4T24 dos bancos: Itaú BBA vê os ‘últimos raios de um pôr do sol’ e aponta ação para investir
O Itaú BBA vê no quarto trimestre de 2024 (4T24) dos bancos os últimos raios de um pôr do sol, com lucros positivos no geral, tendo em vista que os indicadores macroeconômicos permaneceram aquecidos no final do ano, com aumento dos volumes de câmbio. “No entanto, não vamos nos empolgar, pois os ventos contrários à atividade estão aumentando”, dizem os analistas.
Para a casa, os resultados do quarto trimestre devem importar muito menos do que os indicadores implícitos ou os comentários da administração desenham para 2025.
Como destaques positivos para esta temporada, os analistas do BBA apontam o BTG Pactual (BPAC11) e Banco Inter (INBR32), combinando sólidos resultados do 4T24 e perspectivas para 2025.
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Com expectativa de resultados mistos dos grandes bancos, os analistas apontam que a expansão da carteira de crédito e o baixo custo do risco devem ser os principais elementos para resultados positivos.
O forte mercado de trabalho e os menores NPLs (empréstimos não produtivos) estão impulsionando a confiança na oferta e demanda de crédito varejista, avalia o BBA. O NII (resultado líquido da intermediação financeira) deve crescer mais alinhado com a carteira de crédito, enfrentando desafios de NII de mercado ou spreads/mix dos clientes.
Para a casa, ganhos de eficiência são menos prováveis, uma vez que despesas gerais e administração (SG&A) geralmente aumentam no quarto trimestre.
“Juntamente com os resultados do 4º trimestre, a maioria dos grandes bancos emite orientação para o próximo ano (2025). É uma tarefa desafiadora dado o cenário volátil e de piora. Indicadores macroeconômicos mais difíceis (taxas, inflação) aumentam os obstáculos de crédito, o que tende a reduzir o apetite por concessão”, avaliam os analistas
Até agora, as expectativas da casa são de uma desaceleração suave na qualidade do crédito com um custo de risco geral estável, mas com pressões postergadas para o segundo semestre de 2025.
BTG Pactual, Inter e Nubank: o que esperar desses bancos?
Em contraste com os grandes bancos, o Itaú BBA está cada vez mais positivo em relação ao BTG Pactual. Os analistas preveem não só um forte lucro de R$ 3,4 bilhões no quarto trimestre, mas também diversos indicadores de qualidade nas divisões de franquias e de clientes.
Para o banco, o BBA espera um ritmo robusto de novos recursos líquidos na divisão de gestão de ativos e patrimônio, além de continuação da expansão da carteira de crédito corporativo.
A previsão para 2025 é de R$ 14,2 bilhões em lucro, representando um crescimento de 14% na base anual e 23% de ROE (retorno sobre o patrimônio). Dados recentes indicando saída de recursos em fundos de crédito podem ajudar o BTG a reter mais emissões com spreads melhores, avaliam os analistas.
“Além das tendências orgânicas, o BTG também está bem posicionado para utilizar sua capacidade de capital e execução para fazer movimentos estratégicos. Reiteramos nossa classificação de Outperform (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a ‘compra’), considerando-o uma das principais escolhas para o ano”.
Sobre Nubank, os analistas apontam que o banco provavelmente está caminhando para um trimestre forte, mas destacam que as opiniões para o ano de 2025 do “roxinho” estão dividias.
O BBA espera um sólido fim de ano para o Nubank em termos de carteira de crédito, com aumento de 49% na base anual, e lucros, estimado em R$3,4 bilhões/US$ 576 milhões, com 31% de ROE).
“O ambiente macroeconômico foi forte, e é um trimestre sazonalmente melhor para volumes de cartões de crédito, com a penetração de empréstimos pessoais provavelmente aumentando, compensando um ritmo mais lento de financiamento via Pix”, avalia o Itaú BBA
Para a casa, mais importante que o próprio balanço do quarto trimestre de 2024, os mercados estarão atentos para ouvir sua avaliação sobre o financiamento via Pix e a perspectiva macroeconômica.
“Em nossa visão, o tom da administração será positivo em relação a ambas as preocupações. Seu otimismo pode levar a ação a subir temporariamente, mas não muda nossa visão. Aumentar os empréstimos pessoais agora é um caminho extremamente arriscado que provavelmente terá repercussões negativas em termos de crescimento e provisões à medida que 2025 avança.
Os analistas do BBA permanecem bem abaixo do consenso com estimativa de US$ 2,5 bilhões em lucros para 2025, vendo um preço/lucro de 22 vezes pouco atraente.
Por fim, para o Banco Inter, o BBA projeta um sólido quarto trimestre com R$ 300 milhões em lucro líquido e ROE de 13%, uma alta de 9% na base trimestral, com todos os indicadores operacionais positivos.
A carteira de crédito deve crescer a um ritmo de 37% na anual, com destaque para os cartões de crédito, NIMs (margens de intermediação financeira)mais altos e baixo custo do risco. A eficiência também deve melhorar na linha de receita.
“O Inter encerra o ano com uma nota sólida, inspirando confiança nos mercados de que as estimativas para 2025 de pelo menos R$ 1,4 bilhão (48% no ano) são alcançáveis”. O Inter é investimento favorito do BBA em small caps no setor financeiro brasileiro.