5 ações que ganham com modernização de carros e expansão de biocombustíveis pelo Mover e Combustível do Futuro
A Trígono Capital, gestora especializa em small caps, chama atenção para 5 ações que compõem o seu portfólio e que devem se beneficiar com o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) e o Combustível do Futuro, com novas diretrizes para impulsionar o uso de biocombustíveis em carros.
Enquanto o Mover amplia os investimentos em eficiência energética, voltados para indústria de carros e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística, seguindo a estratégia do Rota 2030, o Combustível do Futuro inclui incentivos para os biocombustíveis, criando mandatos para SAF, diesel verde e biometano.
Em algumas diretrizes, o Mover prevê limites mínimos de reciclagem na fabricação dos carros e a criação do IPI verde. Com isso, o haverá um benefício fiscal, um crédito fiscal por desenvolver algumas tecnologias que atendem à descarbonização.
“Devemos ter uma ampla renovação de motores de carros até 2032 e as principais montadoras já anunciaram cerca de 130 bilhões de investimentos até meados de 2030, muito voltado para modernização dos motores, com híbridos e híbridos flex”, explica Pedro Resende, analista de renda variável da gestora.
Nesse sentido, há duas ações que se beneficiam com a descarbonização dos motores: Tupy (TUPY3) e Metal Leve (LEVE3). “As duas empresas tem os dois maiores centro de pesquisa e desenvolvimento de motores da América Latina. Isso coloca elas na frente para dar suporte às montadoras em todo esse processo”, completa.
Combustível do Futuro deve favorecer 3 ações
Já o Combustível do Futuro, que promete destravar investimentos de R$ 260 bilhões, deve beneficiar empresas como São Martinho (SMTO3), Jalles (JALL3) e Kepler Weber (KEPL3).
“A São Martinho tem um benefício indireto, que é a sustentação do açúcar pela maior demanda de cana-de-açúcar para produção de etanol e futuramente, o SAF. A empresa também investe em biometano, que vamos ter mandatos para mistura de biometano no gás natural, que começa em 2026 com 1% e aumenta gradualmente”, diz.
Segundo Resende, a São Martinho estuda duplicar a capacidade de etanol de milho, justamente para atender esse aumento de demanda que devemos ver no etanol anidro, que é misturado na gasolina.
Quanto a Jalles, a dinâmica é parecida com a da São Martinho, já que a companhia pode se beneficiar na redução de custos com o biometano e o etanol como combustíveis em máquinas. A empresa também vislumbra investir em etanol de milho e uma planta de biometano. Nessa “onda verde”, outra empresa que pode se beneficiar, mas que a Trígono não conta com posição, é a 3tentos (TTEN3).
Produção de biometano e maior demanda para armazenagem
Fora isso, a São Martinho pode se beneficiar pela oferta de máquinas agrícolas e equipamentos que usam biometano e etanol como combustíveis. A empresa conta com um investimento de R$ 250 milhões em biometano, na unidade Santa Cruz, produzindo o biocombustível a partir da biodigestão da vinhaça, é um resíduo da fabricação de etanol.
A São Martinho processará 100% dessa vinhaça gerada na unidade e vai produzir 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra. Esse montante tem o potencial de evitar 32 mil toneladas de gases de efeito estufa, o equivalente a 91 mil viagens de caminhão entre São Paulo e Rio de Janeiro. “Esse projeto inicial, o primeiro em biometano, representa apenas 20% do potencial de biometano de toda a São Martinho, ou seja, ela ainda pode aumentar em cinco vezes sua produção”.
Atualmente, um dos principais custos da São Martinho e de empresas sucroalcooleiras é o diesel usado nas máquinas. “Se você conseguir reduzir os custos, aproveitando o próprio biometano que é gerado na operação e até mesmo o etanol, você tem não só redução de custos, como amplia a geração de CBIOs (créditos de descarbonização) com menos consumo de diesel”, discorre.
O benefício para Kepler se dá pela posição da empresa como líder da fabricação de silos do Brasil. “Com todo esse volume demandado de etanol e biodiesel, você vai consumir mais grãos, com uma demanda maior por grãos, é preciso mais silos. Além disso, as usinas de etanol de milho operam basicamente 12 meses do ano e precisam de uma estrutura de armazenagem para estocar esse grão, comprar no melhor momento possível e deixar estocado para ir consumindo na medida necessária”.