3 motivos para apostar na manutenção da Selic em 10,50% até meados de 2025, segundo Ativa
Na contramão do mercado, a Ativa Investimentos acredita que o Banco Central (BC) pode apostar na manutenção da taxa básica de juros no patamar de 10,50% até meados de 2025.
“Os fatores que mudaram desde a reunião de julho, quando o BC optou por manter a Selic em 10,50%, intensificaram a perspectiva mais acomodatícia, enquanto os riscos altistas para a inflação já estavam presentes em outros momentos”, dizem na carta mensal macroeconômica.
Três motivos fazem os economistas da casa defenderem essa tese:
- cenário externo mais claro;
- volta da desinflação na inflação corrente; e
- expectativas de inflação estáveis.
Étore Sanchez, Guilherme Sousa e Matheus Alexandre, da Ativa, avaliam que as premissas analisadas e as condições econômicas reforçam a lógica de estabilidade na condução da política monetária.
“Acreditamos que a manutenção da Selic é a decisão mais prudente e coerente, dada a ausência de justificativas convincentes para uma mudança no posicionamento do Banco Central até o momento”, afirmam.
Ambiente externo mais claro
Quando o assunto é o ambiente externo, os diretores o classificavam como adverso na ata do Copom da última reunião, “em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária no diversos países.”
No entanto, Sanchez, Sousa e Alexandre destacam que o direcionamento da política monetária internacional ficou “muito mais claro” desde a última reunião.
“O evento mais marcante da política monetária internacional foi a declaração dovish de Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole. A autoridade aproveitou a oportunidade para sinalizar o início do afrouxamento monetário, deixando a porta aberta para um começo mais agudo por parte do Federal Reserve“, dizem.
Além disso, a menor sincronia entre as políticas monetárias dos países, apontada como motivo de cautela na ata, parece ter sido mitigada.
Alívio no balanço de riscos da inflação
Em relação à inflação corrente, os economistas dizem que o BC considerava que, em alguma medida, o processo desinflacionário havia arrefecido. Entretanto, a prévia da inflação de agosto mostra que ele pode ter se reiniciado.
A Ativa, inclusive, espera deflação já no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechado deste mês, com os núcleos caminhando para baixo. “Avaliamos que a trajetória da inflação corrente é novamente baixista para os próximos meses”, afirmam.
Já para as expectativas de inflação, Sanchez e equipe dizem que as projeções seguem estáveis. O Boletim Focus usado no Copom na reunião passada indicava IPCA de 4% em 2025, porém, no relatório mais recente, as perspectivas migraram para 3,9%.
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Além disso, o balanço de riscos teve uma intensificação dos fatores que contribuem para a desinflação, enquanto aqueles que apontam para mais inflação seguem estáveis. “Nenhum deles é novidade e muitos já estavam presentes desde a época em que o ciclo de afrouxamento monetário estava em curso, como: desancoragem das expectativas de inflação por um período mais prolongado; e maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada.”
“Se as condições altistas já estavam presentes nas últimas reuniões, quando se decidiu pela estabilidade, não há novos motivos que justifiquem uma alta da taxa”, completam.