Governo Federal

250 dias de governo: 2 medidas econômicas que Lula sugeriu adotar, mas que ficaram pelo caminho

11 set 2023, 20:10 - atualizado em 11 set 2023, 20:11
Moura Dubeux Mood prédio construção civil incorporadora Lula
Lula sugeriu medidas para beneficiar a classe média e retomar programa que foi sucesso no fim dos anos 2000 (Foto: Moura Dubeux/Divulgação)

Luiz Inácio Lula da Silva completou na sexta-feira (08) 250 dias a frente da presidência da República. Velho conhecido do brasileiro, Lula voltou ao terceiro mandato como presidente com a missão de destravar a economia do país, fortemente afetada pela pandemia de covid-19.

Para isso, o petista ‘ressuscitou’ algumas medidas que fizeram sucesso em seus governos anteriores, entre 2003 e 2010, turbinando o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e dando descontos entre R$ 2 mil e R$ 8 mil nos preços de veículos considerados populares.

Contudo, meses atrás, o presidente da República comentou sobre duas medidas econômicas que poderiam ser lançadas em seu governo. Porém, elas se perderam pelo caminho.

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Lula sugeriu Minha Casa, Minha Vida para classe média

Conquistar a classe média é uma das tarefas de Lula. Além de deixar a compra de carros um pouco mais barata, o presidente comentou que essa faixa de renda poderia ser atendida pelo programa habitacional. A ideia agrada construtoras e incorporadoras do segmento de médio/alto padrão.

O CEO da Moura Dubeux (MDNE3), Diego Villar, vê com bons olhos a ideia do MCMV atender famílias com renda acima de R$ 8 mil, com expectativa de financiar imóveis entre R$ 350 mil e R$ 500 mil, enquanto o diretor financeiro e de relações com investidores da Eztec (EZTC3), Emílio Fugazza, diz que novas faixas “não poderiam agradar mais”.

“A gente não faz ideia de como seriam as condições. A classe média é uma parte da pirâmide muito grande em São Paulo e na região metropolitana. Essa população, quando vai comprar imóveis, não tem benefícios”, comenta Fugazza.

Por outro lado, Villar acredita que, caso o programa adotasse faixas para famílias de média renda, o governo talvez mudasse o nome.

“Eu não acho que iria se chamar Minha Casa, Minha Vida. Porque o cliente que compra o imóvel pode até querer subsídio do governo. Porém, ele não quer dizer que comprou do programa, que é voltado para a classe C”, comenta.

O executivo da Moura Dubeux, incorporadora de médio/alto padrão, acrescenta que o formato para atender a classe média também não teria as mesmas proporções do atual modelo do programa, no qual financia imóveis de até R$ 350 mil para famílias com renda mensal de até R$ 8 mil.

“Acho que ele não teria o mesmo ‘funding’, já que o MCMV é sustentado pelo FGTS“, avalia o executivo. Ele destaca que a Moura Dubeux passaria a fazer parte do programa habitacional para atender clientes da sua marca destinada a essas famílias, a Mood.

Fugazza, da Eztec – que também atua no segmento de média/alta renda -, ressalta que abrir espaço para famílias de classe média no Minha Casa, Minha Vida seria um grande impulsionador para indústria de construção civil.

“Esse programa colocaria para dentro milhões de pessoas, falando em São Paulo. Pensando em outras cidades, você colocaria metade da população se, por exemplo, colocasse um imóvel de R$ 400 mil no programa. Isso tem um potencial de transformar e até dobrar o PIB [Produto Interno Bruto] do setor em um período curto de tempo”, analisa.

Entretanto, o executivo da Eztec pondera que seria preciso saber as condições que o programa habitacional teria.

Descontos para a ‘linha branca’, sucesso no Lula 2

Em julho, após os descontos concedidos para carros populares, medida que lembrou a bem-sucedida redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no fim dos anos 2000, Lula brincou sobre a possibilidade de reeditar o programa de barateamento de eletrodomésticos, a chamada linha branca.

Desta forma, haveria descontos por tempo determinado nos preços para a compra de produtos como geladeira, fogão e máquina de lavar roupa. O que beneficiaria varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3). A medida também deu certo no segundo mandato do petista.

Lula chegou a comentar que teria conversas com a equipe econômica sobre o assunto. Porém, dois meses depois, o governo federal não falou mais sobre a medida econômica que deixaria a linha branca mais barata.