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A crise da Peloton: De 500% de crescimento à paralisação da produção

03 fev 2022, 14:31 - atualizado em 03 fev 2022, 14:31
Peloton
A empresa que fornece equipamentos de ginástica para uso doméstico se viu numa saia justa devido a reabertura das academias e centros esportivos (Imagem: Shutterstock/viewimage)

Parece que a empresa de exercícios físicos Peloton (PTON) está passando por uma maré de azar e tanto. Além da queda de suas ações de US$ 162, em dezembro de 2021, para US$ 31 no começo deste ano, a startup americana tem passado por uma intensa crise financeira, técnica e de relações públicas.

A empresa que fornece equipamentos de ginástica para uso doméstico se viu numa saia justa devido a reabertura das academias e centros esportivos. Com o final da pandemia se aproximando e seu público-alvo voltando a frequentar esses estabelecimentos seus números começaram a cair.

Apesar da crise atual, a startup de ginástica estourou em países como Estados Unidos e Reino Unido. Sem ter onde malhar, seus usuários passaram a treinar dentro de casa, e a demanda por seus aparelhos ultrapassou a capacidade de produção da própria companhia.

Acidente fatal

Para muitos, a crise da Peloton começou aí. Mas o pior ainda estava por vir. Após uma valorização de cerca de 500% em suas ações durante a pandemia, a empresa que também oferece serviços por assinatura, teve uma de suas esteiras envolvida em um acidente fatal com uma criança de 6 anos, nos EUA.

Além do grave incidente, aparelhos da Peloton também registraram cerca de 72 acidentes incluindo fraturas, queimaduras graves ou cortes em crianças e seus usuários.

Diante dos riscos, a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA solicitou o recolhimento de cerca de 125 mil aparelhos e o reembolso total para os compradores que o solicitassem. Ao contrário do que poderia se imaginar, a Peloton recusou a solicitação do órgão americano.

Sex and The City

Pouco tempo depois, a empresa se viu representada na série “And Just Like That…” produzida pela HBO. O spin-off da famosa série americana “Sex and The City” causou um baita problema de relações públicas para a Peloton.

Em uma das últimas cenas do primeiro episódio do seriado, o par romântico da protagonista, interpretado pelo ator Chris Noth, morre enquanto pedalava em uma bicicleta elétrica da marca. Após a estreia do episódio, a empresa registrou uma queda de 70% em suas ações na Nasdaq.

Chris Noth
O ator Chris Noth foi acusado de assédio sexual pouco depois de protagonizar uma campanha para Peloton (Imagem: Shutterstock/lev radin)

De acordo com a direção de marketing da Peloton, a companhia tinha conhecimento sobre o episódio, mas não fazia ideia do enredo em que um dos seus aparelhos estaria inserido.

Na tentativa de solucionar o problema, a equipe contratou Noth para uma peça publicitária. Uma semana depois, o ator foi acusado de assédio sexual por duas mulheres. A campanha foi retirada do ar, mas a mancha na reputação da empresa, não.

Problemas com acionistas

Ainda com problemas em sua produção e custos elevados devido a falhas na cadeia de fornecimento, a Peloton entregou os resultados de 2021 muito abaixo do esperado pelos acionistas.

Em uma carta ao grupo de diretores da empresa, Jason Aintabi, chefe de investimentos da Blackwells Capital, solicitou a demissão imediata de John Foley, CEO e co-fundador da marca, e a consideração de uma possível venda da empresa.

John Foley
O CEO e co-fundador da Peloton tem sido alvo de duras críticas por parte dos acionistas de sua empresa (Imagem: Shutterstock/rblfmr)

Em sua declaração, Aintabi afirma que os “executivos e a diretoria desperdiçaram oportunidades de negócio”, o que levou a empresa a uma queda drástica em seus números.

“Com altos custos fixos, estoques excessivos, uma estratégia inexpressiva, funcionários desanimados e milhares de acionistas insatisfeitos, não é de se admirar que, nos últimos doze meses, a Peloton tenha tido um desempenho inferior ao de qualquer outra empresa do Nasdaq 100”, afirmou.

Em janeiro deste ano, os papéis da startup atingiram o valor de US$ 24,22 – ficando abaixo do valor precificado em seu IPO, em 2019. Para CNBC, a recuperação da empresa ainda é incerta, e os acionistas esperam os resultados consolidados do quarto trimestre para decretar uma sentença final sobre o destino da Peloton.

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