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Petrobras (PETR3): Bolsonaro ou Lula? De quem é a culpa pela queda das ações

30 maio 2022, 15:48 - atualizado em 30 maio 2022, 16:07
Petrobras
Por que as ações da Petrobras (PETR4) tombam mais de 4% nesta segunda-feira (30). Entenda o “efeito Lula”. (Imagem: Money Times/Renan Dantas)

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caem mais de 3% na sessão desta segunda-feira (30), empurrando o Ibovespa (IBOV) junto, que exibe queda de 1%.

Analistas estão divididos em relação ao real motivo do tombo. Isso porque o papel não está acompanhando o preço do petróleo Brent, que dispara 2,07%, a US$ 121 o barril.

Segundo especialistas consultados pelo Money Times, um dos fatores que pode estar levando o papel a cair é a eleição, com a consolidação cada vez mais forte do nome do ex-presidente Lula.

Em pesquisa do BTG divulgada nesta segunda, o petista aparece com 46% das intenções de votos, uma alta de cinco pontos percentuais.

Lula tem criticado a política de preços da Petrobras. Segundo o colunista do UOL, Kennedy Alencar, o pré-candidato já praticamente bateu o martelo de que irá alterar a política da empresa.

“Pesquisas indicam que Lula aumentou a vantagem na corrida eleitoral. Com Lula, o mercado não sabe qual será a política de preços e a qualidade da gestão. Aumentou a incerteza. Da até para dizer que o mercado está começando a ‘treidar” as eleições’, explica João Abdouni, da Inversa Investimentos.

Segundo Victor Benndorf, sócio e analista da Benndorf, as últimas pesquisas eleitorais, que mostram vantagem para o ex-presidente, abalaram a confiança dos investidores em relação à companhia.

“Hoje, o governo não tem capital político para influenciar tanto nas estatais, o Bolsonaro é enfraquecido, só consegue se manter por orçamentos e pautas. No entanto, fica a dúvida se um governo novo, com mais capital e um alinhamento maior entre os três poderes não teria capacidade de dar uma canetada mais forte na Petrobras, para reduzir a inflação”, afirma Benndorf.

O analista afirma que a aproximação das eleições deve aumentar o risco governamental em relação às estatais.

Na opinião de Luiz Ciardi, especialista em Investimentos da n2, o ano eleitoral traz bastante volatilidade para a bolsa, principalmente em relação às políticas adotadas pelo próximo presidente e quais medidas econômicas esse mandatário irá adotar.

“Isso acaba levando a saída desses investidores para a renda fixa, que oferece uma volatilidade menor e uma segurança maior”, completa.

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Incertezas em relação ao novo CEO

Benndorf também diz que, além da questão eleitoral, a insistência do governo quanto à política da Petrobras — que realizou quatro trocas de presidente só no governo Bolsonaro, visando a política de preços da companhia — vem frustrando os investidores, “que relevaram por muito tempo esse risco de governança”.

Pedro Galdi, da Mirae Asset, discorda de que Lula seja o principal fator para a queda das ações.

“Este ano, diferentemente dos anos de eleição, estamos vendo um investidor cético ao quadro político e, principalmente, as pesquisas. A queda de hoje da Petrobras tem como pano de fundo a troca do comando da companhia e as dificuldades de implementar de forma rápido”, diz.

Para Naor Coelho, trader de renda variável da Infinity Asset, o que está pesando mesmo é a indefinição em relação ao novo CEO.

“Para aprovar o novo presidente da estatal, vai ter que contar com a volta de quadros técnicos. Com isso, vai precisar de um prazo bem maior, que eles está estimando para outubro desde ano. Ou seja, essa demora faz com que o mercado fique em dúvida de como vai o posicionamento do presidente nesse período”, diz.

Ele lembra também que, com Wall Street fechada, qualquer movimento empurra a ação para baixo.

“Acho que o pessoal pesou a mão. O mercado deve estar realizando um pouco de lucro após a alta da semana passada”, completa.

Pedro Scaramussa, especialista da Valor Investimentos, observa que o mercado está colocando no radar as incertezas políticas quanto à manutenção da política de preços.

“Tivemos a troca na presidência que vai passar por um processo de transição. Isso traz bastante incerteza. Esse é o principal ponto e também o risco de desabastecimento de diesel alertado pela própria administração da empresa. Mas o mercado de petróleo continua estruturalmente bom”, completa.

*Por: Giovana Leal e Renan Dantas

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