A CBA e o alumínio podem ser uma alternativa à Vale e ao minério de ferro?
A CBA (CBAV3) fez sua estreia na B3 em julho e desde então acumula alta de 37%. A elevação vem na esteira da disparada do preço do alumínio, que seguiu o caminho inverso do minério de ferro: enquanto este último derreteu, o preço da commodity disparou para US$ 3 mil por tonelada, a maior cotação desde 2008.
Veja no gráfico a comparação com os papéis da Vale (VALE3):
E segundo a Ágora Investimentos isso é só o começo. A corretora atualizou o preço-alvo das ações da empresa pertencente ao Grupo Votorantim para R$ 21, potencial de alta de 28% ante o último fechamento.
Além disso, os analistas Thiago Lofiego e Luiza Mussi elevaram o preço estipulado de alumínio para 2022 de US$ 2.500 para US$ 2.800/tonelada (à vista: US$ 3.050), puxado por um déficit maior do que o esperado devido a interrupções no fornecimento na China e em outras regiões.
O prêmio de Rotterdam (atualmente mais usado no Brasil) está em US$ 300/tonelada, contra a média histórica de US$ 115/tonelada, lembram.
“A demanda brasileira desacelerou na margem, mas os indicadores de embalagens, bens de capital e construção continuam saudáveis e acima dos níveis de 2019”, completam.
Além disso, eles afirmam que as importações de alumínio caíram no Brasil, o que pode abrir uma oportunidade para a CBA e os players locais ganharem participação.
E a crise hídrica?
Para se produzir alumínio, é necessário o uso de muita energia elétrica, o que abre uma preocupação frente à crise hídrica que vivemos.
Segundo a própria empresa, o impacto total da crise hídrica no segundo semestre está entre 150 milhões e 180 milhões de reais no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Porém, na visão da dupla, os riscos de racionamento de energia no Brasil diminuíram significativamente.
“Mesmo que o cenário hidrológico de 2022 seja semelhante ao de 2021, a CBA seria capaz de manter a produção com seu saldo de energia elétrica não vendido”, dizem.
Atualmente, o consumo de energia elétrica é mantido com geração própria 100% renovável em adição a contratos de compra de energia.
Até o momento, a CBA adquiriu 76 MWm por um preço médio de 418 reais/MWh e para os próximos meses espera comprar de 30 a 40 MWm, a depender dos efeitos da hidrologia crítica no GSF (risco hidrológico) e do nível dos reservatórios na produção do seu parque hidrelétrico. Esse volume ainda exposto representa cerca de 5% do consumo esperado para o período.
Ainda de acordo com os cálculos dos analistas, a CBA negocia com um EV/Ebitda (valor da firma sobre resultado operacional) de 3x, “contra cerca de 4,5x que consideramos justo para este ponto do ciclo, com um rendimento FCF robusto de 16%”.