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O trimestre da virada do Bradesco (BBDC4) chegou? Veja o que dizem analistas (e o que fazer com papel)

05 ago 2024, 15:14 - atualizado em 05 ago 2024, 15:14
Por volta das 13h39, a ação disparava 6,48%, a R$ 13,47. Segundo analistas, o trimestre foi marcado pela
melhora no produto bancário (Imagem: Kaype Abreu/Money Times)

Contra tudo e contra todos, o Bradesco (BBDC4) ignorou a aversão ao risco que castiga os mercados globais nesta segunda-feira (05). A expectativa era que a ação caísse junto com Ibovespa. Porém, o banco conseguiu entregar resultado de encher os olhos, com lucro líquido de R$ 4,7 bilhões e melhora no ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) e indicadores de qualidade, como inadimplência e provisões para devedores duvidosos (PDD).

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Por volta das 13h39, a ação disparava 6,48%, a R$ 13,47. Segundo analistas, o trimestre foi marcado pela
melhora no produto bancário, onde o Bradesco não só voltou a crescer mais sua carteira, como o spread melhorou após consecutivos trimestres de queda, tudo isso enquanto a inadimplência reduziu em 0,5 p.p., atingindo a marca de 4,3%.



Analistas destacam também que o Bradesco, se não chegou, está muito próximo de ‘virar a chave’ da rentabilidade após trimestres consecutivos de perdas que jogaram o ROE para mínimas históricas e prejudicaram o lucro.

O Goldman Sachs destaca que o principal ponto foi a provisão mais baixa, que caiu 7% no trimestre, uma vez que a qualidade dos ativos mostrou boas tendências, com o índice de NPL (empréstimos que não foram pagos aos bancos após 90 dias do vencimento) caindo 60 pontos-base, para 4,3%.

Por outro lado, a NII (margem financeira) ficou ligeiramente abaixo da previsão do banco, principalmente devido a NII do mercado mais fraca, enquanto a NII do cliente aumentou 5% no trimestre, com a recuperação dos empréstimos no trimestre, especialmente empréstimos às PME (pequenas e médias empresas).

O Itaú BBA diz que o desempenho operacional está avançando, conforme demonstrado pela carteira de empréstimos 2,5% mais alta em relação ao trimestre anterior e pelo NII de clientes 5% mais alto. Já a qualidade do crédito melhorou 50 pontos-base, liderada pelas PME, elevando ligeiramente os rácios
de cobertura para 170%.

As receitas de serviços também subiram 5% em termos trimestrais, lideradas por taxas relacionadas com crédito e mercados de capitais. Para a corretora, o banco mostrou desempenho sólido da carteira de empréstimos, enquanto o melhor desempenho do NII à medida que as receitas dos clientes compensaram a queda da tesouraria.

Virada de chave do Bradesco; hora de comprar?

Na visão do BTG Pactual, os volumes crescentes e um mix mais favorável (mais risco sendo adicionado ao portfólio) levaram a margem financeira líquida de clientes a mostrar uma expansão acima do esperado “Foi a primeira expansão em mais de seis trimestres, o que acreditamos ser um ponto de virada crucial para a ambição do Bradesco de recuperar seu ROE”, afirma.

Enquanto isso, escreve, a margem financeira de mercado/tesouraria foi pressionada por piores resultados de trading (queda de 48% tri/tri para R$ 325 milhões), “embora isso não tenha sido uma surpresa dado o que vimos nos resultados do Santander (SANB11) e a abertura de juros durante o trimestre”.

“Entretanto, as taxas ficaram modestamente acima das expectativas, compensando os seguros mais fracos, e as despesas mantiveram-se em linha. Acreditamos que os resultados devem ser bem recebidos pelo mercado, dadas as expectativas ainda baixas e a melhoria do NII dos clientes e das tendências de qualidade dos ativos”, coloca.

Mesmo assim, o BTG diz que ainda acredita que o Bradesco tem um caminho difícil e muito longo pela frente e “não gostamos de tirar grandes conclusões com base apenas em um trimestre”. O banco nota, porém, que este trimestre apresenta uma “imagem” muito melhor do P&L e do balanço patrimonial em comparação aos anteriores.

O EBT, que o banco considera uma melhor proxy para “poder de geração de lucros”, aumentou 19% em relação ao primeiro trimestre e superou nossa estimativa em 16%. O BTG tem sido um pouco mais construtivo em relação às ações na margem, principalmente devido ao valuation, com a ação caindo 23% no acumulado do ano e sendo negociada perto de 0,8x o valor patrimonial.

“Nossa recomendação neutra permanece, mas acreditamos que a ação tem espaço para superar seus pares no curtíssimo prazo”, conclui.

A Ativa vai pelo mesmo caminho ao afirmar que o grande destaque está na demonstração da capacidade em voltar a crescer, enquanto consegue melhorar a qualidade da carteira de crédito.

“O resultado do Bradesco não é só positivo no trimestre, é principalmente no qualitativo, nos parece um fim do movimento risk off da carteira enquanto a qualidade segue melhorando, o que dá maior confiança nos próximos resultados”, diz.

Para o BBA, os resultados indicam que o banco está no caminho certo para restaurar a rentabilidade, com ação negociada a 8 vezes o preço sobre lucro (P/E). Já o Safra afirma que a qualidade dos ativos foi melhor do que o esperado, confirmando a visão de uma melhoria nas tendências da carteira.

“No geral, vemos o banco apontando para melhores tendências no futuro, o que deverá apoiar as nossas estimativas atuais e representar um potencial risco ascendente para os números e o ROE de 2025. Reiteramos nossa classificação Outperform em uma avaliação barata de 0,84 vezes P/BV (preço sobre valor patrimonial)”, conclui.

Veja a recomendação das casas:

Recomendação Preço-alvo
Goldman Sachs Neutro R$ 14
XP Neutro R$ 16
BTG Neutro R$ 14
Ativa Compra R$ 17
Itaú BBA Compra R$ 15
Safra Compra R$ 16

 

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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