A ameaça chinesa que pode impactar o setor automotivo brasileiro, segundo a Anfavea
A isenção do imposto de importação não tem impactado apenas o varejo, mas também o setor automotivo. Na última terça-feira (5), o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, criticou o benefício.
Leite mencionou que há uma “invasão de produtos asiáticos, principalmente da China” na América Latina, região tradicionalmente foco das exportações de veículos do Brasil. Ainda, afirmou que “não tem nada contra chineses, asiáticos”, mas que o setor no país defende o retorno da proteção do imposto de 35% sobre os veículos eletrificados.
Conforme dados da Anfavea, até 2021, o Brasil era o país que mais exportava para os países vizinhos. No ano passado, a China tomou a dianteira, com 21,2% de presença, ante 19,4% do Brasil.
Segundo o executivo, o Brasil deixou de arrecadar no acumulado deste ano cerca de R$ 2 bilhões em decorrência da isenção de imposto de importação sobre elétricos, sendo que desse total R$ 1,1 bilhão é relativo a veículos importados da China.
“É uma ameaça, sim [para o mercado interno]. Temos conversado com o governo. Precisamos de uma regra de transição e previsibilidade”, disse.
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Setor automotivo e elétricos chineses
As principais marcas chinesas de carros elétricos presentes no Brasil são a BYD, que negocia com o governo uma instalação de fábrica na Bahia, e a GWM, que está finalizando uma fábrica para dar início à produção em 2024.
A GWM afirmou que vendeu em agosto 1452 unidades do utilitário híbrido Haval, único modelo vendido no Brasil por enquanto. O número representa o maior volume de vendas da marca no país desde abril, quando começou a comercialização. Dados da Anfavea apontam vendas de 8184 veículos híbridos no mês passado e 1.167 elétricos.
Veículos elétricos contam com isenção do imposto de importação há cerca de cinco anos. No entanto, segundo o presidente da Anfavea, o fim da isenção de imposto de importação para os elétricos vai ocorrer de maneira gradual ao longo de três anos.
Leite estima que o fim da isenção deve ser anunciado próximo de medida provisória que trará os objetivos gerais da segunda fase da política automotiva Rota 2030, prevista para este mês.
* Com informações da Reuters