Taxa Selic

4 pontos para entender por que o Copom amargou o tom ao manter Selic a 10,50%; veja

31 jul 2024, 19:45 - atualizado em 31 jul 2024, 19:48
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Copom optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano (Imagem: Divulgação/Banco Central)

O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano na reunião desta quarta-feira (31).

Os diretores ressaltaram a desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação e o cenário global desafiador.

A decisão vai ao encontro das apostas do mercado, que já estava convencido da manutenção dos juros, após um agravamento da inflação e com a desancoragem das expectativas e o risco fiscal no radar.

O mercado avaliou o comunicado como hawkish (duro). “Subiu um degrau no tom”, afirma o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

“Alguns elementos chamam a atenção, especialmente a menção à questão de que o Copom pode ficar mais vigilante no futuro se as variáveis de mercado piorarem ou se as expectativas de inflação piorarem”, diz.

Selic a 10,50%: Entenda o movimento do Copom

Internacional

No comunicado, o Copom abre destacando que o ambiente externo mantém-se “adverso”. Os diretores destacam a incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos (EUA) e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países.

Eles destacam que os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.

“O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, dizem.

Economia brasileira

Em relação ao cenário local, o Copom afirma que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho seguem apresentando dinamismo maior do que o esperado. “A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, destacam.

As projeções de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2026 situam-se em 3,4% no cenário de referência e 3,2% em cenário alternativo, em que a Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante.

O Comitê ressalta ainda que, nos cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta, estão: desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; maior resiliência na inflação de serviços em função de um hiato do produto; e conjunção de políticas econômicas externa e interna.

Entre os riscos de baixa, ressaltam-se a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes.

O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. “A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, dizem.

Futuro da Selic

O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária. “Os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância”, ressaltam.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.”

Mais uma decisão unânime

Segundo o comunicado, os dirigentes do Banco Central entraram em um consenso e a decisão foi novamente unânime. Tanto Campos Neto quanto Gabriel Galípolo votaram na manutenção dos juros, acompanhados por Ailton Santos, Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso, Paulo Picchetti, Renato Gomes e Rodrigo Teixeira.

“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, afirmam.

Veja o comunicado do Copom

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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