3 alertas de Stuhlberger, do Fundo Verde, sobre o “cenário inóspito” dos mercados (e o que fazer agora)
Com a autoridade de quem acumula um retorno de 18.880,21% desde 1997, quando o fundo Verde FIC FIM foi constituído, Luis Stuhlberger acredita que a Bolsa brasileira está precificando um “cenário bastante inóspito”.
“A dinâmica de fluxos, até recentemente bastante favorável, agora sofre com aumento da Selic e má performance recente das empresas que vieram a mercado”, afirma o gestor, na carta mensal aos cotistas do fundo.
O Verde é um fundo multimercado, isto é, não se limite a investir apenas em ações. Seu portfólio é composto por ativos nacionais e estrangeiros, tanto de renda fixa, quanto de renda variável. Em setembro, acumulou uma queda de 0,12%, ante o tombo de mais de 6% do Ibovespa e a alta de 0,44% do CDI. No acumulado do ano, contudo, registra alta de 1,49%, ante 2,51% do CDI.
Reestocagem da economia
Segundo a carta do Verde, “o mundo e os mercados continuam a oscilar à mercê de desequilíbrios múltiplos causados pela reação à pandemia.” A retomada econômica pós-coronavírus é vista com cautela por Stuhlberger.
Primeiro, porque é preciso analisar os números da retomada com cuidado. Para o gestor, “a economia global está vivendo um enorme ciclo de reestocagem, e provavelmente o crescimento em várias indústrias parece maior do que de fato é, exacerbando os efeitos no preço de muitos bens (e ativos) e dificultando a projeção para a frente.”
Segundo, porque os bancos centrais dos EUA e dos principais países europeus mantêm-se determinados em reduzir os estímulos à economia concedidos no pior momento da pandemia.
“No mercado de juros nos EUA e Europa ainda acreditamos que a direção de taxas é para cima, mas reduzimos um pouco as posições. Há que se ter cuidado para não exagerar na dose pensando em 2022”, afirma a carta do Verde.
Visão imediatista
O terceiro motivo de cautela é a atuação do Banco Central brasileiro, considerada imediatista pelo gestor. Ao se referir ao mercado local de juros reais, Stuhlberger afirma que “as curvas (e o Banco Central) estão muito focadas na inflação corrente, ignorando uma provável desaceleração econômica em curso, fruto da perda de renda real do consumidor, ainda antes do efeito completo da alta de juros tenha sido sentido.”
Nessa conjuntura, o gestor vem promovendo ajustes no portfólio. O Fundo Verde reduziu um pouco a exposição ao mercado de juros dos EUA e da Europa. Ao mesmo tempo, está aumentando, “gradativamente”, a alocação no mercado brasileiro de juros reais.
Por fim, está analisando com lupa o mercado de ações. “Acreditamos que uma série de boas empresas estão negociando a valores bastante interessantes, e temos, seletivamente e com disciplina, aumentado posição neste mercado.”