“A Geração Z estava abandonada”, diz CEO e fundador da fintech que recebeu aporte US$ 10 milhões
A Geração Z compreende, basicamente, aqueles que cresceram junto com a popularização da internet. Imersos nesse ambiente, esse grupo traz consigo novas formas de se relacionar, trabalhar e até mesmo viver, e a parte financeira não escapa disso.
Quem acha, por exemplo, que a mesada fica no cofrinho como antigamente, está muito enganado. Fundada em 2021, a NG.CASH tem como objetivo ajudar essa geração a alcançar a independência financeira.
Nas veias da empresa também corre sangue jovem: ela é fruto da colaboração do aluno da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Mario Augusto Sá (atual CEO da empresa), de 24 anos, e do professor de empreendedorismo Luis Felipe Carvalho.
Para o CEO, o papel da faculdade em sua trajetória foi importante, trazendo uma mentalidade voltada para o empreendedorismo. “Conheci grande parte da meus sócios. O ecossistema e o talento que a faculdade tem”.
A empresa
Em agosto, a fintech recebeu um aporte de US$10 milhões de dólares e entrou para o grupo de maiores rodadas de seed money do Brasil. A NG.CASH tem como objetivo, além de ajudar esses jovens a se tornarem independentes financeiramente, proporcionar conhecimento sobre educação financeira.
Para Mario isso é “uma responsabilidade muito grande, uma honra. Principalmente, pelo o que isso significa para uma geração”.
Como serviços, a empresa permite aos clientes o gerenciamento do seu próprio dinheiro ao garantir autonomia e segurança em transações como PIX, cartão de crédito pré-pago, gerenciamento de mesada e cartão virtual, além de diferenciais como personalização de skin e marketplace de descontos.
O crescimento acontece em meio a um cenário conturbado para as startups com grandes nomes do setor, como QuintoAndar e Loft, realizando demissões em massa. Mas, para o CEO da fintech “nascemos prevendo isso”, não descartando, para os planos de longo prazo, a realização do IPO.
A empresa explora uma fatia de serviços financeiros para adolescentes que, em outras partes do mundo, já produziu “unicórnios” (startups com valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão) como as norte-americanas GreenLight, Step e Current.
Paixão por empreender
Integrante da Geração Z, a primeira que nasceu em um ambiente completamente digital e que compreende os nascidos entre o fim da década de 1990 e 2010, Mario está em seu terceiro empreendimento.
Ele começou a trabalhar com 14 anos quando, ao lado dos amigos Victor Trindade e Gabriel Soares, abriu o canal de desafios e vlogs (espécie de blog em que os conteúdos são feitos em vídeos) Neagle no YouTube. Hoje, a conta soma mais de 8 milhões de inscritos.
Sua segunda investida foi em 2018 quando decidiu cursar Engenharia da Computação na PUC-Rio, onde conheceu o professor Luis Felipe Carvalho cofundador da NG.CASH. Na época, os dois criaram a fintech Trampolim, que foi adquirida dois anos depois pela Stone.
Olhando para os feitos o CEO considera que começou cedo, “por uma paixão” e “acabou virando uma paixão por empreender, foi uma escada”.
“A Geração Z estava abandonada”
Considerando que somente no Brasil a chamada Geração Z já ultrapassa o total de 50 milhões de pessoas entre 10 e 24 anos, a oportunidade de mercado é gigantesca. Se considerar a América Latina como um todo, o segmento soma centenas de milhões de jovens conectados e buscando novas formas de interação com dinheiro eletrônico.
“Assim como foi com a gente, a Geração Z começa a ganhar dinheiro cada vez mais cedo. Por isso, é muito importante oferecer recursos que proporcionem autonomia financeira logo no início da vida. Criamos a NG.CASH a partir das nossas necessidades, muito relacionadas à dor real dessa geração que é nativa digital e possui novos hábitos em relação às gerações anteriores”, aponta.
Ele identifica, também, como diferencial o fato de saber se comunicar com esse público, “facilita muito a conexão e o engajamento com os nossos usuários, já que fazemos isso há anos com os conteúdos do canal [do Youtube]”. Para Mario, “a Geração Z estava abandonada, não tinha ninguém pensando nela, em um produto para ela”.
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