3 motivos para o BTG não acreditar em uma fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3)
O BTG Pactual (BPAC11), por meio do seu relatório sobre Alimentos & Bebidas, traçou projeções para BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3).
Segundo o banco, apesar de a Marfrig contar com participação de 50,06% na BRF, uma possível fusão entre as duas empresas não deve acontecer em função de três fatores principais. São eles:
- A Marfrig já consolida o resultado financeiro da BRF
- As sinergias operacionais, quando se administra os negócios de carne bovina e de aves/processados, não são claras, e seja lá o que for que pode ser capturado já está sendo capturado agora
- O acionista controlador da Marfrig (Marcos Molina) é atualmente a figura controladora indiscutível de todo o grupo, enquanto em uma fusão sua posição de controle seria provavelmente diluída pela participação econômica na entidade combinada.
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O banco também não acredita na disposição da Marfrig, nem no balanço patrimonial, de comprar os minoritários da BRF. Fora isso, o BTG não descarta eventuais transações entre as duas empresas para ativos específicos, mas, por enquanto, espera que as empresas continuem existindo como entidades separadas.
O dilema para BRF
Segundo o banco, há um descasamento entre o valor e preço das ações da BRF, algo que não era visto desde em 2019, quando o ciclo favorável das aves e o surto de Peste Suína Africana (PSA) na China conduziram a uma forte aceleração das margens e a valorização das ações dissociou-se do que uma rentabilidade mais normalizada sugeriria.
Por muito tempo, na visão do BTG, a estrutura de controle da BRF dificultou uma estratégia de longo prazo mais consistente. Com a Marfrig se tornando seu acionista controlador, isso parece estar melhorando – ou pelo menos parece haver um caminho mais claro sobre o rumo que a BRF está tomando agora.
A capacidade de continuar a perseguir e cumprir isso é fundamental para que a empresa finalmente embarque em um ciclo de valor mais estrutural.
Quanto à Marfrig, a estratégia de longo prazo continua mais difícil de compreender. A aquisição da participação na BRF apenas vai na direção oposta ao foco anterior: desalavancagem e simplificação.
“A falta de visibilidade na alocação de capital num negócio cíclico, ao mesmo tempo que traz um balanço alavancado ao nível da holding, é uma das principais razões para a nossa postura mais cautelosa em relação ao nome”, diz o BTG.
O banco tem recomendação neutra para as duas ações, com preços-alvo de R$ 13 para BRF e R$ 10 para Marfrig.