Aura Minerals (AURA33): Por que investir no ouro e embolsar dividendos trimestrais em dólar?
Mineradora canadense que praticamente se tornou brasileira, a Aura Minerals (AURA33) possui três operações de mineração de ouro no Brasil, presentes no Mato Grosso, Tocantins e Rio Grande do Norte — esta última se somará ativamente ao portfólio com o início da operação de Borborema, prevista para 2025.
Há ainda uma operação em Honduras e outra no México, nesta última onde a companhia também realiza a mineração de cobre.
Listada na Bolsa de Toronto, a Aura estreou na B3 em 2020. O BDR (Brazilian Depositary Receipt) da companhia se destaca com uma alta de mais de 100% no acumulado de 2024, enquanto o ouro avança mais de 37% em 2024.
Conforme levantamento da Elos Ayta feito a pedido do Money Times, até o dia 07 de novembro, AURA33 performava entre as 10 maiores altas da B3 em 2024.
A companhia abriu as portas da Aura Apoena, unidade localizada no município de Pontes e Lacerda, interior do Mato Grosso, onde apresentou o funcionamento da operação, que demanda apenas na fase inicial cerca de 8 anos entre o período de pesquisa até a finalização do trabalho de engenharia, conforme explica o CEO da empresa, Rodrigo Barbosa.
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Segundo apresentado a jornalistas em vista à mina, o ciclo exploratório passa por etapas que demandam altos investimentos, podendo chegar a US$ 30 milhões dólares apenas na fase de pesquisa, englobando a exploração, com identificação de alvos, mapeamento e geofísica; sondagem; análise de viabilidade econômica, entre outras etapas até o estabelecimento de uma operação.
Em meio à alta do ouro e um cenário se desenhando para a manutenção dessa alta, o CEO da Aura respondeu ao Money Times por que investir no ouro — e na empresa.
Por que investir na Aura Minerals, segundo o CEO
O investidor que busca possibilidade de diversificação no longo prazo, encontra na Aura Minerals — e no investimento no ouro — uma oportunidade, defende o CEO da mineradora.
Na visão de Rodrigo Barbosa, qualquer investidor que tem uma estratégia de longo prazo, que busca resultados coerentes e contínuos ao longo dos anos e pensam em ter uma carteira diversificada, sem depender muito apenas de uma ou outra empresa, tem no ouro uma alternativa que o protege da sensibilidade a problemas globais.
“Existem vários estudos que mostram que fundos que alocaram ao longo dos últimos 20, 30 anos, 5% a 10% em ativos reais como ouro e empresas de ouro, tiveram uma volatilidade bem menor e sem comprometer o retorno. E eu acho que a Aura tem esse lado que traz a diversificação”, afirma.
Na última semana, conforme já era esperado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) cortou os juros de referência dos Estados Unidos (EUA) em 0,25 ponto percentual. A taxa, que estava no intervalo de 4,75% a 5%, foi reduzida para 4,50% a 4,75% ao ano. O movimento é visto como positivo para a continuidade de alta do ouro, na visão do CEO.
Ainda, também na última semana, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e irá assumir seu segundo mandato. Na visão de Barbosa, o cenário fiscal americano sob Trump pode se somar aos impulsionadores do preço do ouro, uma vez que a proposta de redução de imposto acarretaria uma queda na arrecadação dos cofres públicos.
“O déficit vem ocorrendo há anos seguidos em níveis estratosféricos”, disse.
Sobre o cenário do ouro, Barbosa classifica como um “movimento único da história recente” o que se viu de alta da commodity em simultâneo com alta de juros nos EUA, o que ele atribui a tensões geopolíticas que levam a China e outros países e buscarem outras alocações que não o dólar.
Resultados do 3T24 e mudança na política de dividendos
Na última semana, a Aura divulgou o seu balanço referente ao terceiro trimestre de 2024 (3T24), com prejuízo líquido de US$ 11,9 milhões no período, revertendo o lucro de US$ 7,75 milhões no mesmo período de 2023.
