A discussão que o Brasil terá de fazer com outros países no pós-eleição, segundo ex-ministro
O ex-ministro da Fazenda e diplomata Rubens Ricupero avalia que o Brasil terá discutir com outros países nos próximos quatro anos a preservação do meio ambiente.
No entanto, segundo ele, que também foi ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, a maneira como o governo se posicionará depende fundamentalmente de quem será eleito em 30 de outubro.
Ao Money Times, Ricupero, que integra a Rede e declarou apoio a candidatura de Lula logo no primeiro turno, diz que a comunidade internacional torce pela vitória do petista.
“A própria China prefere Lula, que foi de um governo com o qual eles tinham uma relação de mais confiança”, acrescenta.
O ex-ministro avalia que a reeleição do atual mandatário é vista com temor por causa da pauta ambiental. “Se o Brasil continuar com Bolsonaro e essa situação ambiental não sofrer nenhuma mudança, haverá conflitos [diplomáticos] com europeus”, afirma Ricupero.
Nos últimos quatro anos, o governo brasileiro ganhou as manchetes internacionais pela negação à ciência em meio à pandemia e ao avanço do desmatamento ilegal na Amazônia.
Segundo o ex-ministro, a agenda ambiental foi “o que restou” nas relações internacionais, porque, avalia, “no mundo inteiro” não há clima para negociação de acordos de livre-comércio.
Ricupero lembra que o Parlamento Europeu aprovou em setembro lei contra o “desmatamento importado”, que ainda deve ser analisada pelos líderes dos 27 países que compõem a União Europeia.
“Haverá dificuldades crescentes para a exportação de produtos agropecuários, sobretudo na União Europeia“, afirma o também diplomata.
“[Na hipótese de Bolsonaro ser reeleito], pode eliminar, por exemplo, a hipótese de recuperar acordo entre Mercosul e União Europeia”, diz. “Vai ser muito difícil também entrar na OCDE”.
Apoio a Lula
Ricupero pondera que o apoio a Lula é um “apoio às forças democráticas” e destaca como decisiva a participação de Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSB).
“Acho que é importante que Lula sinalize claramente que ele é o candidato de uma aliança de forças democráticas, não apenas do PT ou de setores ideológicos”, afirma. “Escolher o Alckmin foi uma sinalização”.
Para Ricupero, Lula definiu uma direção para pauta ambiental ao dizer que pretende criar uma autoridade supraministerial para o tema e prometer uma Pasta para povos indígenas. “Onde falta definição é na questão da política econômica”, pondera.
O ex-ministro diz ver o novo Congresso criando dificuldades para a pauta ambiental, comenta que o orçamento deve manter prerrogativas similares e pondera que a personalidade do presidente é o que dá o tom das negociações em Brasília.
“No Brasil, a maioria dos deputados é sempre atraída pelo governo”, diz. “O campo da negociação existe”.
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