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2,9 milhões: Demissões voluntárias no Brasil crescem mais de 30% entre janeiro e maio

11 ago 2022, 12:10 - atualizado em 26 ago 2022, 9:52
Demissão brasil
Os profissionais mais jovens possuem maior propensão a deixar o emprego por conta própria (Imagem: Magnet.me/Unsplash)

Fenômeno conhecido por “The Great Resignation” (ou a grande renúncia, em português) ocorre em momento de alta taxa de desemprego no Brasil e soma, de janeiro a maio de 2022, 2,9 milhões de demissões voluntárias em todo o país.

De acordo com a nota técnica “A ‘Great Resignation’ chegou ao Brasil? Uma radiografia dos desligamentos voluntários no país”, produzida pela gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), isso significa que, do total de contratos de trabalho encerrados em 2022, um em cada três aconteceram por iniciativa do próprio trabalhador.

Na comparação com igual período do ano passado, houve um crescimento de 35,2% no volume de desligamentos por iniciativa do funcionário.

Para avaliar o impacto do fenômeno no Brasil, a Firjan revisitou os dados do Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados -, do Ministério do Trabalho e Previdência.

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A grande renúncia: desafios e mudanças

Conhecida como a grande renúncia, o fenômeno mundial ganhou relevância a partir da pandemia de Covid-19, com a escassez de insumos para produção, paralisação das atividades, altas taxas de desemprego e a introdução e difusão do trabalho remoto (home office).

Nos cinco primeiros meses de 2022, o salário médio de contratação foi de R$4.935, uma valorização real de 6,0% em relação ao acumulado de janeiro a maio de 2021.

Para efeitos de comparação, o salário de admissão do trabalhador brasileiro médio no mesmo período foi de R$ 1.924, uma redução de 4,3% frente ao mesmo período do ano passado, já descontados os efeitos da inflação medida pelo INPC/IBGE.

Segundo o economista Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, as mudanças nas relações de trabalho aceleradas pela pandemia e pela transformação digital nas empresas, introduziram novas regras.

“A preferência por novas modalidades de trabalho, a globalização do mercado de trabalho – com a possibilidade de profissionais brasileiros atuarem em empresas estrangeiras sem sair do país – e um desejo crescente por maior equilíbrio entre trabalho e a qualidade de vida são algumas delas”, avalia Goulart.

Apesar de recente, o fenômeno traz novos desafios para o setor produtivo no que se refere à captação e retenção de talentos nas empresas.

O aumento dos pedidos de demissão por iniciativa do trabalhador pode afetar o planejamento das empresas, que precisam não apenas repor uma vaga, mas também treinar um novo funcionário e aguardar que ele atinja toda a sua maturidade produtiva.

Os que mais renunciaram

Conforme os dados analisados do Caged, as profissões da área de Tecnologia da Informação se destacam com maior proporção de pedidos de desligamento nos primeiros cinco meses do ano.

Seis das dez ocupações no topo do ranking são dessa área: engenheiro de aplicativos em computação, analista de desenvolvimento de sistemas, administrador em segurança da informação, programador de sistema de informação, engenheiro de sistemas operacionais em computação e gerente de projetos de tecnologia da informação.

Ainda de acordo com o levantamento, profissionais com mais anos de estudo apresentam níveis mais altos de demissão por conta própria.

Quase metade dos desligamentos de trabalhadores de nível superior foram voluntárias (48,2%), em contraste com apenas uma em cada quatro (25,4%) entre os menos escolarizados, que nem chegaram a concluir o ensino fundamental.

As demissões voluntárias e o desemprego

Entre os empregados do sexo masculino, que são maioria no mercado de trabalho formal, responderam por 57,3% do número total de pedidos de demissão no começo de 2022, enquanto o sexo feminino representou 42,7%.

Entretanto, quando analisada a proporção sobre o total de desligamentos, as mulheres mais escolarizadas pediram demissão em 37,6% das situações de encerramento de contrato, enquanto os homens esse percentual foi de 30,6%.

Os profissionais mais jovens possuem maior propensão a deixar o emprego por conta própria quando comparados com os mais velhos: 39,4% de jovens até 17 anos; entre 18 e 24 anos, 38,5%; e entre 25 a 29 anos, 36%; e apenas 23,5% entre 50 e 64 anos.

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