Na linha de ajustado, a companhia reportou lucro líquido de US$ 43,3 milhões, ante lucro ajustado de US$ 7,62 um ano antes. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu US$ 78 milhões no terceiro trimestre, uma alta de 160% em relação ao 3T23.
O CEO da companhia aponta que o reporte de prejuízo faz parte de obrigações contábeis do balanço e o ajuste ocorre por conta de contratos de opções que a companhia utiliza para fazer hedge (proteção).
Barbosa pontua que a companhia prefere investir em uma mina nova e alocar montantes de cerca de US$ 188 milhões de dólares de investimento sabendo que, com o preço mínimo do ouro de US$ 1.700, irá retornar o capital do acionista e pagar toda a dívida feita para aquele investimento.
“A gente gosta de ter a tranquilidade que mesmo que o preço do ouro caia muito, esse projeto não vai deixar de retornar para o acionista, nem vai deixar de poder servir a dívida”.
“Então quando a gente está entrando em novos projetos, a gente faz esses mecanismos e trava mais ou menos o preço do ouro por 3 anos, que normalmente é o payback que tem esses projetos”, acrescenta.
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Dessa maneira, ele aponta que, quando o preço do ouro sobe, os hedges geram efeitos contáveis de perdas econômicas, refletidas na linha de lucro (prejuízo) líquido no balanço.
“Então a gente tem essas perdas econômicas que geram prejuízo, mas elas não são perdas em caixa, é um ajuste contábil que é feito. Então a origem disso é segurar a rentabilidade do projeto e essas perdas ocorrem quando o preço do ouro sobe”.
Barbosa, no entanto, garante que o caixa fica intacto por não se tratar de uma perda, uma vez que o hedge apenas impede o preço adicional. O CEO garante ainda que esse prejuízo contábil não afeta os dividendos da companhia, que, inclusive, passaram por ajuste na política.
A Aura alterou sua política de dividendos para realizar pagamentos trimestrais. Conforme a política, os valores serão determinados em um montante agregado igual a 20% do seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado reportado para o período de três meses, menos capex de manutenção e capex de exploração para o mesmo período.
A companhia espera que os dividendos sejam declarados quatro vezes ao ano, a começar pelo quarto trimestre de 2024, com base nos resultados reportados para o período, com uma data base não inferior a sete dias úteis após a divulgação das demonstrações financeiras e a análise da administração.
ESG
O CEO da companhia reconhece o impacto ambiental da criação de uma mina, no entanto, reforça o compromisso da empresa com a compensação e contribuição para novas plantações na área utilizada, como parte de práticas ESG (governança ambiental, social e corporativa, em português).
Na mina Aura Apoena, há um viveiro com capacidade de 30 mil mudas, parte do plano de compensação da companhia. As mudas existentes são dos biomas do local, sendo estes pantanal, serrado e floresta amazônica.
O processo pós-encerramento de uma mina é feito com descaracterização da cavada mina, para então ser feito o replantio.
Ainda, a mineradora promove projetos sociais voltados para as áreas de localização das minas. Rodrigo Barbosa destaca que os projetos são desenvolvidos conforme as necessidades identificadas pelos diretores e líderes de cada operação — a companhia atua sob uma gestão descentralizada.
Na visita da Apoena, foram apresentados projetos voltados para a educação de crianças e jovens. Em lugares como Honduras, a companhia chegou a promover o início de uma vinícola com o plantio de mudas de uva em área já explorada, na qual foi identificada potencial para o desenvolvimento da atividade.
“Temos uma grande preocupação de pensar assim ‘e depois da mineração?’, ou até mesmo durante, como podemos cada vez mais tornar as comunidades não dependentes de nós? [movimentação econômica gerada pela Aura na região das minas]. Então temos um grande estímulo de empreendedorismo local, não só para nos fornecer, mas para dar continuidade”.
Veja galeria da visita à mina de Apoena da Aura Minerals
*A repórter viajou a convite da Aura Minerals