A curadoria do algoritmo
Há anos o meu trabalho, e a minha diversão, é atuar na gestão estratégica de carreiras executivas.
Lembro muito bem quando tudo começou, há mais de vinte anos, quando decidi deixar os campos de futebol para iniciar na área comercial e logo depois transitar para a área de Recursos Humanos. Atuando no RH, participei de inúmeros projetos de transições de carreira.
Não só os meus dois movimentos de carreira mencionados anteriormente, como os diversos que acompanhei nas empresas em que trabalhei, tinham em comum a busca pela ampliação do repertório de conhecimento, estruturação de uma sólida rede de relacionamento, assim como, miravam uma trajetória profissional bem-sucedida no médio e longo prazo.
Não tenho dúvidas que a busca por novos conhecimentos, a proximidade de brilhantes executivos e a vivência prática em diferentes ambientes organizacionais fazem a diferença na vida profissional e pessoal.
Como headhunter tenho a oportunidade de conversar e conhecer dezenas de profissionais bem-sucedidos mensalmente, e, assim, aprender quais foram os caminhos, de erros ou acertos, que os conduziram até o lugar em que se encontram hoje.
Noto que a grande maioria destes profissionais bem-sucedidos tem em comum a prática de ter, ao longo da trajetória de carreira, ótimos mentores.
Assim como tiveram e tem acesso a uma rede de relacionamento altamente gabaritada, que os ajudam no processo de busca, seleção e filtro de conteúdos relevantes para o desenvolvimento de cada um dos ciclos profissionais.
Por outro, como especialista do tema carreira, tenho me preocupado muito com a falta de consciência do impacto negativo da delegação do processo de curadoria de conteúdo para algoritmos, principalmente os das redes sociais, seja para as carreiras como para a vida pessoal.
A não consciência ou descaso do processo de atuação destes algoritmos pode estar conduzindo a um extremo no estreitamento do modelo mental ou simplesmente na redução do acesso de diferentes zonas de conhecimentos e perspectivas.
Além disso, este cenário pode reduzir o poder de influência, a capacidade de construção de vínculos pessoais e a ambidestria organizacional.
O jeito de mitigar os problemas decorrentes deste contexto, na minha visão, se encontra na ativação, construção e manutenção consciente de uma excelente rede de contatos, a fim de estender o repertório de conhecimento e perspectivas de cenários.
Atrelado a isso, ampliar a participação (se possível presencial) em eventos de diferentes áreas do saber e usar mais smartphones para conversar com outras pessoas ao invés de acessar os aplicativos das diferentes redes sociais também são alternativas.
Gustavo Mançanares Leme é sócio diretor da Tailor | Headhunter & Estrategista de RH. É Conselheiro de Administração, Advisory de Startups e Mentor de Carreiras. Tem grande experiência em processos de Identificação de Talentos, Transformação Cultural e Turnaround de Modelo de Negócios.
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