7 motivos para Bolsonaro não sofrer um impeachment, após a CPI da Covid
O presidente Jair Bolsonaro não precisa se preocupar com a CPI instalada no Senado para apurar a conduta do governo federal na pandemia de Covid-19 que já deixou mais de 400 mil mortos e contaminou mais de 14,5 milhões de brasileiros.
Há alguns motivos para que o ex-capitão do Exército não tenha o que temer, mesmo que seus aliados estejam em minoria na comissão e os adversários controlem os principais postos, como a presidência, vice-presidência e relatoria, a cargo, respectivamente, de Omar Aziz (MDB-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL).
A avaliação é da MCM Consultores, em relatório enviado a clientes na sexta-feira (30). Veja, a seguir, os sete motivos que levam a consultoria a acreditar que os danos da CPI da Covid-19 podem ser mínimos para Bolsonaro.
1. Sem clima para impeachment
A consultoria é enfática, ao afirmar que a comissão não ameaça o mandato do presidente. “Ao nosso ver, a CPI, em primeiro lugar, não criará condições propícias ao impeachment de Bolsonaro”, diz.
2. Popularidade resistente
Outro argumento é que, apesar de todos os problemas econômicos e sanitários do último ano, a popularidade do ex-capitão “não despencou para níveis propícios ao impeachment e é improvável que isso ocorra nos próximos meses, pois o pior momento da pandemia pode ter passado”.
3. Fôlego na economia
Além disso, à medida que a vacinação em massa avança e as atividades não-essenciais são reabertas, a tendência é que a economia apresente “alguma melhora”. Enquanto isso, a população mais vulnerável voltou a receber o auxílio-emergencial, mesmo que o valor seja menor.
4. Fechado com o Centrão
Para alegria de uns e desgosto de outros, Bolsonaro engrossou a lista de políticos que se elegeram com a promessa de combater o fisiologismo e terminam nos braços do Centrão. A MCM lembra que o presidente conta com o apoio de dois caciques desse bloco parlamentar – o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, e Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.
5. Prazo apertado
Outro ponto a favor de Bolsonaro é o calendário de trabalhos da CPI, que deve se estender até o segundo semestre. “Em condições normais, será tarde para iniciar um processo de impeachment – praticamente às vésperas do início do ano eleitoral”, explica a consultoria.
6. Aras é nosso
Mesmo que o documento produzido pela comissão tenha força para motivar um pedido de impeachment, outra figura importante do xadrez político joga ao lado de Bolsonaro: o procurador-geral da República, Augusto Aras, que não esconde seu desejo de agradar o homem que pode lhe garantir uma vaga no STF. “Aras não parece muito interessado em trombar com o presidente”, resume a MCM.
7. Eleição em aberto
Tudo isso não significa que a CPI da Covid será um passeio no parque. “Provavelmente a CPI será uma fonte constante de desgaste para o governo e para Bolsonaro”, diz a MCM. Mas, se um impeachment é praticamente descartado pela consultoria, o impacto da comissão na eleição de 2022 permanece um mistério.
“Até a eleição presidencial, talvez os efeitos da CPI já tenham se dissipado”, cogita a MCM. “Porém, se a duração do mandato de Bolsonaro não deverá ser atingida pela CPI, o mesmo não se pode dizer com segurança em relação à sua imagem e às suas chances de reeleição.”