesmo aporte para o meu músculo, porque você não vai trocar, fazer uma substituição ou mesmo mesclar? Ainda mais pensando que a proteína vegetal é mais sustentável”.

Quais as tendências do mercado?

O fundador da Vida Veg comenta que houve no setor industrial muitos movimentos para produção de alimentos análogos à carne.

“Vimos muitos produtos com aroma de carne. Isso deprecia o segmento e essa é uma tendência que está ficando para trás. O consumidor quer uma proteína de qualidade e um clean label, sem estar carregado de aromas e ingredientes. As empresas já não querem mais fazer o produto vegetal com gosto de carne”.

Para ele, esse mercado de “cópia” de carne animal tende a estagnar e diminuir “Em 2021-2022, quando houve esse boom, a Beyond Meet chegou a valer mais que a BRF. Isso foi um hype que não vai acontecer de novo”.

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Outra tendência que impulsiona o mercado plant-based, principalmente nos Estados Unidos, são os preços menores.

“Numa roda de conversa que participei nos EUA, a questão era: Por que as pessoas estão virando vegetarianas ou veganas? E uma das respostas foi custo, porque é mais barato consumir a proteína vegetal que a animal. A proteína da soja estava mais barata do que a carne”.

Um outro fator que chamou a atenção de Álvaro foi a migração do leite vegetal para o leite de aveia.

“Eu fui em uma cafeteria em Los Angeles em março, que me disse estar mudando de leite de vaca para leite de aveia por conta do menor custo. Além disso, ele reforçou que isso melhora o atendimento dele, porque não há restrições alimentares. Ou seja, ele resolveu dois problemas: o custo baixou e ele não precisa ter dois produtos diferentes em estoque”.

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O que atrapalha os plant-based no Brasil?

Diferente dos Estados Unidos, onde a carga tributária é igual para bebidas vegetais e animais, no Brasil, há uma carga tributária 35% acima para produtos vegetais.

Entre os países que estão na nossa frente neste segmento, Gazolla cita os EUA, Alemanha, Inglaterra e Espanha.

“Na Espanha, o Carrefour tem uma marca plant-based própria no seu portfólio. Onde há isonomia tributária, quando há preço, o mercado cresce. Se quebrarmos essa barreira, o mercado vai acelerar sua expansão”.

A Vida Veg não fecha a porta para um IPO no futuro ou mesmo expansão internacional, ainda que não pense em M&A’s (fusões e aquisições) no momento. A expectativa é atingir um faturamento de R$ 100 milhões em 2025 e de R$ 300 milhões em 2028

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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