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À beira dos 135 mil pontos: os 3 motivos que levaram o Ibovespa renovar a máxima intradia —  e o que esperar daqui para frente

17 ago 2024, 11:42 - atualizado em 17 ago 2024, 12:29
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O Ibovespa engatou uma sequência de oito altas consecutivas com a melhora do apetite ao risco no exterior (Imagem: Canva Pró)

Nesta semana, o Ibovespa (IBOV) renovou a máxima histórica intradia ao alcançar os 134.781,44 pontos em uma sequência de ganhos diários iniciada em 6 de agosto. 

Com isso, o principal índice da bolsa brasileira flertou com os 135 mil pontos e quase zerou as perdas do ano em menos de um mês. Vale lembrar que o Ibovespa encerrou o primeiro semestre com queda de mais de 7%. 

Mas o que trouxe tanto otimismo ao mercado brasileiro nos últimos dias? O Money Times listou três motivos para as sucessivas altas do Ibovespa e o que esperar do desempenho do índice partir de agora. Confira a seguir. 

Juros nos Estados Unidos 

Ao longo da semana, novos indicadores dos Estados Unidos divulgados ao longo da semana afastaram o temor de uma recessão da maior economia do mundo — que abalou os mercados internacionais na semana anterior. 

Entre eles, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,2% em julho ante junho, como previsto. Na comparação anual, o CPI subiu 2,9% e ficou levemente abaixo das expectativas de 3%. A taxa anual é a mais baixa desde março de 2021.

Embora o CPI não seja o dado de referência do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) para a inflação, o indicador é usado pelo mercado para calibrar as expectativas dos investidores sobre a trajetória dos juros da maior economia do mundo.

Além disso, as vendas no varejo norte-americano subiram acima do esperado e os pedidos de auxílio-desemprego surpreenderam com uma queda maior que a prevista. 

Com os dados melhores, o mercado consolidou as apostas de afrouxamento monetário na maior economia do mundo a partir de setembro.

Na última sexta-feira (16), as apostas de corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros norte-americanos (Fed Funds) a faixa de 5% a 5,25% ao ano, eram as majoritárias. A probabilidade de redução dos juros em menor magnitude era de 74,5%, de acordo com a ferramenta de monitoramento do CME Group.

Mas na visão do Bank of America (BofA), com a atividade econômica dos Estados Unidos ainda sólida e o processo de desinflação contínuo, não há necessidade de cortes nos juros acelerados. 

Os economistas do banco projetam apenas dois cortes de 0,25 pontos-base até o final do ano, o que levaria os juros norte-americanos à faixa de 4,75% a 5,00% ao ano. 

Em linhas gerais, com os juros menores nos Estados Unidos, o dólar perde força e os países emergentes tendem a se beneficiar já que os investidores tendem a procurar mercados com juros mais altos, como o Brasil.

A entrada líquida de recursos de investidores estrangeiros na B3,a bolsa de valores brasileira, registra desempenho positivo pelo segundo mês consecutivo em agosto de 2024.

Até a última segunda-feira (12), a B3 havia recebido R$ 1,98 bilhão de capital estrangeiro, sustentando o movimento de recuperação iniciado em julho, quando a entrada líquida somou R$ 7,35 bilhões.

Temporada de balanços

Segundo os analistas, os balanços do segundo trimestre vieram em linha ou acima do esperado, com uma melhora no crescimento de lucros corporativos — o que resultou em uma temporada melhor do que os últimos três trimestres anteriores. 

Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, “a atratividade dos valuations dos ativos, impulsionadas por uma estratégia de ‘rotação setorial’, e uma temporada de resultados corporativos robustos, contribuíram significativamente para esse cenário positivo”.

“A bolsa, que estava ‘barata’, com as empresas divulgando bons resultados, crescendo lucros, em tese, tende a ficar ‘ainda mais barata’ e atrativa para os investidores”, afirma Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo. 

Melhora do cenário fiscal 

Mesmo com a persistência de ruídos no cenário fiscal, os analistas ouvidos pelo Money Times veem uma melhora na postura e na comunicação do governo em relação às contas públicas. 

No final de julho, por exemplo, o governo anunciou a contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano com o objetivo de cumprir as exigências do arcabouço fiscal

Em linhas gerais, o ajuste nas contas públicas melhora a percepção de risco sobre o cenário fiscal no Brasil. 

“No entanto, ainda é incerto se Brasília conseguirá manter esse ambiente favorável nos próximos meses”, afirma Spiess, da Empiricus.

O que esperar do Ibovespa agora? 

Apesar da sequência de altas em agosto, a bolsa brasileira continua “barata”. 

Segundo o Bank of America (BofA), o Ibovespa, excluindo as commodities, está sendo negociado com um desconto de “apenas” 8% em relação à média histórica. Há dois meses, o principal índice da bolsa brasileira tinha um desconto de 19%. 

E a tendência de alta deve continuar no curto prazo, segundo o time de análise técnica do Itaú BBA. 

“O momento para as próximas semanas é posicionar-se com risco calculado em meio a muitas divergências de curto prazo no mercado. O Ibovespa está apontando para cima, por isso algumas oportunidades podem surgir nesse cenário”, escreve o estrategista de ações Fábio Perina em relatório. 

Para o analista, as atenções agora devem se concentrar em novas máximas históricas do Ibovespa — o que pode abrir caminho para o mercado seguir em direção aos 137.000, 141.000 e 150.000 mil pontos. 

Por outro lado, os mercados internacionais ainda estão em tendência de baixa, “recuperando parte das perdas desde 1º de agosto”. 

Por fim, a escolha do próximo presidente do Banco Central também pode refletir na bolsa brasileira, segundo Spiess, da Empiricus.

Até o momento, o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, é o principal candidato ao cargo e deve substituir Roberto Campos Neto a partir de janeiro de 2025.

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Jornalista formada pela PUC-SP. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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