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A era do open source

30 mar 2025, 13:00 - atualizado em 27 mar 2025, 14:52
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O termo open source surgiu em 1998, criado por Christine Peterson, cientista e futurista americana e foi promovido pela Open Source Initiative. (Imagem: Paxabay/ StockSnap)

Na minha última coluna, falei sobre como o modelo SaaS está evoluindo com a integração da Inteligência Artificial (IA). Esse avanço reforça tendências que já vinham ganhando potência no mercado, como o open source – um modelo de desenvolvimento baseado na transparência e na colaboração, onde qualquer pessoa pode acessar, modificar e aprimorar um código.

Essa liberdade não só eleva a qualidade do software, como também reduz vulnerabilidades ocultas, tornando as soluções mais seguras e eficientes.

Mas o open source vai muito além da programação. Ele é um movimento, uma filosofia que defende o compartilhamento do conhecimento, a inovação coletiva e o acesso democrático à tecnologia. Quando mentes de diferentes partes do mundo trabalham juntas, o progresso acelera e surgem soluções que dificilmente seriam criadas dentro de equipes fechadas.

Outro ponto fundamental do código aberto é a transparência. Qualquer pessoa pode analisar como o software funciona, sugerir melhorias ou adaptá-lo às suas necessidades. Isso gera mais confiança e também abre caminho para que novos desenvolvedores aprendam na prática, contribuam para projetos reais e cresçam dentro de uma comunidade acolhedora.

Um pouco da história do open source

A ideia de compartilhar conhecimento livremente é antiga, presente desde as primeiras comunidades científicas. No mundo da computação, essa mentalidade ganhou força com o movimento do software livre, que defendia que os usuários deveriam ter total controle sobre os programas que utilizam.

O termo open source surgiu em 1998, criado por Christine Peterson, cientista e futurista americana e foi promovido pela Open Source Initiative (OSI), organização liderada por Bruce Perens e Eric S. Raymond (que mais tarde foi precursor da origem o código do Mozilla Firefox, empresa open source). A intenção era tornar o conceito mais atraente para empresas, afastando a imagem radical associada ao movimento.

Por volta dessa época, o mercado começou a perceber o valor do código aberto. A Red Hat, por exemplo, foi uma das primeiras empresas a oferecer suporte empresarial para o Linux e se tornou referência no setor. Já nos anos 2000, gigantes como IBM, Google e Sun Microsystems passaram a investir pesado em projetos open source.

Com o tempo, o código aberto se tornou o padrão da inovação tecnológica. Tecnologias como Git, Docker, Kubernetes e TensorFlow ajudaram a transformar áreas como inteligência artificial, computação em nuvem e desenvolvimento web. Linguagens como Python e JavaScript cresceram dentro desse ecossistema colaborativo, impulsionando novos avanços.

Hoje, empresas como Google, Facebook, Amazon e Microsoft não apenas utilizam software open source, mas também contribuem ativamente para ele. O lançamento do Android, em 2008, consolidou o Linux como parte do dia a dia de bilhões de pessoas. Plataformas como GitHub reúnem milhões de desenvolvedores, que colaboram em projetos de impacto global. E o código aberto continua a desempenhar um papel fundamental em áreas como ciência, governo e educação, moldando o futuro da tecnologia.

Quem transforma a indústria

IBM & Red Hat

Em 2012, a Red Hat entrou para a história como a primeira empresa de código aberto a ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão em receita anual. Já em 2018, a IBM fez um movimento ousado e adquiriu a Red Hat por US$ 34 bilhões, a maior compra de sua história e a maior negociação já realizada no mundo do software open source.

A IBM vinha enfrentando desafios para se reinventar, especialmente com o domínio crescente das gigantes da nuvem como AWS e Azure. Enquanto isso, a Red Hat já era referência global em Linux e computação em nuvem híbrida, oferecendo soluções que permitiam rodar aplicações tanto em servidores próprios quanto na nuvem.

Com essa aquisição, a IBM apostou alto no mercado de cloud híbrida, buscando se posicionar como uma alternativa forte às líderes do setor e reforçando o papel do código aberto na inovação tecnológica. Os números de open source dessas duas gigantes impressionam: são mais de 2900 repositórios no Github e 20.000 versionamentos por mês.

GitHub

Antes do GitHub, os projetos open source eram gerenciados de forma descentralizada, usando plataformas como SourceForge e Google Code. Mas tudo mudou em 2008, quando o GitHub foi lançado, combinando o poder do Git com uma interface intuitiva e colaborativa baseada na web.

O impacto foi enorme: hoje, mais de 100 milhões de desenvolvedores usam o GitHub, tornando a plataforma essencial para o desenvolvimento de software open source. Empresas, governos e programadores do mundo todo contribuem para projetos que vão desde pequenas bibliotecas até sistemas operacionais complexos.

O GitHub se tornou tão relevante que, em 2018, a Microsoft o adquiriu, reforçando seu compromisso com o ecossistema open source. Apesar de alguns receios iniciais, a plataforma continua sendo um dos principais pilares do desenvolvimento colaborativo na era digital.

MongoDB

A MongoDB, Inc. desenvolve o MongoDB, um banco de dados NoSQL open source que tem sido amplamente adotado por empresas devido à sua escalabilidade e flexibilidade. Embora o MongoDB seja open source, a empresa oferece uma versão comercial com funcionalidades adicionais, como suporte avançado, ferramentas de gerenciamento e integrações em nuvem.

Esse modelo “open core” ajudou a MongoDB a se tornar uma das empresas mais bem-sucedidas no setor de bancos de dados, além de ter aberto seu capital na bolsa de valores (NASDAQ) em 2017.

A exemplo da MongoDB e Redhat, existem inúmeras formas de monetizar o desenvolvimento open source, tópico que irei abordar no próximo artigo da minha coluna por aqui!

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Cofounder & CBPO da Lerian, uma startup que desenvolve soluções financeiras open-source. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruña (2010); MBA em Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA Executiva de Economia pela ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics pela MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda temas como Banking as a Service, Open Banking, embedded finance, PIX, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
marilyn.hahn@moneytimes.com.br
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