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3R Petroleum (RRRP3): O que fazer com as ações após tombo de 16% em dois dias?

02 mar 2023, 14:39 - atualizado em 02 mar 2023, 14:54
3R Petroleum
Forte queda das ações da 3R Petroleum nos últimos pregões é excessiva, diz analista (Imagem: Divulgação/3R Petroleum)

As ações da 3R Petroleum (RRRP3) tentam recuperar parte das perdas dos últimos dois dias, período em que a companhia tombou 16,7% na Bolsa, repercutindo, junto com as demais empresas do setor de óleo e gás, as decisões do governo de voltar com os impostos federais sobre os combustíveis e taxar em 9,2% a exportação de petróleo bruto.

O movimento inicial do mercado foi de fuga, com 3R Petroleum e PRIO (PRIO3) sentindo o maior impacto. Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, destaca que a volta parcial dos impostos sobre gasolina e etanol tem efeito neutro para a 3R Petroleum, visto que a companhia não vende combustível, mas óleo e gás crus às refinarias.

Em relação ao imposto sobre a exportação de petróleo no Brasil, Quaresma avalia que a forte queda dos últimos pregões é excessiva, até porque a produção da 3R Petroleum é vendida no mercado interno, diferentemente da PRIO, que exporta a maior parte de sua produção.

Aquisição em risco?

Um acontecimento, no entanto, tem impacto direto para a 3R Petroleum. O Ministério de Minas e Energia (MME) solicitou à Petrobras (PETR4) que paralisasse, pelo período de 90 dias, os processos de venda de ativos.

A Petrobras informou que seu conselho de administração avaliará as vendas em curso, o que inclui o Polo Potiguar, adquirido pela 3R Petroleum. Quaresma destaca que o ativo, que inclui uma reserva 2P de 229 milhões de barris de óleo, uma refinaria e um terminal de exportação, dobraria a produção da petroleira júnior.

Apesar disso, Quaresma diz que a paralisação da venda não parece óbvia. Segundo a analista, reverter o processo agora, quando a 3R Petroleum já assinou os documentos de compra e fez parte do pagamento, seria “rasgar um contrato” que foi assinado há um ano.

“A Petrobras não tem essa tradição, mesmo em meio às várias transições de governo pelas quais a estatal passou”, reforça. Novamente, Quaresma avalia que a penalização do mercado foi severa. Só no pregão passado, a 3R Petroleum derrapou cerca de 10%.

O Bradesco BBI também acredita que existem boas chances de o fechamento do negócio acontecer, considerando que:

  • para o fechamento, o ativo não precisa ser novamente aprovado pela diretoria da Petrobras;
  • a transação não está pendente de assinaturas da administração da Petrobras, portanto, novos gerentes não devem ser envolvidos;
  • não há multa contratual caso a Petrobras desista da transação; e
  • o fechamento é automaticamente efetivado pelo contrato após a aprovação do Ibama (autoridade ambiental brasileira), que deve ser emitida em meados de março, da ANP (já ocorreu) e com a 3R Petroleum comprovando que tem caixa para pagar o saldo de aquisição (o que a empresa possui).

“Portanto, acreditamos que a chance da venda do Polo Potiguar se concretizar ainda é maior do que o risco da venda fracassar”, afirmam os analistas do BBI Vicente Falanga e Ricardo França, em relatório desta quinta.

Oportunidade de compra

O BBI destaca que, devido à reação “extremamente negativa” das últimas notícias do governo no preço das ações da 3R Petroleum, a companhia mostrou desempenho inferior aos pares, o que abre uma oportunidade de compra ao investidor.

O BBI reforçou a classificação de compra para o nome, com preço-alvo de R$ 100, o que implica um potencial de valorização de mais de 200% em relação ao fechamento passado.

Para a Empiricus, a 3R Petroleum também está valendo compra. Segundo Quaresma, os patamares atuais do papel precificam um cenário em que a companhia pagaria pelo Polo Potiguar, mas não levaria o ativo, “o que nos parece bem improvável”.

Mesmo no cenário em que a venda do ativo seja cancelada, no mínimo, a 3R não pagaria pelo restante do ativo, e provavelmente a Petrobras teria de ressarcir a companhia pelos pagamentos já realizados – o que não seria barato, já que Potiguar foi comprada por US$ 1 bilhão no total”, destaca a analista.

O cenário-base da Empiricus assume que o negócio será bem-sucedido. Para este caso, a casa tem preço-alvo de R$ 55 para RRRP3. Porém, mesmo em um cenário sem sucesso na compra, o preço-alvo estipulado é de R$ 45, o que ainda implica um potencial de valorização de 38% para a ação.

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