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3T22: Nova temporada de resultados se aproxima; saiba o que esperar

11 out 2022, 18:13 - atualizado em 11 out 2022, 18:13
Como as grandes economias estão em momento de estagnação ou crescimento lento, os balanços das empresas brasileiras, em especial, de exportadoras, devem refletir esse cenário (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad)

Uma nova leva de resultados corporativos começará daqui a uma semana no Brasil, com Sinqia (SQIA3) abrindo a temporada.

Após um trimestre mais fraco que as projeções em termos de lucro para as empresas brasileiras (segundo o BTG Pactual, excluindo Petrobras [PETR4] e Vale [VALE3], o resultado no segundo trimestre do ano foi 5,4% menor que o esperado), analistas do mercado acreditam que os balanços devem mostrar o contraste entre a economia local e o exterior.

Régis Chinchila e Luis Novaes, da equipe de análise da Terra Investimentos, destacam que o Brasil vive um momento distinto do que se vê nas economias de fora.

“Portanto, é esperado que os resultados das empresas demonstrem esse contraste, com uma possível demonstração da retração da demanda mundial, enquanto algumas empresas no Brasil comecem a apresentar sinais mais claros de recuperação”, avaliam os analistas.

Chinchila e Novaes afirmam que o primeiro reflexo a ser notado é a queda de custos e despesas, em linha com o freio na inflação ao longo dos últimos meses. Com custos e despesas menores, alguns setores da economia podem apresentar uma recuperação de margens, dizem.

Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter Research, lembra que os resultados trazem o que já foi observado pelas empresas no trimestre. Como os dados de atividade econômica local dos últimos meses mostram uma recuperação acima do esperado, pode-se esperar que empresas voltadas ao mercado doméstico sinalizem uma recuperação em maior velocidade do que as exportadoras.

“Estamos apostando nossas fichas nas empresas voltadas para o mercado doméstico. Sofreram muito com o avanço da taxa de juros, o que compromete o poder de consumo da população. Agora, a gente vê um arrefecimento, mesmo que mais leve, dessas pressões [inflacionárias]”, explica. 

Inversão de papéis

No início do segundo semestre, a Bolsa brasileira começou a virar, com investidores cada vez mais atentos às ações penalizadas nos últimos 12 meses (ativos locais, especialmente) e reduzindo exposição a grandes exportadoras.

A inversão dos papéis se deve à mudança no cenário macroeconômico brasileiro, na linha de que o Banco Central “se adiantou” em relação aos demais países no ciclo de elevação dos juros.

Com o Banco Central dando fim ao aperto monetário em sua última reunião, realizada em setembro, o otimismo sobre os ativos locais foi renovado.

Ao mesmo tempo, a deterioração do cenário global amplia temores quanto a uma potencial recessão no mundo. Com a inflação crescente nas principais economias, principalmente nos Estados Unidos, parte relevante dos mercados entende que os bancos centrais devem manter uma postura agressiva (se não, mais agressiva) sobre os juros por um tempo.

Segundo os analistas da Terra, como o cenário brasileiro melhorou e o internacional piorou, essa dinâmica deve ser observada nos resultados corporativos também.

Construção, varejo, logística e outros setores cíclicos devem estar na ponta positiva, enquanto os setores com exposição ao mercado externo devem registrar resultados conforme o cenário ruim internacionalmente”, avaliam Chinchila e Novaes.

Exportadoras mais fracas

A Terra afirma que, como as grandes economias estão em momento de estagnação ou crescimento lento, os balanços das empresas brasileiras devem refletir esse cenário.

“Em alguns setores essa perspectiva é certa, como o de mineração. Durante todo o intervalo desses três meses, o minério de ferro só caiu, portanto, o mercado não espera muito do setor”, comentam Chinchila e Novaes.

Joubert, do Inter, diz, em análise generalizada, que as receitas das exportadoras devem sentir impacto negativo com preços mais baixos de commodities. Além disso, os custos devem continuar pesando nos resultados, uma vez que a queda nos preços das commodities é repassada mais para frente, e não agora.

A exceção deve ser o setor de óleo e gás, que, de acordo com Joubert, apresentará mais um trimestre forte com o apoio de preços de petróleo ainda fortes (na casa dos US$ 90 o barril) e cenário apertado entre oferta e demanda, apesar da desaceleração global.

“Existe um consenso implícito no mercado de que o petróleo deve ficar entre US$ 90 e US$ 100″, comenta a analista.

No entanto, o destaque positivo deve ficar para o setor de papel e celulose. Para Joubert, o mercado pode esperar preços maiores para a celulose, além de bons volumes de vendas.

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3T22 é ponto inicial para o crescimento das companhias nos próximos anos (Imagem: Pixabay/athree23)

Recuperação do varejo

No caso do setor de varejo e consumo, analistas estão mais otimistas com a entrega das empresas, que devem apresentar em seus balanços um cenário macro de mais alívio.

De acordo com a Terra, o terceiro trimestre é visto no mercado como um ponto inicial para o crescimento das companhias nos próximos anos.

“As ações do varejo se valorizam bastante porque caíram muito desde o auge da pandemia. Os principais fatores para se projetar um bom trimestre para essas empresas estão na deflação, que permitiria maior poder aquisitivo pela população, e benefícios do governo ampliados nesse espaço de tempo”, lembra a dupla de analistas da corretora.

Joubert ressalta que, embora o mercado esteja esperando reflexos de um cenário macro mais favorável, as empresas de e-commerce não devem necessariamente reportar bons resultados.

“A percepção que a gente teve conversando com algumas empresas é de que o Auxílio Brasil não foi usado para bens, mas para auxílio de dívidas, renegociação, comida”, esclarece.

O Inter acredita que, dentre os segmentos que compõem a indústria varejista, o setor de vestuário deve reportar bons resultados.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
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