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3 ações da bolsa com cerca de 10% de exposição à Argentina; papéis correm risco?

19 nov 2023, 11:25 - atualizado em 19 nov 2023, 14:54
Bolsa de Valores
Nem Massa, nem Milei, no entanto, possuem apoio forte (Imagem: Montagem Money Times)

Eleitores argentinos vão às urnas neste domingo para definir o seu novo presidente. Sergio Massa venceu o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina com o ultraliberal Javier Milei. Apesar disso, pesquisas indicam que Milei possui grande chance de ganhar.

Nem Massa, nem Milei, no entanto, possuem apoio forte. Massa obteve 37% no primeiro turno, em outubro, enquanto Milei levou 30%, embora tenha conquistado o apoio de um importante bloco conservador para o segundo turno, o que poderia levá-lo à vitória se isso se traduzir em votos.

Seja quem for eleito, pegará uma economia com graves problemas. Mergulhado em uma crise de hiperinflação, dois quintos das pessoas na Argentina vivem na pobreza, enquanto o país está a beira de uma recessão.

Os economistas atribuem a alta descontrolada de preços à impressão de dinheiro e à falta de confiança no peso local. No último ano, a inflação atingiu seu nível mais alto desde 1991.

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Como isso afeta as empresas do Brasil?

A Argentina é o terceiro maior destino das exportações brasileiras, apenas atrás da China e dos Estados Unidos. Apesar disso, o país representa 4% da pauta exportadora do Brasil. A China, por exemplo, possui 30%, lembra Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.

“Olhando para o Brasil, podemos ter problemas, mas as empresas brasileiras não vão quebrar por causa dessa situação, longe disso”, explica Boragini.

Ele recorda que a relação do Brasil com o país é comercial, principalmente entre estados, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “São produtos agropecuários, mas não é nada muito relevante. Até porque a maioria das empresas que exportam para a Argentina não são listadas”, explica.

O analista independente Ricardo Schweitzer lembra, porém, que além da retração da demanda doméstica em função do ambiente hiperinflacionário, existe uma dificuldade adicional relacionada à contabilização de resultados: faltam normas contábeis que, em contextos de hiperinflação, seja feito em moeda forte (dólar, por exemplo).

“No caso argentino, não somente temos diversas taxas de câmbio como, para piorar, existem barreiras à conversibilidade das divisas. Tudo considerado, a maioria das empresas com operações no país têm apresentado, sobre aquelas operações, resultados operacionais fracos e resultados financeiro tenebroso”, coloca.

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Quais ações da bolsa são mais prejudicadas

Entre as ações listadas pelos analistas, três possuem suas receitas com cerca de 10% na Argentina: Ambev (ABEV3), com 8% a 9%, CVC  (CVCB3), que tem uma exposição de 15% a 16%, e a Minerva (BEEF3), com impacto de 10%. Outras empresas incluem Usiminas (USIM5), com 5% das receitas, e Marcopolo (POMO4), com 8%.

Para Boragini, os resultados da Ambev no terceiro trimestre já mostraram que a crise na economia do vizinho não afeta os resultados da fabricante.

Contudo, a CVC pode ter maiores impactos, já que a operadora de turismo passa por uma reestruturação. “A empresa vem sofrendo por conta de uma alta alavancagem, resultados a abaixo do esperado e ainda carrega o problema da Covid”, coloca Boragini.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, cita ainda como exemplo as companhias alimentícias que exportam produtos para a região, como JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3). “Elas enfrentam desafios devido à possível redução na demanda e flutuações cambiais”, coloca.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, diz que apesar do fraco desempenho em relação às exportações dessas empresas para a Argentina, a economia brasileira está dando conta do recado.

“Devemos lembrar que essas empresas têm presença em diversos países, o que ajuda na diversificação geográfica de suas receitas. Talvez a Minerva sofra um pouco mais, por ser muito concentrada aqui na América Latina, logo a Argentina é um mercado muito importante para a empresa”, completa.

Por outro lado, Schweitzer explica que a maioria das empresas que opera no país está bastante acostumada com as vicissitudes do país, de forma que dificilmente essa situação deveria constituir uma preocupação central dos investidores.

“Felizmente, na maioria dos casos a exposição à Argentina é relativamente pequena quando comparada aos dados consolidados das empresas. Nesse contexto, as tribulações dos hermanos são incômodas às companhias, mas dificilmente determinantes para seus resultados”, coloca.

Fernandes coloca que os investidores, diante dessa situação, deve olhar além do impacto.

“Não temos na nossa bolsa uma dependência 100% da Argentina, o investidor deve olhar seus resultados, se o negócio ainda é rentável, se a empresa está conseguindo enfrentar esse desempenho fraco, e o que ela está fazendo para mitigar esse impacto em suas respectivas operações”, completa.

Com informações da Reuters