Economia

3 fatores que podem fazer o Banco Central manter a Selic em 13,75% por mais tempo

15 jun 2023, 14:21 - atualizado em 16 jun 2023, 9:06
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Dirigentes do Banco Central se reúnem na semana que vem para decidir o futuro da Selic; previsão é de manutenção. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Se depender das projeções do mercado, o Banco Central deve começar a cortar a Selic a partir de agosto. No entanto, a autoridade monetária pede paciência no processo de redução da taxa básica de juros, mesmo porque alguns pontos ainda preocupam o BC.

Em entrevista ao Broadcast, por exemplo, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Dias Gomes, defende que o Comitê de Política Monetária (Copom) não deve ter pressa na redução dos juros.

O Copom se reúne na semana que vem, nos dias 20 e 21, para definir o futuro da Selic. “O mercado hoje está precificando em 95% para manutenção dos juros na próxima reunião do Copom, iniciando o ciclo de cortes a partir da reunião de agosto, com queda estimada de 0,25 ponto percentual”, afirma Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors.

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Veja três pontos que pesam no corte da Selic

Inflação

A inflação melhorou ao longo dos últimos meses. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu 0,23% em maio, desacelerando-se em relação à alta de 0,61% apurada em abril.

Com isso, o indicador acumulada alta em 12 meses de +3,94%, de +4,18% no mês anterior e a inflação permanece dentro do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%, pelo terceiro mês consecutivo.

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já destacou que os dados são positivos do ponto de vista de política monetária. No entanto, Lucas Almeida, sócio da AVG Capital, lembra que os núcleos da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, permanecem altos, assim como os preços de serviços.

“Caso os núcleos de inflação permaneçam elevados e dados recentes de atividade econômica acima das expectativas e um mercado de trabalho mais forte”, destaca como fatores que seguram a Selic em 13,75%.

Diesel

Embora a inflação esteja em trajetória de queda, o governo está planejando adiantar parte da reoneração do diesel para bancar o programa de carros populares.

O ministro Fernando Haddad quer adiantar parte da reoneração do combustível, prevista para janeiro do ano que vem, para o mês de setembro. A antecipação permitirá a arrecadação de R$ 3 bilhões, dobro do valor necessário para custear a queda do preço dos carros.

A mudança no preço do combustível não impacta apenas quem abastece o caminhão. Isso porque existe uma “inflação escondida” nos produtos e serviços que leva em conta alguns fatores que compõe os preços, como câmbio e valor dos combustíveis.

“Essa medida pode elevar os preços dos itens básicos e pressionar a inflação. No entanto, o governo aprovou uma medida provisória que estabelece faixas de desconto para veículos populares, o que pode equilibrar os dados de inflação futura. Mas é importante ressaltar que ainda não há dados suficientes para afirmar se esse fator poderá ter um impacto significativo nas decisões futuras da política monetária no Brasil”, afirma Lucas.

Contas públicas

“A apresentação do arcabouço fiscal e aprovação no congresso tirou parte da dúvida sobre o caminho das contas públicas, embora não resolva 100%”, aponta Raphael.

De fato, em sua ata, o Copom já acenou como positiva o plano do Ministério da Fazenda para controle dos gastos. Por outro lado, o texto só passou pela Câmara dos Deputados e está esperando a análise do Senado; ou seja, a proposta original ainda pode passar por mudanças.

Além disso, alguns pontos não agradam os parlamentares. Entre eles, estão as exceções à regra fiscal, o período de cálculo da inflação e a falta de punição caso a meta fiscal não seja cumprida.