Com ferrovia baiana, eucaliptos vão ganhar com expansão da celulose e com outros setores
O complemento da ferrovia Ilhéus-Barreiras, na Bahia, vai poder entrar em processo licitatório após a autorização dada Tribunal de Contas da União (TCU), e mexe com as expectativas de vários setores do agronegócio e da mineração. Pode-se falar da soja, do algodão e do minério de ferro entre os beneficiários diretos, mas a cadeia da madeira está entre os beneficiários diretos – e indiretos também.
A previsão do Ministério de Infraestrutura é de que a licitação deverá ser aberta no primeiro trimestre de 2021 para o trecho Caetité-Barreiras.
Os 1,5 mil kms da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), dos quais 70% do primeiro trecho já estão quase prontos, entre Ilhéus-Caetité, deverão fomentar todos os setores, com o novo corredor logístico exportador, mas o segmento de florestas plantadas ganha com o ganho dos demais também.
Além do incremento esperado na produção de celulose para várias destinações, a soja e o algodão (concentrados no Oeste baiano) precisarão de mais eucalipto para secagem, bem como na mineração e siderurgia o uso da madeira para energia em seus processos deverá ser mais intensivo do que já o é (quase 1 tonelada para 1/t de ferro gusa, por exemplo).
Construção civil e pellets também são consumidores tradicionais.
Wilson Andrade, diretor-executivo da Associação Baiana de Florestas Plantadas (Abaf), que fez as avaliações acima, também está otimista com o potencial de geração de emprego e renda ao longo da ferrovia que vai do futuro Porto Sul ao Oeste baiano.
O empresário, que também é presidente do Sindifibras do estado, estima em 800 mil hectares as florestas plantadas atuais, que servem a projetos em celulose especial como da Bracell (com fábrica em Camaçari), Ferbasa (FESA3; minério e siderurgia) e Bramim (mineração), entre outras.
O empreendimento ferroviário vai espalhar mais o interesse para novos plantios para atender o ganho de capacidade que virá, tanto dos projetos já instalados como dos novos que Andrade acredita que virão.
A parte já em andamento do 1º trecho da Fiol, no total de 537 kms, está nas mãos da Valec, de um total orçado em mais de R$ 1,6 bilhão de investimentos. O executivo da Abaf e Sindifibras diz que a VLI Logística (Ferrovia Centro-Atlântica) também tem interesse em disputar os outros trechos com a empresa pública desmembrada da antiga estatal Vale do Rio Doce.
Já o terminal logístico misto na região de Ilhéus será construído pela Bramim, a multinacional cazaquistanesa que opera em Caetité.
O projeto da Fiol é ainda mais ambicioso entre os projetos de infraestrutura em ferrovias de carga no Brasil, ao prever uma terceira etapa rasgando parte do Matopiba fora da Bahia e alcançando o Tocantins.