3T23: O ‘efeito Lula’ no caixa das construtoras de baixa renda
As prévias operacionais das construtoras e incorporadoras de baixa/média renda já mostraram os primeiros efeitos das mudanças do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), anunciadas em junho pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Desta forma, os resultados prévios do terceiro trimestre coincidiram com o início das regras do programa habitacional. Entre elas, o aumento do teto para financiamento de imóveis.
Um dos principais efeitos foi a continuidade da elevação do preço médio por unidade pelas empresas de construção civil, o que refletiu em aumento no valor geral de vendas (VGV). Além disso, essas empresas lançaram mais de junho a setembro.
Após um período de incertezas para essas construtoras e incorporadas, com a pandemia de covid-19 e taxa de juros altas, o Minha Casa, Minha Vida foi o gatilho que faltava para a recuperação das empresas.
O remédio de Lula para as construtoras
A Plano&Plano (PLPL3), que abriu a temporada de prévias operacionais, exibiu fortes dados no terceiro terceiro, segundo os analistas.
A equipe de real estate do Santander avalia que, além dos melhores parâmetros de acessibilidade dentro do programa MCMV, a construtora está com forte posicionamento dentro do programa “Pode Entrar”, da prefeitura de São Paulo. O que ajudou a empresa a aumentar os lançamentos.
Enquanto os analistas da XP chamam a atenção para as vendas líquidas recorde. “Vemos como uma leitura positiva do cenário de demanda por habitação popular, após a revisão dos tetos de preços do programa”, comentam.
O Minha Casa, Minha Vida impulsionou vendas e lançamentos de outras construtoras e incorporadoras, como a Cury (CURY3).
Segundo a equipe do Itaú BBA, a companhia relatou um conjunto de números fortes de julho a setembro, com destaque para a geração de caixa recorde. Contudo, os lançamentos ficaram abaixo das estimativas da casa de análises.
A equipe do Santander atribui os dados mais fortes às mudanças no programa, além do mix de produtos da construtora e incorporadora, que tem uma força de vendas altamente engajada.
Em relação a Direcional (DIRR3), a equipe do BBA diz que a empresa mineira segue desfrutando de um forte impulso operacional, com mais um trimestre de vendas recordes e desempenho robusto da subsidiária Riva.
“As vendas líquidas recordes da Riva foram impulsionadas pelos tetos maiores e melhor acessibilidade no MCMV”, ressalta a equipe da XP.
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Tenda a caminho do lucro?
A Tenda (TEND3), que pode apresentar o primeiro lucro após sete trimestres de prejuízo líquido, também apresentou números operacionais fortes no terceiro trimestre, na visão dos analistas.
O Santander destaca o aumento contínuos no preço médio das unidades vendidas, ainda que em ritmo lento.
“De todo modo, isso deve continuar ajudando a construtora a melhorar sua lucratividade”, acrescentam os analistas da XP, que se impressionaram com o VGV de lançamentos e das vendas líquidas da companhia.
Construtora preocupa investidores
Por sua vez, a MRV (MRVE3) deixou investidores preocupados com a persistente queima de caixa, vista como acima do esperado.
A XP destaca o consumo de caixa de R$ 443 milhões da Resia, subsidiária da MRV&Co nos Estados Unidos. Para eles, esse dado era esperado, já que a empresa não teve lançamentos no trimestre.
Os analistas da casa de análises acreditam que o cenário ainda desafiador de taxa de juros nos Estados Unidos deve impactar a visibilidade da reciclagem do portfólio multifamiliar da empresa.
Em contrapartida, os analistas do Itaú BBA veem que a gigante da Bolsa brasileira reportou forte desempenho operacional, combinando vendas com aumento contínuo no preço médio das unidades. Como também um desempenho saudável de lançamentos.
A equipe de real estate do BTG Pactual pondera que os dados de julho a setembro foram mistos, mas observa que a MRV está mostrando “uma clara reviravolta” nas operações do Brasil, com melhora do fluxo de caixa e preços de venda com bom crescimento.
No entanto, sobre o preço da unidade vendida, a equipe da XP analisa que o aumento no teto de preços pelo governo Lula no Minha Casa, Minha Vida sustentaram o forte poder de precificação da construtora mineira.