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A Americanas (AMER3) de Sergio Rial: O que será da empresa a partir de 2023?

30 dez 2022, 18:04 - atualizado em 30 dez 2022, 18:04
Sergio Rial
Sergio Rial assume o comando da Americanas no dia 1º de janeiro de 2023 (Imagem: Wikipédia)

A Americanas (AMER3) está prestes a começar um novo capítulo de sua história. A varejista se prepara para receber Sergio Rial, que irá substituir Miguel Gutierrez na primeira troca em 20 anos no comando da companhia.

Rial assumirá o cargo de diretor-presidente da Americanas no dia 1º de janeiro de 2023. Conhecido pela sua boa gestão no Santander Brasil (SANB11), o executivo foi cuidadosamente selecionado para o cargo em um processo que durou meses, de acordo com a empresa.

Rial continuará atuando como presidente do conselho de administração do Santander. Rial também ocupa o mesmo posto na rede de postos de combustíveis Vibra (VBBR3) e é vice-presidente do conselho de administração da BRF (BRFS3).

Primeira reação

O anúncio de Rial na Americanas desencadeou uma onda compradora das ações da companhia no pregão seguinte ao comunicado. Na ocasião, a Americanas disparou mais de 22% na Bolsa – e mais 15% um dia depois.

Agentes do mercado chegaram a avaliar a reação dos investidores como “plausível”.

Breno Francis de Paula, especialista de varejo e consumo do Inter, disse ao Money Times em agosto que, com Rial no comando, o mercado espera uma resposta mais dinâmica da Americanas.

Rial ficou conhecido pela sua atuação na cultura operacional e experiência do cliente no Santander. Segundo Francis de Paula, o trabalho que o executivo desempenhará na Americanas deve ter um foco similar. Soma-se a isso a expertise financeira que Rial deve trazer para a Americanas.

Foco digital

Henrique Tavares, analista da DVInvest, comentou também em agosto ao Money Times que, sob a liderança de Rial, a Americanas deve entregar uma estratégia de digitalização que conseguirá competir com os grandes players – não Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), mas os gigantes Mercado Livre e Amazon.

“Foi ele [Sergio Rial] o principal responsável por toda essa transição que estamos vendo nos grandes bancos, que estão caminhando para competir com as fintechs”, lembrou o especialista.

Tavares avaliou que, se as expectativas em relação a Rial forem correspondidas, a ação da Americanas deve responder, pelo menos no médio prazo.

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, a chegada de Rial passa a ideia de que a Americanas tentará explorar e melhorar a proposta de valor do Ame, plataforma financeira da varejista.

Empresas de e-commerce têm investido cada vez mais em serviços financeiros – e por boas razões. Em um cenário cada vez mais competitivo, a varejista precisa aumentar a recorrência do uso do cliente dentro de suas plataformas. A frequência de compra sobe e a gama de produtos ofertados estreita a relação da companhia tanto com sellers quanto com os consumidores, destacou Ferrer.

“[A companhia] consegue estar mais próxima dos sellers e dos clientes com uma proposta legal de carteira digital e funcionalidades interessantes”, completou o analista.

Impacto na ação

A ação da Americanas foi um dos destaques negativos do Ibovespa em 2022, junto com o rival Magazine Luiza.

Em um ano difícil para o varejo por conta das altas taxas de juros e da inflação elevada, os papéis da Americanas tombaram quase 70%, ficando atrás apenas de IRB (IRBR3).

Na avaliação de Ferrer, por mais que a chegada do Rial possa trazer tendências positivas para a parte financeira da Americanas, existe “uma série de desafios” com que a Americanas precisa lidar ainda.

“Não só na parte de fintech da Americanas, mas no próprio e-commerce dela”, disse.

Diego Leoncini, analista da Esh Capital, é da mesma opinião. Avaliando o histórico de Rial, o especialista acredita que a Americanas tem a oportunidade de se destacar positivamente e, quem sabe, virar uma queridinha do e-commerce.

“Mas isso depende de ‘n’ fatores que são difíceis de prever agora”, ressaltou.

Por conta do peso do cenário macro, os analistas não têm recomendação nos papéis da Americanas (e nem em MGLU3 e VIIA3).

O analista da Empiricus acredita que o mercado continuará privilegiando empresas com fluxo de caixa no presente, o que não é o caso das companhias de e-commerce.

“Dado o juro alto no Brasil e no mundo, não nutro fortes expectativas para essas companhias. Pelo contrário, acho que são companhias para você evitar”, aconselhou Ferrer.

A preferência da Esh é pelo Mercado Livre. “A gente sente que o Mercado Livre vai ser o grande vencedor e é o que está mais preparado para lidar e surfar com a consolidação do setor”, explicou Leoncini.