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A dissociação entre o bitcoin e o índice S&P 500

27 mar 2020, 9:57 - atualizado em 27 mar 2020, 10:52
A descorrelação entre bitcoin e o índice S&P 500 agora pode fazer com que o criptoativo mostre para o que veio (Imagem: Crypto Times)

A pandemia do coronavírus está reescrevendo as narrativas sobre o bitcoin. Agora, em vez do “halving” ser o direcionador principal da ação de preço do criptoativo, analistas estão indicando uma possível dissociação.

Esse acontecimento deve pôr fim à recente correlação entre o bitcoin e o índice S&P 500 e libertar o principal criptoativo para que realize sua ambição em agir como um ativo de refúgio.

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Associação e dissociação

Acredita-se que a associação inicial entre o bitcoin e o mercado acionário começou nos últimos anos, conforme investidores institucionais gradualmente entraram para o mercado de criptoativos através de novas plataformas reguladas como CME e Bakkt.

Apesar de sua presença ser vital para a ampla adesão, alguns culpam essa nova onda de investidores por fazerem com que o bitcoin refletisse a ação de preço do mercado acionário dos EUA — e, assim, criasse a queda catastrófica da “Quinta-Feira Sombria”.

Diferente dos fãs verdadeiros do bitcoin, esses investidores institucionais não necessariamente acreditam no ethos do bitcoin. Em vez disso, eles provavelmente veem o criptoativo como apenas outro ativo de risco como ações.

Além disso, quando o receio sobre o coronavírus aumentou ainda mais, gestores de ativos seguiram a ordem-padrão de operações e tiraram o capital desses ativos de risco em favor ao dinheiro em espécie — tornando o bitcoin em uma “boia de natação” ligada ao Titanic, conforme escreveu Changpeng Zhao, CZ, CEO da Binance, em uma publicação.

Mas conforme o aumento do bitcoin na última semana enquanto ações continuaram a cair, analistas como Willy Woo sugerem que estamos vendo uma dissociação entre as duas classes de ativos.

A linha laranja é o índice S&P 500; a linha branca é o bitcoin (Imagem: Trading View)

Dados de corretoras sugerem que a recuperação pode estar relacionada à saída de empresas, conforme a demanda por opções de bitcoin na CME e na Bakkt diminuiu nas últimas semanas, de acordo com a Skew, empresa de análise de dados de derivativos em cripto.

Já que as empresas não estão considerando o bitcoin como um ativo de risco, o criptoativo pode estar livre para realizar seu potencial como um ativo de refúgio no que Alan Silbert, pioneiro de security tokens, afirmou ser “o melhor ambiente macro possível” de emissão inédita de dinheiro por bancos centrais em todo o mundo.

Se isso é ou não possível, os próximos dias poderão determinar se o bitcoin irá trilhar seu próprio caminho ou se manterá amarrado aos mercados tradicionais.