MRV (MRVE3): 2024 será ano de colheita, diz Rafael Menin; e os dividendos?
No começo de fevereiro deste ano, após a divulgação dos resultados operacionais do quarto trimestre de 2022 e o consolidado do ano com números mais deteriorados, a MRV&Co (MRVE3) convocou analistas e investidores para apresentar uma saída.
A construtora e incorporadora apresentou números para o período de 2023 a 2025, prevendo retorno sobre o investimento (ROI) de R$ 6,6 bilhões a R$ 7,2 bilhões, além de margem bruta de 22 a 24%.
À época, antes do governo Lula anunciar mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), a companhia projetava vender 40 mil unidades.
Além disso, até 2025, a MRV&Co estimou lucro líquido de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,6 bilhão. Enquanto o indicador que mais preocupava o mercado e a empresa naquele momento, a alavancagem, seria reduzida para um intervalo entre 19,3% e 28,5%, segundo as projeções.
O que mudou desde o “MRV Day”?
Em entrevista exclusiva ao Money Times, concedida no começo deste mês, o CEO da MRV&Co, Rafael Menin, avalia que a companhia fez a lição de casa e cumprirá praticamente as estimativas de todos os principais indicadores apresentados no “MRV Day”.
“Alguns um pouco acima. Vendas um pouquinho acima, preço de venda um pouquinho acima, a margem de novas vendas deve ficar um pouco acima do planejado. Estamos ganhando eficiência operacional, com uma dinâmica mais eficiente que em anos anteriores”, comenta.
Em contrapartida, a atual “pedra no sapato” da companhia deve ficar um pouco abaixo, a geração de caixa anual, mesmo que ela venha reduzindo a queima trimestre a trimestre.
“A geração do terceiro trimestre foi melhor do que a registrada no segundo, que foi melhor que no primeiro [trimestre]. Também melhor do que a vista no quarto trimestre de 2022. E a geração do quarto trimestre de 2023 vai ser melhor. Vemos números melhores, mas não deveremos chegar ao estimado no MRV Day”, diz.
O executivo adianta que fará o mesmo evento no começo do próximo ano e a expectativa é, no mínimo, reafirmar os números projetados para 2024 e 2025.
“Ou, eventualmente, a gente apresente algo um pouquinho melhor do que a previsão feita no começo deste ano”, ressalta, adiantando que a empresa deve apresentar dados melhores.
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2024 será ano de colheita da MRV
Com o conhecimento de números operacionais até novembro, Menin acredita que 2024 será o ano em que a MRV vai colher os números que plantou em 2023, marcado por uma “virada operacional”.
“Estou muito otimista. Tenho convicção que o que tinha que fazer foi feito. Em breve, vamos entregar indicadores bem acima da média do setor”, destaca.
Parte desse otimismo vem também da oportunidade de mais aumentos de preço da unidade vendida, uma vez que a companhia vê espaço para novos ajustes nos valores dos imóveis no ano que vem. O indicador tem corroborado para a melhora da rentabilidade da companhia.
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Vai ter dividendos?
Há algum tempo, a MRV não faz a alegria de acionistas com o pagamento de dividendos. O executivo reforça que, com os efeitos da companhia de covid-19, a companhia vem pagando o mínimo obrigatório, que é de 25%.
“Em 2022, como a rentabilidade foi menor, não houve pagamento de dividendos”, diz.
A última distribuição de dividendos (ordinários) pela MRV foi no ano passado, referente ao exercício de 2021. A companhia repassou aos investidores R$ 95,5 milhões. O montante foi bem abaixo dos quase R$ 310 milhões distribuídos no ano anterior.
Contudo, Menin lembra que, entre 2013 e 2019, a companhia pagou dividendos de 60% a 70% do lucro.
“A gente foi uma bela pagadora de dividendos por muito tempo. No momento atual, com um balanço um pouco menos robusto, a gente ficou mais restrito. O que a gente espera ao longo do tempo é voltar a ter uma alavancagem muito pequenininha e aí, voltar a ser uma grande pagadora de dividendos”, estima.