Crédito imobiliário deve recuar em 2025, diz Abecip
O mercado de crédito imobiliário teve um bom desempenho em 2024: até outubro, foram concedidos R$ 160 bilhões pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), superando os números de 2023 e chegando perto dos de 2022, o segundo maior da história. Para o próximo ano, porém, o cenário pode ser diferente. Segundo Sandro Gamba, presidente da Abecip, o mercado de crédito imobiliário pode enfrentar uma retração.
“O crédito imobiliário do ano que vem deverá ser menor que este ano. Primeiro porque este ano foi muito positivo, mas a outra razão é o custo do funding [captação]”, apontou Gamba durante o evento Summit Imobiliário, nesta quinta-feira (28).
Segundo o presidente da Abecip, os financiamentos dependiam principalmente da poupança, que era menos afetada pelos juros. Agora, com a maior participação do mercado de capitais, o custo de captação está mais ligado às taxas de juros, o que aumenta o preço do crédito. “Agora, a dinâmica é diferente,” explica Gamba.
Para ele, o mercado de crédito imobiliário terá duas alternativas: reduzir a concessão de crédito ou elevar as taxas de financiamento para compensar o aumento nos custos de captação.
Já ciente dos desafios, a Caixa Econômica Federal alterou recentemente suas regras, exigindo uma entrada maior nos financiamentos para evitar exceder o orçamento projetado para 2024. Este ano, o banco já concedeu R$ 175 bilhões em crédito imobiliário até setembro, um aumento de 28,6% em relação a 2023.
Para o próximo ano, Inês Magalhães, vice-presidente de habitação da Caixa, afirmou que a instituição buscará manter os níveis de investimento de 2024. Contudo, ela apontou que as mudanças nas LCIs afetaram a captação e o funding, tornando necessário estudar medidas para mitigar esse impacto, como a redução do depósito compulsório e a retomada de prazos menores para as LCIs.
Para 2025, a vice-presidente de habitação da Caixa, Inês Magalhães, que também estava presente no evento, falou sobre manter os esforços para manter os investimentos da instituição no mesmo patamar de 2024.
“Temos um estoque de poupança bastante relevante, mas fomos muito impactados também pelas mudanças feitas na LCI, que diminuíram a nossa captação e trará um impacto para o funding no ano que vem. Mas os nossos esforços são de manter os mesmos níveis”, disse Magalhães.
Prioridade na agenda para amenizar as questões sobre o funding
Algumas medidas já estão sendo estudadas para que a questão do esgotamento dos recursos não seja um limitador para o próprio setor imobiliário. Entre elas, Magalhães cita a redução do depósito compulsório que os bancos são obrigados a realizar.
Na avaliação da Caixa, o Banco Central deveria diminuir a taxa em pelo menos 5 pontos percentuais — o que significa reduzir dos atuais 20% para 15% — para que, desta forma, o setor pudesse ter mais R$ 40 bilhões de recursos.
Outro ponto levantado pela executiva seria também o retorno do prazo da LCI para os três meses, já que este é um recurso muito utilizado para o financiamento habitacional e hoje, após as mudanças feitas no início do ano, ficou limitado.
Magalhães também defende medidas de estímulo à participação de fundos de pensão no segmento.
“Outras discussões importantes são a de trazer o investidor institucional para a habitação com os fundos de pensão e, para isso, precisamos criar um papel mais aderente ao apetite dessas instituições”, explica ela.