Taxa Selic

4 pontos para entender por que o Copom cravou a Selic a 10,50%; veja se novos cortes estão no radar

19 jun 2024, 19:38 - atualizado em 19 jun 2024, 20:54
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Copom optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano (Imagem: Agência Brasil)

Com foco na convergência da inflação de 2025 para o redor da meta, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano na reunião desta quarta-feira (19).

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, avaliam os diretores.

A decisão vai ao encontro com as apostas do mercado. Alguns economistas e analistas esperavam um corte de 0,25 p.p., mas a maioria estava convencida da manutenção dos juros, após aumento nas percepções de risco fiscal e nas expectativas de inflação.

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Selic a 10,50%: Entenda o movimento do Copom

Internacional

No comunicado, o Copom abre destacando que o ambiente externo mantém-se “adverso”. Os diretores destacam a incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos (EUA) e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países.

Eles ressaltam ainda que os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação, em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.

“O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, dizem.

Economia brasileira

Em relação ao cenário local, o Copom afirma que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho apresentam dinamismo maior do que o esperado. A inflação segue em trajetória de desinflação e as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta.

No entanto, o que, de fato, preocupa, são as expectativas de inflação. “Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025”, avaliam.

O Copom ressalta que, nos cenários para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta estão: maior persistência das pressões inflacionárias globais e resiliência na inflação de serviços, em função de um hiato do produto mais apertado.

Já entre os riscos de baixa ressaltam-se: desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global mais fortes.

Além disso, os diretores dizem monitorar com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, afirmam.

Novos cortes da Selic estão no radar?

O Copom avalia que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente para consolidar tanto o processo de desinflação como a ancoragem das expectativas em torno das metas.

“O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, avaliam.

Campos Neto e Galípolo ‘apertam as mãos’

Segundo o comunicado, os dirigentes do Banco Central entraram em um consenso e a decisão foi unânime. Tanto Campos Neto quanto Gabriel Galípolo votaram na manutenção dos juros, acompanhados por Ailton Santos, Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso, Paulo Picchetti, Renato Gomes e Rodrigo Teixeira.

“O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela”, afirmam.

  • Como a decisão da taxa Selic pode impactar os seus investimentos? O economista Sergio Vale explica como comunicado do Copom poderá mexer com o mercado nesta edição especial do Giro do Mercado; salve o link da transmissão:

Veja o comunicado do Copom